![]() |
| Foto: Lancenet |
É estranho falar de despedidas de treinador, eles que quase
nunca saem bem dos clubes, as vezes ganharam títulos, mas ao colecionarem
fracassos acabam saindo, e na maioria das vezes por pedidos da torcida.
Ao Tite, que está de saída do Sport Club Corinthians
Paulista, eu prefiro chamar de “fim de um ciclo vitorioso” onde ele sai com
todas as homenagens possíveis para um
técnico que fez história em um dos maiores clubes do país. País este que
dificilmente consagra treinadores, temos o caso do Telê no São Paulo e até
mesmo dentro do próprio Corinthians, o de Oswaldo Brandão e mais alguns
exemplos isolados.
Ah Adenor Bachi, que honra ter tido um cara desses como
treinador do meu clube, quando assumiu lá no meio daquela bronca (reta final do
Brasileiro de 2010) onde após a saída do Mano, que deixou o clube para ir pra
seleção brasileira, acabou saindo com o time em 1° lugar. Veio Adilson Batista
que, aliás, só fez bagunça e acabou saindo, coube a você prosseguir o trabalho,
e que deixou de disputar o Mundial de Clubes com o time onde tava na Árabia
para voltar ao Timão.
O Corinthians que em 2005 o demitiu, com a MSI comandando e que preferiu Daniel Passarella a você, e de
deram muito mal. Na sua saída algo foi proferido e que anos depois veio a ser
cumprido “Vou voltar para terminar aquilo que não me deixaram”.
O ano de 2011 certamente foi o de maior dificuldade, a
eliminação inédita de um clube brasileiro na primeira fase da Libertadores, na
pré diante do Tolima, algo que pro torcedor foi inadmissível e muitos, e me
incluo nessa, pedi sua saída. Andrés até então presidente, fez aquilo que pra
muitos era loucura, te manteve no cargo.
Inicio de Brasileirão e um começo arrasador, ali senti “Ah,
fizemos a coisa certa” e me inclui na decisão do Andrés mesmo sabendo que pedi
tua saída naquele tempo. Coisas de torcedor, tem que relevar.
No meio do campeonato a gangorra estava lá novamente,
resultados ruins e outra vez veio o pensamento de torcedor, tem que demitir.
Nada dava certo, resultados ruins, jogadores afastados, pedi sua saída mais uma
vez e tu foi mantido. Enganei-me novamente, final do ano fomos campeões em um
clássico contra o Palmeiras, o mesmo adversário da sua reestreia no comando do
Corinthians.
E lá estávamos nós de volta a Libertadores, era a tua chance
de mostrar do que era capaz, um elenco já tarimbado e com alguns jogadores que
mesmo não tendo um primor técnico, acabaram compensando na raça e na vontade
que aliás é o que a gente espera quando vão jogar no Corinthians.
Um elenco unido e de muita sorte, aos poucos o favoritismo
foi aumentando e o medo dos rivais também, tu conseguiu unir esse elenco em
prol do objetivo mais importante do Corinthians no ano, a Libertadores. E de
jogo em jogo isso foi acontecendo, e teu jogo pragmático foi dando resultado,
fora de casa um time mais contido, porém de marcação intensa, já nos jogos em
casa a marcação seguia do mesmo jeito, só que uma intensidade maior.
A palavra intensidade, hoje toda vez que ouço essa palavra lembro-me
de você, em todas as entrevistas essa era a palavra mais utilizada e na
Libertadores mais ainda.
No meio dela veio um outro baque, a eliminação no Paulistão,
não que tenha sido um problema enorme, mas o fez tomar uma decisão. Sai Júlio
César que vinha sendo muito contestado e entra Cássio, o terceiro goleiro que
veio a pedido seu e que uma hora ou outra iria virar titular sob seu comando.
Foi uma decisão logo no começo das oitavas da Libertadores, Cássio demonstrou
segurança e seguiu como titular.
Contra o Vasco veio algo que pra mim foi o mais épico nessa
tua passagem, foi um dos jogos mais sensacionais e intensos que vivi como
torcedor e tu sentiu como foi ao ser expulso no meio da partida e ficar na
arquibancada junto. Houve o milagre de Cássio feat Diego Souza e o gol de
Paulinho que decretou a classificação e tava lá tu comemorando juntamente com
os torcedores na arquibancada. Sempre irei guardar esse momento, como o do
Paulinho abraçando um torcedor na grade.
Semi contra o Santos tudo certo e veio a grande final, o
maior momento da história do Corinthians, duelo contra o Boca, não era AQUELE
TEMIDO BOCA, mas ainda era o Boca Juniors que não havia perdido uma final pra
clube brasileiro.
Mais uma vez a escolha certa no momento certo mostrou a
força, a entrada de Romarinho, que tinha jogado apenas um clássico contra o
Palmeiras no domingo mas tinha destruído o rival. Colocou e logo no primeiro
lance ele calou La Bombonera com um golaço. Seria sorte ou competência? Pra
quem colocou o Cássio no momento certo, eu certamente classifico como
competência.
O jogo no Pacaembu foi mágico, sensacional e deu tudo certo
e aquela frase dita lá na primeira passagem, fez sentido, o título veio e você
não precisava mostrar mais pra ninguém do que era capaz. Agora era o próximo, a
conquista do mundo.
Por sinal muito bem articulada, com a equipe jogando todas
as partidas do Brasileirão para adquirir ritmo de jogo, mas aí veio a incerteza
novamente: Derrota no clássico contra os
reservas do São Paulo antes de viagem ao Japão, deixou alguns torcedores
ressabiados mas você disse: Foi boa essa derrota, vamos com mais cautela ao
Japão.
No Japão veio a vitória contra o Al Ahly bem pragmática,
cautelar, e então chegou a tão sonhada final contra o Chelsea e uma decisão que
poderia deixar qualquer jogador chateado mas você colocou o objetivo do clube
acima do desejo do jogador, a saída de Douglas que deu a assistência pro gol de
Guerrero na semi, e colocou Jorge Henrique.
O jogo em si foi épico demais, o time jogando muito, marcando
demais e tendo principalmente sorte, as defesas de Cássio (escolha tua lá no
início da Libertadores) e com Jorge Henrique participando do gol que nos deu o
título. Jogamos pra caralho, parafraseando o autor do gol. Após a conquista ao
ouvir as histórias da conquista foi mais sensacional ainda, a tua acelerada no
passo na volta do intervalo só pra não entrar no campo atrás do treinador do
Chelsea, pois não queria perder nem ali.
Todos sabemos que 2013 não foi bom pro clube, escolhas
erradas e resultados ruins, e demonstrou o lado humano de Tite que após a
tragédia de Oruro disse que trocaria todos os títulos pela vida do garoto.
Mas mesmo com o ano ruim, vieram mais duas conquistas, uma
que faltava pra esse grupo: o Paulistão, e a Recopa pra fechar a trinca:
Libertadores, Mundial e Recopa e se tornar o treinador com mais títulos da
história do Corinthians.
Gostaria de agradecer por esses anos de muitas conquistas,
um cara com um caráter sem igual e que demonstrou ser capaz de driblar muita
coisa pra chegar nos objetivos, pensando sempre no clube. A torcida demonstrou
todo o seu carinho na despedida sua do Pacaembu, foi apenas uma retribuição por
todo esse tempo de profissionalismo a frente desse clube.
Obrigado Tite, adeus seria uma palavra muito forte, mas um
até logo, tenho certeza que quando voltar ao Pacaembu ou a Arena Corinthians,
pode ter certeza, será bem recebido pela Fiel Torcida assim como foi no tempo
em que esteve por aqui. Valeu mesmo de coração!
Vai Corinthians!
![]() |
| Foto: Folha de SP |


comentar com Facebook