Com o título indo cada vez mais para o leste europeu, mais difícil fica a pronúncia dos times que o conquistam. Na tarde de hoje, foi a vez do Viktoria Plzeň, da República Tcheca, vencer o Shakhtar Donetsk pelas 16as-de-final da UEFA Europa League e ser o novo campeão mundial de 2014.
Depois de ganhar o título vencendo o Zenit em um amistoso realizado no dia 30/01, o Shakhtar havia ganho 6 partidas e empatado uma. Tá certo que foram 6 amistosos (a única partida que valeu foi a ida contra o Viktoria, fora de casa, quando empatou por 1x1) mas até que os ucranianos seguraram bem a conquista.
Mas nada dura para sempre. Hoje, na Donbass Arena, em Donetsk, tudo que os fãs queriam era ver uma vitória e uma classificação para esquecer um pouco a terrível situação política que vive a Ucrânia há algum tempo. E nem isso aconteceu. Em 4 minutos, dos 29' aos 31' do primeiro tempo, as esperanças ucranianas desmoronaram: Kolár (não era bijuteria pelo visto) e Petrzela fizeram 2x0. O Shakhtar precisava virar - o máximo que conseguiu foi descontar, já aos 88', com gol do brasileiro Luiz Adriano.
O FC Viktoria Plzeň (sim, com esse acento circunflexo de ponta-cabeça no 'n') é um clube centenário mas que não tinha muita tradição até a segunda década do século XXI (mais conhecida como década atual). Antes de meados de 2010, as maiores conquistas do clube fundado na cidade de Plzeň (se pronuncia 'Pilzen' ou algo parecido) em 1911 foram ter sobrevivido às guerras e às transições entre Tchecoslováquia e República Tcheca, ter um estádio próprio - a Struncovy Arena tem capacidade para 11.700 pessoas -, ter ganho uma Copa da Tchecoslováquia na temporada 1970-71 e ter passado por 7 (isso mesmo, sete) mudanças de nome. O último e definitivo só surgiu em 1993.
Os simpáticos apelidos do Plzeň são 'Vik' e 'Viktorka' (esse muito mais difícil que o nome original). O time vermelho e azul tem como um de seus maiores ícones um brasileiro: Paulo Rodrigues da Silva, ou somente Silva, chegou no clube em 2007 vindo do futebol do Pará. Mas ele é conhecido porque era bom e fez sucesso, né? Não, na verdade não. O atleta tupiniquim saiu de lá já em 2009, indo para o Pribom, do mesmo país. Em 2012, Paulo faleceu ao bater numa árvore e partir seu carro no meio em um acidente na cidade de Bohutín, e acabou sendo homenageado no país inteiro e tendo seu nome marcado na história do Plzeň.
Mas como um time desses, sem tantas glórias, pode ser considerado hoje o melhor representante de sua nação na Europa? A resposta começa no ano de 2010. Nele, o Vik foi campeão da Copa da Rep. Tcheca, ganhando pela segunda vez o direito de disputar a Europa League. Na primeira, em 1971, tinha sido humilhado pelo Bayern. Dessa vez, 40 anos depois, perdeu para o Besiktas no 3º round de qualificação. Mas tudo bem; ainda em 2011, o Plzeň seria pela primeira vez campeão da Gambrinus Liga - mais conhecida como Liga Tcheca, Campeonato Tcheco ou, ainda, Tchecão. Isso significa uma vaga na UEFA Champions League - que, em terra de tcheco, é título-extra.
O Viktoria caiu no grupo de Barcelona e Milan; nada mal para um estreante. Mas conseguiu fazer 5 pontos, o suficiente para bater o BATE Borisov e ir para a UEL. Porém, na "segunda divisão da Europa", saiu logo para o Schalke. No Tchecão, chegou em 3º, indo novamente para a UEL. Até eliminou o Napoli, mas caiu para o Fernebahçe nas 16as-de-final.
Em 2012-13, o Vik voltou a ser campeão tcheco. De novo, lá vão os aventureiros para a UCL. Passaram por Zeljeznicar Sarajevo, Nomme Kalju e Mirabor antes de chegar no grupo com Bayern, City e CSKA Moscow. De fato, a sorte não acompanha os tchecos na maior competição de clubes no mundo. O Viktoria apanhou bastante, porém, sempre sendo guerreiros, conseguiu (não se sabe como) a 3ª colocação que deu a vaga para as fases finais da Europa League.
Foi assim que chegou no confronto contra o Shakhtar e, se classificando para as oitavas, o Plzeň vira o maior azarão da competição. Alguns já consideram o maior resultado da história do clube tcheco. Fica a torcida pelos simpáticos viktorkenses e que eles consigam cada vez mais resultados expressivos.
A próxima defesa de título? Contra o Znojmo, no dia 2 de março, pela Gambrinus.
Diogo Magri
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