Da Agonia ao êxtase, da esperança a desilusão. O botafoguense viveu 2013 da maneira mais bipolar possíveL. Criticado por muitos, querido por poucos, Oswaldo de Oliveira guiou o alvinegro sabiamente, projetando a temporada sempre com o 4-2-3-1 em mente com o objetivo de manter a ordem e o equilíbrio do time. Mudavam-se nomes, mas nunca o sistema de jogo. O esquema da moda foi quem levou o Botafogo durante as crises internas, interferências da diretoria, revezes extracampo - interdição do Engenhão - as vendas inoportunas - Vitinho, Fellype Gabriel, Andrezinho - sem contar as lesões e a queda natural de um elenco enxuto e baleado pela sequencia atroz imposta pelo cada vez mais escandaloso calendário brasileiro.
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| Final da Taça Rio contra o Fluminense: Título carioca sacramentado no 4-2-3-1 de Oswaldo de Oliveira |
No Campeonato Carioca, o Botafogo reinou absoluto. Com o Fluminense totalmente voltado a Libertadores, além da notável decadência técnica de Flamengo e Vasco, o Fogão venceu a Taça Guanabara ao bater o Vasco na final. Na Taça Rio seguiu o ritmo intenso, levando o estadual sem precisar disputar a finalíssima com uma vitória magra na decisão contra o Fluminense de Abel Braga. Mais do que o título estadual, Oswaldo de Oliveira montava a base para entrar forte no Brasileirão.
O time saia de memória: Jefferson; Lucas, Bolívar, Dória e Julio Cesár; Marcelo Mattos e Gabriel como volantes; a linha de armadores com Fellype Gabriel na ponta direita, Seedorf centralizado e Lodeiro na esquerda; o centroavante e herói do titulo, atendia o nome de Rafael Marques. Com este time, o Botafogo começou o Brasileiro de maneira arrebatadora. Foram 3 vitórias, 1 empate e apenas uma derrota para o Bahia antes da parada obrigatória para a Copa das Confederações.
Tudo caminhava bem, mas o botafoguense, pessimista de natureza, já esperava pela mudança de ares. Fellype Gabriel, um dos destaques da temporada, acabaria seduzidos pelos petrodólares e partindo para o mundo árabe, ao passo que Andrezinho seguiu para a China, deixando Oswaldo de Oliveira sem uma boa opção para o meio de campo. Para piorar, o lateral direito Lucas sentiria uma grave lesão no retorno do Brasileiro, sendo substituído a principio por Gilberto, e posteriormente por Edilson - que ganharia a posição para o restante da temporada.
Apesar dos problemas, o Botafogo seguia firme sob o comando de um exuberante Clarence Seedorf. Vitorias expressivas sobre Fluminense, Naútico, Vitória e Vasco da Gama, com o jovem Vitinho roubando a cena com exibições de gala pela ponta direita no 4-2-3-1 de Oswaldo. O garoto tornou-se protagonista pela ponta direita, apavorando os laterais esquerdos adversarios na reta final do turno, levando o Botafogo ao segundo lugar, na cola do líder Cruzeiro.
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Com a saída de Vitinho para o CSKA Moscou, Oswaldo ganhando um novo problema. O Botafogo foi atrás de Elias do Resende, que logo assumiu o comando do ataque, fazendo com que Rafael Marques se sacrificasse como extremo direito. A ideia de Oswaldo era a constante troca de posições, na linha de armadores. O Botafogo seguiu firme no final do turno com vitorias sobre Portuguesa, Coritiba e uma heroica sobre o Criciúma em Santa Catarina, que mantinha o sonho da liderança ainda vivo.
No começo do returno uma vitória transcendental sobre o Corinthians no New Maracanã com um golaço do garoto Hyuri, a nova promessa pela ponta direita. Eis que na vigésima segunda rodada chegou o confronto tão aguardado contra o Cruzeiro. Sem Dória e Gabriel, o Cruzeiro se impôs com facilidade. Seedorf ainda perderia um pênalti, mas o placar de 3 a 0 deixou clara a diferença entre os times na tabela. A missão alvinegra na temporada era chegar a Libertadores.
O trauma foi imediato e o Botafogo amargou uma sequencia de 3 derrotas e um empate, ate finalmente vencer o virtual rebaixado Naútico. Seedorf acusava a sequencia surreal de partidas, e com ele se foi a solidez no meio campo, apesar do retorno de Gabriel na posição de segundo volante. Hyuri caiu de produção, e Gegê pela esquerda começava a fazer boas partidas, a melhor delas na vitória sobre o Flamengo na vigésima oitava partida. Justamente o Mengão seria o adversário nas quartas de final da Copa do Brasil. No primeiro jogo, um empate em 1 a 1 em uma nova pobre atuação do Botafogo. Na volta um massacre rubro-negro por 4 a 0; um vexame total e a sensação de que todo o esforço tinha ido por agua abaixo. A sofrida torcida botafoguense perdeu a razão, com muita pressão sobre os jogadores e vaias exageradas até mesmo para Seedorf, em queda notável de rendimento em função do desgaste físico.
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| Fiel ao 4-2-3-1 o Botafogo vence o Criciúma na última rodada por 3 a 0 |
Lutando apenas em uma frente - via Brasileirão - o Botafogo encarou a reta final com Grêmio e Atlético Paranaense abrindo vantagem após derrotas contra Vitória e Vasco. O trauma maior veio na derrota no Serra Dourada contra o Goiás no último minuto, após falha de Bolívar. O Botafogo saia do G4 . O time seguia no 4-2-3-1 com Oswaldo de Oliveira tentando recuperar a equipe. Renato ganhou nova chance como segundo volante para tentar dar mais qualidade no passe. Bolívar e Dória, que formaram uma das melhores duplas de zaga do campeonato, também caíram de produção e tiveram uma sequencia terrível. A linha de armadores tampouco funcionava, graças a notável queda de rendimento de Rafael Marques e Lodeiro. O alento veio na goleada por 4 a 0 diante do Atlético Paranaense, então vice-líder do campeonato.
O Fogão voltava a briga, no entanto um empate contra o São Paulo no Morumbi e a derrota na penúltima rodada contra o Coritiba no Couto Pereira, fizeram com que o time da estrela solitária chegasse a ultima rodada sem depender de suas próprias pernas. No ultimo jogo, beneficiado pela derrota do Goiás para o Santos, o Botafogo entrou no G4 ao vencer o Criciúma por 3 a 0, com o quarteto ofensivo - Lodeiro, Rafel Marques, Seedorf e Elias - voltando enfim a funcionar. Bastava rezar por uma vitória do Lanús na final da Copa Sulamericana, para poder disputar a Libertadores, merecidamente, após quase duas décadas.
A Derrota da Ponte Preta, enfim, coloca o Botafogo na Libertadores de 2014. O torcedor alvinegro deve muito a Oswaldo de Oliveira e Seedorf, peças fundamentais no êxito de uma campanha no Brasileirão com 17 vitórias, 10 empates e 11 derrotas. O ataque foi o quarto melhor do Brasil, com 55 gols marcados, ao passo que o sistema defensivo foi o sexto mais eficaz, com 41 gols sofridos.






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