3 vezes Robinho
Era 15 de dezembro de 2002. Um menino que mal entendia o que era aquilo e tinha escolhido um certo time por causa do pai. Time que há tempos não tinha uma conquista expressiva, e não importava para aquele menino de 6 anos pois a história iria mudar. Aquele time desacreditado, recheado de moleques, chegava à final do Campeonato Brasileiro após quase nem passar da primeira fase, pegou a última vaga.
E entre esses moleques, um era diferente de todos. Um neguinho, franzino, da canela fina que não ligava para quem fossem os adversários e só pensava em jogar bola. Da forma alegre como o time onde ele cresceu é conhecido.
Naquele 15 de dezembro de 2002, era a primeira final desse menino. A primeira de Brasileiro de seu pai. O Santos já havia vencido o primeiro jogo por 2-0, a conquista já estava encaminhada. Mas nesse dia, no fim de dezembro foi quando aquele moleque se consagrou. Deitou e rolou, deu drible, assistência, deixou pentacampeão do mundo torto e o melhor de tudo: trouxe a alegria de volta aos santistas. Além de tudo isso, das primeiras memórias do Santos me deu a melhor memória da minha infância. Bateu o time considerado maior rival.
E como esquecer aquele drible? Do Rogério recuando para dentro d'área? Da narração do Galvão? Do "sambou pra lá, sambou pra cá"? E aquele moleque, adolescente, de 18 anos, bateu no peito, chamou a responsabilidade e bateu pênalti com a categoria e frieza de um veterano. Ainda deu gols para Elano e Léo. Fomos campeões. Saí na rua correndo igual um demente correndo o risco de ser atropelado. E meu pai que deveria me tirar de lá? Tava correndo junto.
E depois veio 2003. Eu te aplaudi de pé como os torcedores do América em Cali. Chorei com você quando perdemos do Boca. E só não fomos campeões brasileiros novamente porque aquele Cruzeiro e aquele Alex eram imparáveis.
Daí 2004. Fizeram de tudo para tirar a taça da gente. Anularam mais de 10 gols legais, sequestraram sua mãe, mas nada parou aquele Santos. Talvez o menos badalado dos Santos campeões.
E então 2005. A despedida. O jogo do Figueirense. O beijo no gramado da Vila Famosa. A gente não sabia mas era um até breve. Você ia buscar seu sonho de ser o melhor do Mundo. Pena que falhou.
Até que veio 2010. Enquanto outro moleque da canela fina começava a arrebentar na temporada, ele voltou. Assim, do nada. Era por apenas seis meses, mas essa dupla encantou o Brasil. Era a forma de passar a tocha para o novo molequinho abusado da base do Santos. Nos deu o Paulista e em seu último dia no Santos, a Copa do Brasil.
Agora ele voltou. Confesso que por muitos motivos perdi grande parte da admiração que tinha por ele quando menor, mas hoje, o vendo de novo com a camisa que consagrou o moleque de 18 anos me senti de novo com 6 anos de idade comemorando meu primeiro título.
Bem-vindo de volta, Robinho. Você falhou na Europa e sabe. Todos sabemos. Mas no Santos você é outro, a Vila te faz melhor. Que pedale muito, que faça gols de letra, de cobertura e tudo que você já fez aqui. E não esqueça: se estiver mal, o Rildo tá na sua cola querendo ser titular. Não, não foi uma piada. O Oswaldo é retardado e é capaz de fazer isso mesmo. Mas então, bem-vindo de volta, moleque.
Ah, e se quiser já jogar domingo e fazer uns dois gols não vou ficar bravo com você não, tá?


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