Jogadores santistas comemoram gol de Ricardo Oliveira no clássico (Foto: reprodução Goal.com) |
Resolvi assistir Santos e Corinthians em um sábado a tarde. Sábado último, onde os meninos da Vila™ encerraram um jejum de jogos sem vitória que incomodava bastante. Incomodava tanto quanto ver Gabriel jogando deslocado ou Geuvanio ser cobrado por arriscar. O que eu vi do jogo, de fato? Vi um Corinthians feio, amarrado, porém competitivo. No Santos, vi Longuine. Que atuação fantástica do meio campista. Sim, meio campista. Volante e meia são coisas que se findam a cada giro do ponteiro que nos dá as horas.
A expulsão não pode esconder a atuação de gala do jogador ex-Audax. Seu desconserto em correr atrás de adversários para evitar jogadas de criação pode ser trabalhado, melhorado, adaptado. A verdade é que a mudança de posicionamento e características do jogadores de meio campo desentortou um pouco o Santos que cambaleava. Mas as coisas ainda precisam melhorar mais. Sim, é possível. Há vida no Santos. É só saber enxergar.
Não sou acompanhante assíduo do time. Vejo o suficiente para analisar, saber do que falo. Acredito que no último sábado presenciamos uma das partidas mais coletivas do alvinegro praiano. No Paulista, um time individualista, com pontas, um meio campista central de alta qualidade e um centroavante velho. Aliás, esse texto merece ter um paragrafo sobre Ricardo Oliveira, um dos melhores centroavantes que eu, dentro da minha limitada experiência com futebol, pude acompanhar.
Ainda no jogo santista, me inconformou ver Gabriel jogar aberto pelo lado esquerdo. Mais uma vez, como em algum momento da temporada passada, Gabriel paga pela falta de tato dos treinadores do Peixe. É covardia. Convenhamos, o que acontece com Gabriel na Vila é de uma covardia sem tamanho. Não dá, incomoda. O moleque claramente não rende e não se sente bem jogando pelas beiradas. Gabriel gosta do meio, vindo de trás ou sendo o cara mais adiante. Barbosa não pode ser tão subaproveitado assim, ser exposto ao ódio gratuito e injusto.
É fácil perceber que a equipe do Santos é mal treinada, apesar de não culpar Marcelo Fernandes ou Serginho Chulapa por isso. Eles não têm culpa. Assumiram algo que lhes deram. Não prometeram nada além do feijão com arroz. Diferente do que se espalha dia a dia na mídia, o Santos não depende de Robinho. Nem de Lucas Lima. O Santos depende dele, e de alguém com visão de jogo. Precisa de um bom treinador.
Lucas Lima é excelente. Não acho que seja acima da média, mas inegavelmente é superior ao nível que nos acostumamos em terras brasileiras. Lima não precisa ficar no Santos, mas aparentemente quer, e quem somos nós para ir contra a vontade do cara? Deixa ficar. Deixa jogar. Deixa crescer. Só não deixem que ele seja imprescindível.
E no Santos, digo, não é. Não deveria. O jogo de sábado precisa ficar gravado na mente do santista, pois só ele é capaz de lutar para que a equipe tenha um time competitivo, dentro da realidade, sem amarras e independente de nomes. Só ele se importa. Sem Gabriel na ponta, sem Marquinhos Gabriel centralizado. Com Lucas Otávio em campo e não fora dele. Com Geuvanio sem pressão para errar, com laterais como Daniel Guedes e não Mena como outrora. Mena. Minha nossa. Deve dar calafrio em vocês, hein? Em mim dá! Jesus!
Mas ainda estou devendo. Devo palavras sobre um certo camisa nove. O velhinho, pastor, professor. Se alguém um dia quiser ou precisar ter aulas com um centroavante, procure Ricardo Oliveira. Artilheiro do Paulista e Brasileiro aos trinta e tantos anos. Capitaneando um time promissor, sendo referência no ataque e na vida desses moleques santistas. É preciso respeitar Ricardo Oliveira. É precisa respeitar um legítimo camisa nove. É preciso desentortar esse Santos que tropeça nele mesmo. Talvez seja preciso apenas um bom treinador para desentortar o Santos por completo.
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