Boletim Tricolor #3: Ceni, Valdívia, Souza e Alex Silva



No terceiro boletim de 2014, falo do episódio que marcou o Choque-Rei do último domingo, quando Ceni quase derrubou Valdívia por querer na comemoração, sobre a chegada do volante Souza e a declaração do ex-zagueiro do Tricolor, Alex Silva.

01 vs 10

Não era a minha intenção colocar algo aqui sobre o que aconteceu no final de semana. Entretanto, depois de uma boa repercussão na imprensa e até ameaças sobre possíveis denúncias ao STJD sobre o comportamento do capitão são-paulino, achei necessário.

Para quem não viu, Valdívia, logo depois de ter aberto o placar no clássico com um gol de cabeça no primeiro tempo e ter mudado repentinamente de direção durante a comemoração, passou em frente ao Rogério, que saía de dentro do gol, e comemorou com vários socos no ar. Ceni, no calor do momento, colocou a perna disfarçadamente para tentar fazer o chileno tropeçar. Talvez por consciência do 01, que tirou a perna na hora exata, ou habilidade do 10, que desviou do "carrinho", a queda não aconteceu e o jogo seguiu normalmente - o lance não foi nem mesmo mostrado durante a transmissão ao vivo.


Rogério e Valdívia, sempre como maiores referências dos respectivos rivais, tem um histórico de provocações e discussões dentro do campo. Em 2008, o palmeirense, depois de fazer o gol da classificação no final da semi do Paulistão, fez a mesma comemoração do último domingo, até um pouco mais acentuada - imitou inclusive um choro com as mãos. No pós-jogo, em campo, levou um leve tapa de Ceni na cabeça. Em 2011, em outro clássico, ambos saíram discutindo feio na ida para o intervalo. Em 2012, no Choque-Rei do returno do Brasileirão, Paulo Miranda deu um carrinho (na bola, mas exagerado) no Mago que desmontou o chileno, inclusive o tirando do resto do campeonato (o seu time viria a cair naquele ano). Paulo e Rogério, junto com 50 mil pessoas no Morumbi, comemoraram bastante na jogada.

Domingo foi só mais um episódio.


Mas eles só se confrontam assim porque são rivais? Também, mas mais que isso. Também são craques, principais referências e ídolos (ao menos atuais) dos dois clube. São Paulo x Palmeiras também é, naturalmente, Rogério x Valdívia. Ceni é mais sério, culto, nariz (risos) empinado, chato, torcedor, sincero demais. El Mago é mais brincalhão, malandro, provocador, por vezes se faz de perseguido, mas está longe de ser um santo. Os dois estão. Um se adianta no pênalti, o outro faz uma cena incrível quando recebe um empurrãozinho na área.

Pode até parecer que os dois são opostos, mas com certeza ambos têm em comum uma personalidade muito forte. Se metem em confusões, não levam na brincadeira, não deixam a provocação passar batida. Se Rogério e Valdívia jogassem em quaisquer outros clubes e se enfrentassem já haveria uma boa possibilidade de termos discussões. Jogando em rivais vizinhos, então, nem se fale.

Sobre a repercussão: claro que foi exagerada. Não merece tudo isso, não merece ser caracterizada como agressão. Claro que nenhum dos dois foi bonzinho ou levou na esportiva, mas foi um momento indigno de notoriedade. Se eu fosse o Ceni, talvez teria tentado acertar o estômago do chileno. Se eu fosse o Valdívia, talvez teria passado mais uma vez na frente do capitão. Faz parte do futebol.


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Mercado da bola

A janela que leva jogadores daqui para a Europa fechou na última sexta-feira. Com ela vieram o empréstimo do zagueiro Rafael Tolói ao Roma por 6 meses e a notícia da permanência do meio-campo Maicon, desejado pelo Bologna. Quanto mais perdas, obviamente, pior para o elenco.


O volante Souza, do Grêmio, deve finalmente ser anunciado nesta semana. O São Paulo ainda busca um atacante, mas tem encontrado poucas opções e dificuldades nas negociações. O antigo sonho tricolor, Nilmar, por exemplo, tem a sua vinda praticamente impossibilitada por conta de seu empresário Orlando da Hora.

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A bronca de Alex Silva


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O zagueiro bicampeão brasileiro pelo São Paulo, Alex Silva, usou o Instagram para postar uma mensagem de insatisfação com a equipe após assistir a derrota por 2x0 para o Palmeiras no clássico do fim de semana. O destaque das campanhas defensivas do Tricolor com Muricy Ramalho falou em falta de comprometimento e de vontade e a necessidade de respeito e paixão por essa camisa.

"Futebol não tem segredo não, gente. É amor, paixão pelo clube, honrar o escudo que você veste (...) Pra se tornar ídolo tem que ter raça, ralar a bundinha no chão e acima de tudo respeitar a camisa e toda a nação são-paulina. São Paulo só vai mudar essa fase quando todos entenderem o que representa essa camisa e essas estrelas aí. Se não, vai ficar para trás (...)"

Você vê que a fase é ruim quando toma bronca de ex-zagueiro via rede social. E pior que ele tem razão.

Alex Silva, atualmente no Boa Esporte, já parece ter mandado uma mensagem para Juvenal Juvêncio. Pode sim ser novidade. Pelo menos, ao que parece, não vai faltar raça.


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Diogo Magri
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Autor: Diogo Magri

17 anos, são-paulino do interior. Tenho trauma de bola parada, de pênaltis e de elogios ao goleiro antes do fim do jogo. No C11, falo de futebol europeu. Na vida, tento sofr... digo, ser jornalista.
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