O ano de 2014 está chegando ao fim. Foi, sem dúvida alguma, uma época especial para o nobre esporte bretão™. Prontamente agradeço à alta cúpula do C11 por me dar a oportunidade de escrever sobre futebol internacional por aqui. Minha última publicação de 2014 é uma retrospectiva do que de melhor (e pior) aconteceu na melhor das modalidades esportivas (os amantes de outros esportes que me desculpem).
A Copa das Copas
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Copa do Mundo e América do Sul foi uma combinação que rendeu bons frutos aos amantes do futebol. A hospitalidade do povo brasileiro aos turistas dos cinco continentes da Terra, os jogos de alto nível e a consagração do trabalho sério e competente do futebol alemão foram os ingredientes que tornaram a Copa do Mundo no Brasil a Copa das Copas.
A alta média de gols foi um atrativo a mais: a rede balançou 64 vezes, número igual ao do Mundial de 1998, jogado na França. As Copas no Brasil e na França são as mais goleadoras da história. E como pode uma competição com tantos gols ver tantos goleiros se consagrar? Pois é, na Copa das Copas isso foi possível. Das 64 partidas do Mundial, 12 tiveram um goleiro como o melhor jogador. O costarriquenho Keylor Navas (3x), o norte-americano Tim Howard (2x), o mexicano Guillermo Ochoa (2x), o brasileiro Júlio César (1x), o argentino Sergio Romero (1x), o argelino Raïs M'Bolhi, o italiano Gianluigi Buffon (1x) e o equatoriano Alexander Domínguez (1x) foram os agraciados. O vencedor da Luva de Ouro foi o alemão Manuel Neuer.
A Copa do Mundo de 2014 igualou o número de outra edição: a quantidade de prorrogações do Mundial de 1990, na Itália. Foram oito no total: cinco nas oitavas de final (Brasil x Chile, Costa Rica x Grécia, Alemanha x Argélia, Argentina x Suíça e Bélgica x Estados Unidos), uma nas quartas de final (Holanda x Costa Rica), uma na semifinal (Holanda x Argentina) e na final (Alemanha x Argentina). Quatro destes embates foram decididos nos pênaltis, casos de Brasil x Chile, Costa Rica x Grécia, Holanda x Costa Rica e Holanda x Argentina.
Agora, um recorde superado: o polonês naturalizado alemão Miroslav Klose tornou-se o maior artilheiro da história do maior torneio de futebol do mundo. O atacante de 36 anos estava empatado com o alemão Gerd Müller - ambos somavam 14 gols - e precisava balançar as redes mais duas vezes para ultrapassar o ex-atacante brasileiro Ronaldo e chegar ao topo. E os gols vieram: contra Gana, pela fase de grupos, e contra o Brasil, pela semifinal.
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Pois é, a epopeia do 7 a 1 da Alemanha sobre a Canarinho - maior derrota da história da Amarelinha, justamente no ano de seu centenário - também serviu para Klose deixar seu nome gravado na história. Emblemático.
Outro recorde foi o alcançado pelo goleiro colombiano Faryd Mondragón. Ao substituir o titular David Ospina nos minutos finais da vitória de 4 a 1 sobre o Japão, o descendente de libaneses converteu-se no jogador mais velho a entrar em campo numa Copa do Mundo: 43 anos e 3 dias, superando o camaronês Roger Milla, que disputou o Mundial de 1994, nos EUA, com 42 anos, 1 mês e 8 dias. Após a competição, o arqueiro pendurou as chuteiras (e as luvas).
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Presente nas edições de 1994, como reserva, e 1998, como titular, Mondragón viu uma das gerações mais promissoras do futebol da Colômbia construir a melhor campanha do país em Copas: quinto lugar, sendo eliminada pelo anfitrião Brasil nas quartas de final.
Por último, porém longe de ser menos importante, destaco as maiores surpresas do Mundial: a Costa Rica e a Argélia. Longe da badalação das grandes equipes, os Ticos e as Raposas conquistaram o carinho do público e surpreenderam o planeta.
Os centro-americanos lideraram o Grupo da Morte - venceram o Uruguai, por 3 a 1, a Itália, por 1 a 0, e empataram sem gols com a Inglaterra -, despacharam a Grécia nas oitavas, nos pênaltis, e pararam somente na Holanda, também nos pênaltis. Deixaram o Brasil invictos e chegaram à sua terra com o status de heróis. Não era para menos: a Costa Rica atingiu sua melhor campanha na história das Copas.
Já a Argélia foi a vice-líder do Grupo H: perdeu para a Bélgica (ótima geração belga™), por 2 a 1, venceu a Coreia do Sul (4 a 2) e arrancou um precioso empate em 1 a 1 com a Rússia. Nas oitavas, deu trabalho à campeã Alemanha e só veio a sucumbir na prorrogação.
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Acharam que eu não iria citar a campanha da Nationalelf, que conquistou o tetra em terras tupiniquins? Enganaram-se! Está tudo registrado aqui.
A consagração do Real Madrid de Carlo Ancelotti
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As estrelas do maior campeão europeu vêm fazendo justiça ao exacerbado investimento do clube e à enorme expectativa criada pelos fãs. O Real Madrid conquistou quatro das seis competições que disputou em 2014: Uefa Champions League, Supercopa da Uefa, Mundial de Clubes e Copa del Rey. Ficou a ver navios somente em La Liga, competição a qual vem liderando na atual temporada, e na Supercopa da Espanha - em ambos os torneios, o campeão foi o rival Atlético de Madrid.
Os comandados de Carlo Ancelotti são favoritos a continuar trilhando o caminho das conquistas. Falei melhor sobre o trabalho do italiano no clube merengue aqui. A propósito, os cinco fatos marcantes do Mundial de Clubes de 2014 também podem integrar esta retrospectiva.
Na outra competição continental da Europa, a Uefa Europa League, o Sevilla bateu o Benfica nos pênaltis, em jogo com arbitragem polêmica, e conquistou o terceiro título do torneio. Após mais um vice continental, os Encarnados se redimiram ao papar todos os títulos nacionais do futebol português em um único ano (Primeira Liga, Taça da Liga, Taça de Portugal e Supertaça de Portugal).
Na outra competição continental da Europa, a Uefa Europa League, o Sevilla bateu o Benfica nos pênaltis, em jogo com arbitragem polêmica, e conquistou o terceiro título do torneio. Após mais um vice continental, os Encarnados se redimiram ao papar todos os títulos nacionais do futebol português em um único ano (Primeira Liga, Taça da Liga, Taça de Portugal e Supertaça de Portugal).
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A Copa Libertadores da América teve campeão inédito pelo terceiro ano consecutivo. Depois de Corinthians e Atlético Mineiro "se libertarem", 2014 foi o ano da redenção do San Lorenzo, um dos mais tradicionais clubes argentinos.
Alvo de brincadeiras dos rivais por ser o único grande argentino sem a maior honraria do futebol do continente, o Ciclón mostrou sua força no torneio internacional e conquistou o título ao bater o Nacional de Assunção-PAR pelo placar mínimo na grande decisão - o jogo de ida terminou empatado em 1 a 1.
Os Cuervos, atuais campeões nacionais à época, ficaram em segundo no Grupo 2, com oito pontos, atrás somente do Unión Española-CHI. A chave também contava com Independiente del Valle-EQU e Botafogo. No mata-mata, os argentinos despacharam Grêmio, Cruzeiro e Bolívar-BOL, antes da consagração máxima frente à "zebra" paraguaia.
Comandado por Edgardo Bauza, o San Lorenzo teve como principais nomes da inédita conquista o goleiro Sebastián Torrico, os meias Leandro Romagnoli e Nestor Ortigoza (autor do gol do título) e o atacante Mauro Matos.
Há quem diga que houve intervenção divina na maior conquista da história do clube de Almagro, região da capital da Argentina... Bom, a bênção de Vossa Santidade a gente supõe que teve. Afinal, o Papa Francisco é adepto declarado do CASLA.
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Divulgação |
Uma piada que circulava contra o time de Buenos Aires fazia piada com a sigla do clube: CASLA = Club Atlético San Lorenzo de Almagro = Club Atlético Sin Libertadores de América. O Ciclón tratou de jogar por terra as gozações.
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Divulgação/San Lorenzo |
E que ano para o futebol argentino! Além do título do San Lorenzo na Libertadores, também viu o River Plate se sagrar campeão continental. Os Millonarios bateram Godoy Cruz-ARG, Libertad-PAR, Estudiantes-ARG, Boca Juniors-ARG e Atlético Nacional-COL na caminhada que lhe rendeu o título da Copa Sul-Americana. E também vale citar a boa campanha da Albiceleste na Copa do Mundo: os hermanos foram os vice-campeões.
Quem manda no futebol brasileiro é Minas, uai!
Tem que haver espaço para o futebol nacional também! Em 2014, o país da Copa se rendeu ao futebol do Estado de Minas Gerais. Três das cinco competições organizadas pela CBF este ano tiveram clubes mineiros como campeões. Os títulos da Copa do Brasil e das Séries A e D ficaram com Atlético Mineiro, Cruzeiro e Tombense, respectivamente - Joinville-SC e Macaé-RJ foram os respectivos campeões das Séries B e C.
A Raposa, comandada por Marcelo Oliveira, somou 80 pontos (24 vitórias, 8 empates e 6 derrotas), teve o melhor ataque (67 gols marcados) e a quarta melhor defesa (38 gols concedidos). Foi o quarto título celeste no Brasileirão. As outras conquistas vieram em 1966, 2003 e 2013.
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Washington Alves/Getty Images |
O Galo, por ter disputado a Libertadores da América, entrou na Copa do Brasil a partir das oitavas de final. As vítimas dos comandados de Levir Culpi foram Botafogo, Corinthians, Flamengo e o arquirrival Cruzeiro. As classificações diante do Timão e do Fla vieram de forma épica: depois de sofrer 2 a 0 no jogo de ida e sair atrás na partida de volta, virou para 4 a 1. A "cereja do bolo" veio com duas vitórias (2 a 0 e 1 a 0) sobre o maior rival. Sinceramente, uma campanha dessa merece livro, filme e qualquer outro registro que seja possível.
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Buda Mendes/Getty Images |
O Gavião-Carcará superou Operário-MT, Luziânia-DF (o time é de Goiás, mas disputa campeonatos do Distrito Federal, que coisa!), Goianésia-GO e Grêmio Barueri-SP no Grupo A6. No mata-mata, despachou Metropolitano-SC, Moto Club-MA e Confiança-SE. O título do time treinado por Júnior Lopes veio contra o Brasil de Pelotas-RS. No ano de seu centenário, o Tombense teve muitos motivos para festejar.
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Silvan Alves/Tombense |
Em um ano de crise no futebol brasileiro, tanto dentro quanto fora de campo, os clubes mineiros deram uma aula de comprometimento nas quatro linhas e fizeram os torcedores tupiniquins se renderem à terra do pão de queijo.
Também vale mencionar as boas campanhas de Boa Esporte e América Mineiro na Série B. Os bovetas chegaram à última rodada da Segundona com boas chances de acesso. Dependiam só de si, mas foram derrotados pelo Icasa e deram adeus ao sonho. Já o Coelho não subiu por ter perdido seis pontos no STJD, devido à escalação irregular do lateral-esquerdo Eduardo.
Na Série C, o Tupi não conquistou o acesso por muito pouco. Nas oitavas de final, sucumbiu diante do Paysandu.
O melhor momento alternativo do ano: Stjarnan campeão islandês
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Divulgação/Stjarnan |
Lembram do Stjarnan, aquele time islandês das comemorações criativas? Não? Pois faço questão de recordá-lo a vocês,
Pois bem, esse time nunca havia sido campeão nacional lá na Islândia. Até este ano. Na última rodada da Úrvalsdeild, o clube da cidade de Gardabaer viajou à capital federal (Reykjavík) para enfrentar o FH. As duas equipes estavam invictas e um empate dava o título ao FH.
O jogo foi deveras dramático e terminou com a vitória dos visitantes por 2 a 1. O gol do inédito título veio aos 48 minutos do segundo tempo, em pênalti convertido por Finsen, também autor do primeiro gol.
Vale ressaltar que o Stjarnan passou boa parte da segunda etapa com um homem a menos. Um embate digno de epopeia. O primeiro título não poderia vir de forma mais emblemática.
O ano de 2014 não foi bom para os Azuis somente em território nacional. Em âmbito continental, os islandeses chegaram aos playoffs da Uefa Europa League. Depois de eliminarem Bangor City-GAL, Motherwell-ESC e Lech Poznan-POL nas fases preliminares, caíram diante da Internazionale no último estágio antes da fase de grupos. Campanha digna.
Inclusive, vamos combinar que o terceiro gol deles frente ao Motherwell merecia um lugar no Prêmio Puskas...
Descansem em paz
Muitas figuras importantes do esporte nos deixaram este ano. A eles deixamos nossa eterna gratidão por ajudarem a ressaltar a importância do futebol na vida das pessoas.
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Divulgação |
Eusébio (1963-2014) - à esquerda - e Mário Coluna (1969-2014) - à direita -, ídolos e ex-jogadores do Benfica e da seleção portuguesa
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Reprodução/Rede Bandeirantes |
Luciano do Valle (1947-2014), narrador esportivo
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Reprodução/Rede Record |
Maurício Torres (1971-2014), apresentador e repórter esportivo
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Agência Estado |
Bellini (1930-2014), capitão da Seleção Brasileira em 1958, ano do primeiro título mundial da Canarinho
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Divulgação/RFEF |
Luís Aragonés (1938-2014), ídolo, ex-jogador e ex-técnico do Atlético de Madrid e da seleção espanhola
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Tito Vilanova (1968-2014), ex-jogador e ex-técnico do Barcelona
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Getty Images |
Alfredo Di Stéfano (1926-2014), ídolo e ex-jogador do Real Madrid
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Getty Images |
Sir Tom Finney (1924-2014), ídolo e ex-jogador do Preston North End e da seleção inglesa
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Getty Images |
Maicon Oliveira (1988-2014), atacante do Shakhtar Donetsk
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Divulgação/Rádio Jornal-PE |
Mané Queiroz (1947-2014), cronista esportivo
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Getty Images |
Marinho Chagas (1952-2014), ex-jogador de ABC, Náutico, Botafogo, Fluminense e Seleção Brasileira
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Getty Images |
Fernandão (1978-2014), ídolo e ex-jogador de Goiás e Internacional
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Divulgação/Palmeiras |
Oberdan Cattani (1919-2014), ídolo e ex-goleiro do Palmeiras
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Getty Images |
Gyula Grosics (1926-2014), ídolo e ex-goleiro do Budapest Honvéd e da seleção húngara
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Divulgação/Remo |
Giba (1962-2014), ex-jogador de Guarani e Corinthians e ex-técnico de Santos, Guarani, Portuguesa, Joinville, Paulista de Jundiaí, Remo, Sport e Santa Cruz
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Arquivo CBF |
Assis (1952-2014) - à direita - e Washington (1960-2014) - à esquerda -, ídolos e ex-jogadores do Fluminense
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Divulgação |
Esquerdinha (1924-2014), ídolo e ex-jogador do Flamengo
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Getty Images |
Andriy Husin (1972-2014), ídolo e ex-jogador do Dynamo Kiev e da seleção ucraniana
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Divulgação/Marítimo |
Lori Sandri (1949-2014), ex-jogador e ex-técnico do Atlético Paranaense; ex-técnico de Atlético Mineiro, Santa Cruz, Sport, Marítimo-POR, Juventude, Guarani
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Getty Images |
Richard Møller Nielsen (1937-2014), ex-técnico do Odense e das seleções dinamarquesa, finlandesa e israelense
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Divulgação/Rosenborg |
Odd Iversen (1945-2014), ídolo e ex-jogador do Rosenborg e da seleção norueguesa
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Divulgação |
Lula Monstrinho (1942-2014), ídolo e ex-goleiro do Náutico
Encerro meu último texto de 2014 com o vídeo que, na minha humilde opinião, é a melhor representação deste ano para nós, apaixonados por futebol.
Feliz Ano Novo a todos, e até 2015!
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