O 'craque' de Ataíde Gil Guerreiro


Entre expulsões e gols importantes, Michel divide opiniões na torcida tricolor (Foto: trivela.com)



Quem não se lembra daquela noite tensa do dia 12 de agosto? Estávamos prestes a ir dormir quando o vice de futebol do São Paulo, Ataíde Gil Guerreiro, anunciou à imprensa que estava fechando a contratação de um craque vindo do futebol europeu. Algo que, diga-se de passagem, ele nunca devia ter dito. As especulações nas redes sociais foram inúmeras, com nomes variando entre Lucas (!) e Rodrigo Moledo (!!!). Nem Lionel Messi e Cristiano Ronaldo devem ter escapado das esperanças do mais otimista dos torcedores.

Após algumas horas de especulações, surgiu outra dica: o jogador tinha passagem pela seleção brasileira e procurava voltar à mesma. Houve um consenso de que havia três possibilidades: os volantes Felipe Melo e Fernando (ex-Grêmio) e o próprio Michel. A torcida animava-se com os dois primeiros pelo simples fato de serem volantes, muito por culpa das 'excelentes' atuações de Maicon. Enfim, veio o anúncio oficial e grande parte dos são paulinos se desapontou.

Não. Michel Bastos não é craque. Nem ele, nem Felipe Melo, nem Fernando. Nenhum jogador ao alcance da diretoria são paulina como negócio de última hora seria craque. Portanto, o erro de Ataíde foi enorme ao rotular desta forma o jogador que vinha da Roma, iludindo a torcida e colocando sobre Michel uma enorme pressão. Se o dirigente não houvesse dito nada a respeito da qualidade da contratação que estava prestes a ocorrer, provavelmente a aprovação do negócio teria sido muito maior.

Reclamações e protestos à parte, o jogador assinou e assumiu a camisa 7. Suas atuações como lateral-esquerdo na Copa de 2010 não traziam boas lembranças a nenhum brasileiro, sobretudo pela baixa capacidade de marcação que apresentara. Dizia-se, porém, que Michel seria utilizado no meio-campo. Mas por que o São Paulo estaria pagando altos salários a um atleta que atuaria na mesma posição de Ganso e Kaká, sendo que provavelmente não haveria lugar para os três simultaneamente? Muitas coisas estavam mal explicadas.

O jogador teve pouco tempo para se preparar e já estreou na vitória sobre o Internacional por 1x0 no Brasileirão, entrando no segundo tempo. Nos jogos seguintes, causou boa impressão e chegou a dar uma assistência. O rótulo de 'craque' não estava sendo - e jamais seria - justificado, mas tudo indicava que ele seria útil ao time. No seu quinto jogo, porém, Michel foi expulso após agredir um jogador do Figueirense fora do campo e comprometeu muito a boa impressão que havia deixado. Os torcedores estavam traumatizados com Denilson, que também retornava do futebol europeu em 2011 e fora expulso em torno de 239 vezes após sua volta.

Deste episódio em diante, Michel Bastos oscilou muito e provocou divergências nas opiniões dos são paulinos. O camisa 7 foi importante em alguns jogos, sobretudo ao marcar o gol da vitória por 1x0 contra o Huachipato quando tínhamos um jogador a menos (pasmem: Luís Fabiano), mas voltou a ser expulso e comprometeu a marcação quando atuou na lateral. Muricy parece ter colocado em segundo plano a ideia de usá-lo na linha defensiva - pelo menos espero que o tenha feito - e chegou até a posicioná-lo como volante em alguns momentos. Por mais que o jogador cometa falhas em determinadas posições, sua polivalência merece destaque e é uma de suas principais armas.

As recorrentes ausências de Kaká e Ganso, fossem por cansaço, convocações ou suspensões, reforçaram a ideia de que é essencial ter um bom elenco no futebol brasileiro - sobretudo por conta do péssimo calendário - e acabaram por mostrar que a contratação de Michel não fora um erro. Ele e Boschilia são capazes de substituir os meias titulares com qualidade, ainda que o jovem não receba chances com frequência. Além disso, é muito provável que Kaká deixe o São Paulo ao final do ano. Isso aumentaria a importância do camisa 7, que pode não ser o titular ideal mas representa uma boa opção para o elenco do ano que vem.

A utilidade de Michel Bastos ao São Paulo parece ser unânime, ao contrário do que se pensava em sua chegada. A discussão fica por conta do custo-benefício: o atleta recebe 200 mil reais mensais e não é titular absoluto. Há uma data FIFA em novembro que pode dar a ele novas chances de ser decisivo e provar que sua contratação foi acertada. Esperamos que Dunga continue sem perceber a ótima fase de Ganso e não convoque nenhum dos nossos jogadores, mas, se o fizer, Michel é uma peça importante na reposição e não apenas no meio-campo. Ataíde Gil Guerreiro errou, mas acertou.


Até a próxima, ceonzeiros! Continuem curtindo e seguindo o C11 - São Paulo!
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Autor: Victor Castro

Apaixonado por futebol acima de tudo, são paulino fanático desde criança, estudante de engenharia na Poli-USP e fã de Iron Maiden. Escrevo no C11.
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