O futebol brasileiro vive um momento complicado. Com a escassez de revelações de alto nível despontando no mercado nacional, estamos vendo raramente um jovem jogador brasileiro sendo contratado por um clube de tradição do futebol europeu. Aliado a essa perspectiva individual negativa, temos também uma safra de treinadores que raramente se reciclam, não seguem as inovações táticas, técnicas e por vezes tecnológicas que os treinadores tops do futebol mundial estão utilizando. Por isso mesmo, temos atualmente aqui no Brasil apenas o Tite como treinador que merece um destaque maior.
O treinador corintiano é uma grande exceção à regra. Estrategista de marca maior, mantem-se sempre bem informado com relação aos novos esquemas táticos que estão sendo utilizado no futebol europeu e também aprimorando treinos, principalmente os mais específico, tanto na parte técnica, quanto a psicológica de cada jogador do seu grupo. Por ser também um exímio disciplinador, os seus jogadores na maioria das vezes assimilam com maior comprometimento, disciplina e intensidade tática, aquilo que ele cobra e desenvolve nos treinos. Através dessa constante metamorfose, o time aprimora e evolui seu padrão de jogo, criando multiplicidade de formatações táticas e desenvoltura tanto coletiva, quanto por vezes individual, além disso, Tite tem algumas características peculiares de um treinador vitorioso e copeiro: perfeccionista, enérgico, disciplinador, determinado e também muito equilibrado emocionalmente. Transmite uma confiança acima da média para os jogadores e também para todo o staff do clube.
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(Foto: Eduardo Viana) |
Em contrapartida a essa má fase dos treinadores brasileiros, a diretoria do Internacional resolveu arrojar e investiu novamente em um treinador estrangeiro. Já sabemos que historicamente esse tipo de experiência não gera bons frutos. A lista de treinadores estrangeiros que trabalharam em clubes brasileiros e não obtiveram sucesso é extensa: Roberto Rojas, Hugo de León, Dario Pereyra, Daniel Passarela e o próprio Inter que em 2009 contratou Jorge Fossati, compatriota da atual aposta da diretoria colorada.
Agora o nome da vez é Diego Vicente Aguirre Camblor, comumente conhecido como Diego Aguirre. Seu trabalho no futebol uruguaio foi muito vistoso e recebeu o devido destaque e reverência da própria imprensa uruguaia. Aguirre já foi bicampeão uruguaio e vice-campeão da Libertadores, treinando o Peñarol em 2011. Sem contar que, ainda como jogador, marcou o emblemático gol do título da Libertadores de 1987.
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(Foto: Trivela) |
Agora no Internacional, seu trabalho é recente - ainda não concluiu nem meia temporada - mas, como já é da cultura do futebol brasileiro, treinador bom é aquele que traz resultados em curto prazo, pois, na maioria das vezes, as diretorias de clubes brasileiros não têm paciência e os vínculos acabam sendo de menor durabilidade.
Ciente dessa cultura imediatista do futebol brasileiro, Aguirre, juntamente com a diretoria colorada, contrataram jogadores ainda na pré-temporada visando a disputa da Libertadores que teriam mais características e mais “a cara” do treinador uruguaio.
Os jogadores que merecem maior destaque e que dão uma noção melhor das características do time de Aguirre em campo são:
Rever: zagueiro que é muito bom pelo alto, que tem força física e que garante maior estabilidade e segurança para a defesa.
Nilton: volante de bom chute a média distância, sólido e firme na marcação e que em jogadas ensaiadas, principalmente nas jogadas de bola parada, também aparece muito bem como elemento surpresa.
Nicolás Freitas é um coringa para o esquema tático do Aguirre, se movimenta intensamente, garantindo assim um maior respaldo na marcação do meio campo, fazendo com que o time ganhe mais posse de bola e eleve a média de contragolpes por jogo.
Vitinho, pois para o contragolpe funcionar com mais efetividade o time também precisava de mais velocidade e agudez, e, dentro do que o mercado tem atualmente para oferecer, o ex-botafoguense é uma ótima opção para ter essa funcionalidade.
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(Foto: Paixão Libertadores) |
Os times de Diego Aguirre são similares em alguns aspectos aos do Tite: sempre muito seguros e sólidos no aspecto tático-defensivos e fatais ou muito eficientes no campo ofensivo.
Tanto que os esquemas até o momento de maior preferência do treinador Aguirre valorizam notoriamente o encaixe e a disciplina em excelência do setor defensivo. 3-5-1-1, principalmente fora de casa, e 4-1-3-2, quando está jogando em casa.
Pelo visto, parece ser questão de tempo para ele implementar o seu trabalho de maneira completa e à sua maneira. Ele veio ao Brasil com um projeto ambicioso e visionário desejando levar o Internacional às glórias, seus números tanto no Estadual, quanto na Libertadores já vem ganhando consistência. O time está há um mês sem perder e a vaga para a próxima fase da Libertadores parece ser questão de tempo.
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(Foto: Getty Images) |
O treinador uruguaio está no caminho certo para fazer história no futebol brasileiro, podendo conquistar, assim, o torcedor do Internacional e também o respeito da mídia brasileira.
Veremos o que o tempo irá nos confirmar dentro dessa positiva perspectiva que já pode ser feita com relação a competência e dedicação desse talentoso treinador uruguaio.
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