O 10 e o 17

Foto: LANCE!Press
Não é a primeira vez que o camisa 10 da Seleção Brasileira é o destaque do time, aquele que chama a responsabilidade e decide quando mais precisam. O tal do Pelé, em 58 e 70, e Rivaldo, em 2002, fizeram exatamente isso. Neymar fez algo parecido contra a Croácia e estava pronto para fazer outra vez. Por outro lado, também não é a primeira vez que o volantão, que faz o serviço "sujo" lá atrás, cobrindo lateral, salva a seleção sem tanta pompa - Dunga, Clodoaldo, por aí vai -; Luiz Gustavo havia feito justamente isso contra Croácia e México e crescido entre os melhores da competição. Hoje, contra Camarões, o craque fez 2 gols quando o time mais precisou e o marcador, além dos costumeiros desarmes, deu até assistência. O resultado? 4-1 e vaga como 1º colocado para o mata-mata.

O Chile

Adversário das oitavas, era uma opção um pouco melhor do que a Holanda, a outra classificada do Grupo B. Tem jogadores talentosos que devemos prestar atenção, como a dupla Vargas e Sanchez, mas até a filosofia do futebol chileno é TEORICAMENTE menos ruim para nosso esquema. Um time com baixa estatura (cruza na área, Brasil!), muito rápido e que dificilmente se retranca. Eles gostam de sair para o jogo; caso Felipão mantenha Fernandinho, o Brasil diminui o espaço no seu campo de defesa e pode roubar bolas valiosas para matar o jogo. Uma Holanda poderia se retrancar com um muro em frente à área e marcar seu golzinho em um contra-ataque infalível, que dura cerca de 4 ou 5 toques na bola.

Caso o Brasil venha precisar sufocar o adversário ou fazer aquela ótima pressão na saída de bola logo no início, a zaga chilena me parece muito mais insegura do que a holandesa. Fora que não teríamos na nossa frente de novo Sneijder e afins.

As três partidas

Brasil 3x1 Croácia - Começo complicado, quando Marcelo fez um gol contra que abateu a nação inteira com menos de 10 minutos. O jogo estava difícil, nervoso, quando Neymar acertou um chute de canhota que nos levou ao intervalo empatados. Na etapa final, o próprio 10 marcou em cobrança de pênalti e Oscar fechou nos acréscimos. Vitória importante por tirar o peso da estreia, o nervosismo e por mostrar aos torcedores um bom poder de reação.

Brasil 0x0 México - Apesar do placar, houve evolução: criamos mais do que na primeira partida e enfrentamos um grande goleiro que ainda tinha a sorte ao seu lado. Aumentou a desconfiança sobre o artilheiro, Fred, mas valeu pelas atuações seguras de Luiz Gustavo, Thiago Silva e David Luiz.

Brasil 4x1 Camarões - Pela primeira vez começamos apertando a saída de bola, característica nossa durante a última Copa das Confederações. O resultado não veio imediatamente, mas chegou ainda nos primeiros 45 minutos: Luiz Gustavo roubou a bola no meio-campo, arrancou e cruzou para Neymar abrir o placar. Freando, a equipe deixou Camarões vir para cima. Empataram e até pressionaram. Quando estava tudo difícil, Neymar disparou na intermediária e resolveu de novo, antes do intervalo. Fernandinho entrou no lugar de Paulinho e fez com que o time tivesse uma melhora considerável na marcação e na armação; o próprio fez o dele, depois do Fred ter marcado o terceiro. A goleada vem junto com a classificação, a confiança e o alívio.

E agora?

Chegamos exatamente deste jeito para o mata-mata: confiantes e aliviados. Depois do que ele fez, eu realmente espero que Fernandinho comece jogando contra o Chile, já que o camisa 5 demonstra um futebol algumas décadas melhor do que o Paulinho. Hulk continua sem fazer uma boa Copa, mas só vencemos quando ele começou jogando. E Fred, fazendo o "gol de bigode", finalmente desencanta, podendo ser outro jogador daqui para frente.

Me preocupo um pouco com a marcação, meio frouxa na primeira etapa. A entrada de Fernandinho melhorou muito nesse sentido, ajudando o Daniel Alves pela direita e tirando tanto peso das costas do Luiz Gustavo. O ataque, antes sem criar tantas chances, hoje demonstrou em várias boas tabelas que sabe sim chegar ao gol tocando a bola.

No último texto, disse que a marcação na saída de bola deveria voltar a ser frequente a partir do terceiro jogo pela melhora no condicionamento físico de toda a equipe, que só viria com o tempo e o passar das partidas. Hoje, houve a pressão inicial. E acho que a Seleção vai se comportar assim: não está no seu ideal, mas deve ir crescendo, melhorando e ficando mais forte ao longo da competição, estando assim no auge (se Deus quiser) no dia 13 de julho.

A partir de agora é vida ou morte. Que a torcida continue cantando o hino, empurrando e ajudando Felipão e cia. a cada jogo. Juntos, chegaremos lá. Começando por sábado, às 13h, no Mineirão.


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Diogo Magri
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Autor: Diogo Magri

17 anos, são-paulino do interior. Tenho trauma de bola parada, de pênaltis e de elogios ao goleiro antes do fim do jogo. No C11, falo de futebol europeu. Na vida, tento sofr... digo, ser jornalista.
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