No clássico que marcou as quartas-de-final da Pohar CMFS (ou Copa da República Tcheca, se preferir), o Dukla venceu o Sparta em casa e, além de sair na frente por uma vaga na semi, se tornou o novo campeão mundial de 2014.
No próximo dia 2, as duas equipes voltam a se enfrentar no jogo de volta, dessa vez na casa do ex-dono do título. Tendo, então, que fazer o resultado nas suas dependências, o Dukla não poupou esforços: fez 2-0 com Mares e Pospech, esse último de pênalti aos 20 da segunda etapa. Ainda aos 35, o Sparta conseguiu diminuir, com Krejci - um gol fundamental para os visitantes, mas que não os fez segurar o Mundial.
O Dukla Praga (Dukla Praha, em tcheco), foi fundado em 1948, dissolvido em 1996 e re-fundado em 2001. É tido como um clube lendário da extinta Tchecoslováquia (o nome Dukla vem até de uma vila da região que sobreviveu a uma invasão nazista durante a 2ª Guerra Mundial), quando tinha o apelido de "o supercampeão mais odiado da história". Também tem o crédito de ter sido o time tchecoslovaco a jogar mais vezes por competições europeias entre 1955 e 1991, enquanto hoje briga para voltar entre os grandes do novo país. Na sua história antiga, tem 19 títulos tchecoslovacos: 11 copas e 8 nacionais; surpreendentemente, sua história se cruza 3 vezes com o Brasil.
A primeira foi na final da Copa de 1962, no Chile. Sim, isso mesmo, na Copa do Mundo. Na oportunidade, o Brasil, comandado por Garrincha e cia, foi bicampeão mundial vencendo a Tchecoslováquia por 3x1. O gol tchecoslovaco foi de Josef Masopust, que seria eleito o melhor jogador europeu mais tarde naquele ano e atuava pelo Dukla Praga.
A segunda também foi no ano de 1962. Havia uma competição com cara de amistoso realizada em Nova York, nos EUA, que reunia times da Europa, América do Sul, Ásia, Canadá e México - a tal American Challenge Cup. Neste ano, a final foi entre Dukla e América do Rio de Janeiro. Os tchecoslovacos, tetracampeões da competição disputada entre 1960-65, venceram o jogo decisivo por 2-1.
Pensando que é pouca coisa? O primeiro campeão desse torneio, em 1960, foi o Bangu, do Rio. O melhor jogador eleito foi um tal de Ademir da Guia. No ano seguinte, Válter Santos, também do Bangu, foi o melhor do torneio - mas os cariocas não levaram o título dessa vez. Era com certeza um campeonato de respeito.
A terceira não é bem um encontro, mas são histórias cruzadas. Em 1996, devido à queda do comunismo no leste europeu e a separação da Tchecoslováquia, o Dukla teve que se fundir com o FC Pribom (ou Pribram, os dois são o mesmo time) para sobreviver, se tornando o FK Pribom. O Pribom já foi citado em um post desta coluna neste ano, graças a um brasileiro. Você pode relembrar clicando aqui.
O nome do vitorioso time não sumiu para sempre. O Dukla Praga voltou a funcionar em 2001, conhecido como New Dukla Praha, com o projeto de voltar a ser grande. Somente 10 anos depois os legendários voltaram à primeira divisão tcheca. E, depois de ontem, tem boas chances de ir para a semifinal da copa do país.
Diogo Magri

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