| Danilo, sempre ele, dando o seu toquinho para o fundo das redes (FOTO: Globoesporte) |
A visita corinthiana à arena teve um gostinho mais do que especial, não só pela vitória, mas pelo fato de que o presidente palestrino Paulo Nobre chegou, até certo ponto, a impor torcida única no jogo. A medida, que por pouco não foi acatada pela FPF, acabou sendo revogada depois de forte resistência e repúdio da população e do próprio Corinthians, que ameaçou até não colocar o time em campo.
Promovendo mudanças no onze inicial, o técnico Tite desfigurou bastante a escalação dos dois últimos jogos e abriu mão de um homem de frente para escalar mais um volante* no meio-campo. Porém, regularizados e inteiros, a maioria dos novos reforços pôde entrar em campo. O time escalado foi: Cássio; Edílson, Edu Dracena, Gil, Fábio Santos; Ralf, Bruno Henrique, Petros, Danilo; Mendoza, Guerrero.
(* essa afirmação me rendeu uma lata de Sprite paga por um amigo meu, com o qual apostei que todos os 20 times da Série A vão, em algum momento desse ano, escalar três volantes, mesmo os ~ofensivões~. Uma latinha pra cada time acertado)
Quando rolou a bola, o clima de clássico se instalou de vez na Allianz. As duas torcidas - sim, duas torcidas - gritavam muito e os dois times entraram tocando passes rápidos, com o Palmeiras chegando ao gol com perigo em lance de Maikon Leite e Robinho. Do lado do Corinthians, quem mostrava serviço era Paolo Guerrero, ainda com rumores de saída e sendo alvo de muita desconfiança de uma parte da torcida, principalmente com a chegada do ex-ídolo palmeirense e atual ídolo dos bares e botecos com sinuca do Rio de Janeiro, Vágner Love, para o ataque do Coringão.
Na faixa dos 10 minutos, o time da casa cresceu mais e o Corinthians teve que se defender, mas sem um contra-ataque bom para emplacar porque tem TRÊS VOLANTES no meio campo batendo cabeça sem nenhum subir mais ao ataque. Caras, é sério. Eu não aguento mais ver time com três volantes. Desde 2006 é esse negócio. Eu prefiro ver 5 zagueiros do que 3 volantes. Eu não sei na cabeça de quem que isso funciona porque eu só vejo time em crise usar 3 volantes, mas enfim, falta pro Corinthians aos 11min. Na barreira. Ok, voltando; 3 volantes. O cara que inventou o esquema com 3 volantes, eu não tenho certeza e preciso apurar melhor esse fato, mas é dito que a mãe desse cara prestava serviços ortodoxos para sustentar o vício do pai em substâncias ilícitas. Nada oficial, mas dizem as más línguas...
Aos 15 minutos, o Corinthians começou a pressionar mais em cima e quase teve bom resultado: Petros arriscou de longe, Fernando Prass soltou e Guerrero colocou no fundo do gol, porém em posição irregular, o que fez o árbitro Raphael Claus anular o tento. Raphael Claus, para os que não lembram, é o rapaz abaixo:
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| Rivais antigos, frente a frente novamente... o verdadeiro dérbi é esse (FOTO: Blog do Paulinho) |
Aos 18 minutos, Robinho brigou com a Av. Fábio Santos pela bola dentro da área alvinegra e Edu Dracena salvou o dia, mostrando suas credenciais para o torcedor - estrear em clássico, sabemos, não é fácil. A resposta imediata veio no minuto seguinte: Mendoza, numa linda jogada individual, colocou Bruno Henrique na entrada da área; o volante arriscou, a bola beijou o poste e ficou mais pra zaga do Palmeiras do que pro ataque do Corinthians. O colombiano Mendoza, inclusive, foi o jogador mais ativo do Corinthians no primeiro tempo, se movimentando e correndo bastante tanto com a bola quanto sem ela.
Na faixa dos 25 minutos, os times começaram a diminuir o ritmo e errar muitos passes. O número de faltas também aumentou, e uma cobrança de longe de Robinho por pouco não estragou o ímpeto corinthiano; Vítor Hugo cabeceou e Cássio conseguiu alcançar.
Aos 33 minutos, felizmente, o mesmo Vítor Hugo decidiu ajudar o Corinthians. O zagueiro tentou recuar para Fernando Prass, mas Petros, de olho na jogada, tomou o passe para ele e rolou para o meio da área, onde o Exmº. Sr. Dr. Danilo (esse aí herdou o talento do Romarinho pra fazer gol no Palmeiras) estava lá para, como o Sir que é, encostar a bola com classe para o fundo das redes e fazer a alegria dos corinthianos que enfrentaram muita coisa pra chegar até aquela arquibancada da Allianz Arena. 1x0 Corinthians.
Com o gol, o Corinthians ficou mais inflamado e começou a ir pra cima com jogadas belíssimas de toque de bola. Aos 40 minutos, Edílson cobrou falta da direita e por pouco uma cabeçada não aumenta o placar alvinegro. Visivelmente mais nervoso, o Palmeiras entregou a paçoca muitas vezes para o Corinthians, especialmente em bolas espirradas da defesa. Aos 47 minutos, Raphael Claus encerrou o primeiro tempo.
No segundo tempo, nenhuma alteração no Corinthians, enquanto no Palmeiras, saiu Maikon Leite para entrar Dudu. Sim, Dudu, o do chapéu. Aquele que com certeza mereceu todo o alarde que recebeu, afinal, trata-se de um jogador qualificado, com reconhecimento internacional, renome e peso. Ser reserva do Maikon Leite é pra poucos. Tamo junto, Jones Carioca!!!!!!!
Em 10 minutos do primeiro tempo, fora um chute torto de Dudu e um cartão amarelo para Cássio por cera, nada de relevante; o Corinthians perigosamente administrava o resultado enquanto o Palmeiras batia cabeça rumo ao empate. O jogo também era paralisado no mais sutil toque, dada a paixão incondicional de Raphael Claus para com seu apito. E falando no apito...
Com o relógio apontando 15 minutos do primeiro tempo, Cássio foi cobrar tiro de meta. Uma bola já estava dentro do campo. Ele trouxe a segunda bola para dentro, achando que estava sendo um estrategista, um malandro, um Sun Tzu do campo futebolístico. Quando ia tirar a primeira bola de campo, o árbitro percebeu a cera - novamente - e deu o segundo amarelo para o arqueiro, que, sem razão, esperneou, gritou e saiu culpando Deus e o mundo por uma expulsão que conseguiu vencer "Doni é expulso por passar água no rosto sabendo que não podia em 2003" no ranking de Expulsões Mais Retardadas Que Eu Já Vi.
Sem Cássio, Tite sacou Paolo Guerrero para colocar O Incornetável Goleiro Walter, aquele que sempre falha, mas nunca é culpa dele. Sem a referência na frente, o jogo obviamente se tornaria uma batalha de ataque x defesa. O clima ficou mais quente, com os dois times entrando mais forte. Por um instante parecia o Once Caldas de novo, com a diferença que não tinha ninguém pra desequilibrar como na quarta passada. Até os 28 minutos, o Palmeiras já havia chegado à meta corinthiana em três ocasiões diferentes.
Aos 32 minutos, Stiven Mendoza mostrou porque foi o melhor jogador em campo pelo Corinthians. Em escanteio para o Palmeiras, a bola caiu no pé do colombiano, que carregou um pouco, deu um drible da vaca em Amaral, último homem, e disparou até Fernando Prass, que conseguiu defender o arremate. Mendoza mostrou muita personalidade ali na ponta esquerda, e é bom que os demais atacantes do Corinthians percam o sono e treinem mais vendo isso.
Aos 35 minutos, Walter faz bela defesa a queima-roupa e salvou o Corinthians. Felizmente, o Palmeiras ainda parecia sem saber o que fazer no campo ofensivo e tinha dificuldades para abrir a defesa alvinegra, especialmente pela belíssima partida tática do nosso xerife Ralf. Aos 38min, Tite chamou Luciano para entrar na contenda no lugar do aplaudido Mendoza.
Raphael Claus deu 6 minutos de acréscimo para os momentos finais do jogo, momentos em que um desesperado Palmeiras pressionava um desesperado Corinthians. Petros e Ralf comandavam a retranca corinthiana, com o primeiro tentando resquícios de contra-ataque. Destaque também para Gil e Dracena, que não apareceram muito mas foram sólidos. Para reforçar essa solidez defensiva, aos 49 minutos, Cristian entrou para reestrear como jogador do Corinthians na vaga de Petros. Mas não tardou muito para chegar a 51 minutos e ecoar o som do apito de Raphael Claus, anunciando o fim da peleja e, com muita sorte e graças à incompetência adversária, a continuidade do tabu.
É importante que não se engrandeça o elenco por essa vitória - sim, clássico é clássico e vice-versa, mas já é a segunda vez que o Corinthians se encontra em apuros com um a menos, já é a segunda expulsão besta que temos, o time briga demais fora de hora e é necessidade urgente que se tenha um time mais composto porque essas coisas tem perna curta. Palmas para Edu Dracena, Gil, Ralf, Petros e Mendoza, ótimas atuações mesmo nas adversidades.
O próximo compromisso do Alvinegro é na quarta-feira (11/02), contra o Once Caldas, pelo jogo de volta da Pré-Libertadores, às 22h (Brasília). Já o Palmeiras enfrenta o Rio Claro, na mesma quarta-feira, às 20h30 (Brasília), pelo Campeonato Paulista.

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