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| Kardec protagonizou o momento mais emblemático - e triste - desse final de temporada (Foto: Rubens Chiri / saopaulofc.net) |
O sentimento do torcedor é uma mistura de tristeza e satisfação ao final destes últimos meses. Analisando o ano como um todo, cumprimos o grande objetivo que era voltar à Libertadores em 2015 e ficamos atrás apenas do Cruzeiro no campeonato nacional. Isso não é pouca coisa. Mas, por outro lado, deixamos escapar uma classificação à final de um torneio continental e terminamos 2014 sem nenhum título, o que nos deixa com aquela sensação de que faltou alguma coisa.
No início do mês de outubro, ainda podíamos sonhar com título tanto no Brasileiro quanto na Sul-Americana. Nos dois primeiros jogos, pelo campeonato nacional, obtivemos vitórias contra o Criciúma e o Vitória, ambas fora de casa e por 2x1. Os dois times foram rebaixados, é verdade, mas triunfar duas vezes seguidas atuando fora de casa é algo empolgante em quaisquer circunstâncias. O jogo seguinte, porém, decretou o fim das nossas aspirações ao título brasileiro. Enfrentamos o Internacional no Morumbi e empatamos em 1x1, com um gol absurdamente validado a favor do time sulista. O jogador do Inter estava uns 10 km impedido quando marcou o gol, e de nada adiantaram as reclamações acintosas de todo o time, sobretudo de Rogério. O Inter adora complicar a nossa vida - não preciso nem citar os traumas que temos em relação a eles - e o fez mais uma vez.
A verdade é que não alcançaríamos o Cruzeiro nem se tivéssemos ganho este jogo. Mas sonhar não faz mal a ninguém.
Nesse meio tempo, ocorreu o jogo da volta contra o Emelec, pelas quartas-de-final da Sul-Americana. Impossível não nos lembrarmos de como foi a partida de ida: aquele 4x2 maluco no Morumbi, em que abrimos 3x0 dando show no primeiro tempo e sofremos o famoso 'apagão' (assim como a seleção brasileira contra a Alemanha) na segunda etapa, sofrendo dois gols em menos de 10 minutos e ampliando no fim. Pois a partida de volta conseguiu ser ainda mais maluca e não deixou nenhum torcedor ir dormir tranquilo. Acompanhem a sequência: levamos um gol com poucos segundos (!) de jogo; empatamos com Kardec e viramos com Ganso ainda no primeiro tempo; sofremos o empate em gol de pênalti no início da segunda etapa; e, por fim, tomamos a virada em novo gol de pênalti. Por sorte, foi 'só' isso que aconteceu - mais um golzinho levaria a disputa para os pênaltis, e olha que corremos esse risco. Fim de jogo e classificação garantida para a semi-final. Ufa.
Pelo Brasileiro, nos restava garantir a segunda colocação e isso não foi nem um pouco complicado. Batemos o Palmeiras no Morumbi por 2x0, vitória segura, com propriedade. Tudo bem, o time do Palmeiras é péssimo assim como eram os de Criciúma e Vitória, mas vencer um clássico é sempre mais difícil. Enfrentamos o Santos na Arena Pantanal, em Cuiabá, e conseguimos os 3 pontos mesmo com o time praticamente todo reserva. Com a confirmação de que Rogério ainda jogaria em 2015, os dois últimos jogos do torneio tornaram-se insignificantes e não fizeram nenhuma diferença em relação à tabela. Empatamos em 1x1 com o Figueirense em casa e perdemos por 1x0 para o Sport em Recife, fechando a campanha com 70 pontos e o vice-campeonato.
Vamos ao que mais mexeu com o torcedor nesse fim de temporada: o confronto contra o Atlético Nacional, da Colômbia, pela semi-final da Sul-Americana. Vencer a competição era a única maneira de finalizarmos o ano com título e ela foi ganhando cada vez mais importância para os são paulinos, sobretudo após o empate contra o Internacional pelo Brasileiro. O jogo de ida aconteceu na Colômbia e foi um tanto quanto desanimador. Fomos derrotados por 1x0 e o placar acabou ficando até barato para o São Paulo, que foi absolutamente dominado pelo Nacional na partida. O gol saiu numa falha de comunicação entre Rogério e Edson Silva, mas o nosso capitão nos salvou diversas vezes no jogo - pra variar. Pelas circunstâncias o resultado não foi ruim, mas ser derrotado sem marcar nenhum gol fora de casa torna as coisas muito complicadas no confronto.
Morumbi quase lotado, a torcida apoiando o time durante todo o tempo, nenhum desfalque para a partida... Cenário perfeito para uma classificação heroica. Ou para uma eliminação trágica. O jogo de volta era o jogo do ano, sem dúvida alguma. A disputa envolvia não apenas a chance de continuarmos brigando por um título em 2014, mas a classificação para a final de um torneio continental - e nós, são paulinos, sabemos o valor disso. Os 90 minutos foram tensos e o São Paulo demonstrava nervosismo em campo, com grandes dificuldades para furar o bloqueio defensivo armado pelo excelente treinador Juan Carlos Osorio. Já na segunda etapa, veio o gol essencial: Ganso bateu falta, a bola passou por todo mundo e entrou. 1x0, resultado que levava a partida para os pênaltis. Mas o São Paulo tinha de resolver o confronto no tempo normal, jogava em casa, com o apoio da torcida, não podia contentar-se com pênaltis. Infelizmente, os gols perdidos - destaque para Michel Bastos nesse quesito - impediram que ampliássemos o placar e tivemos penalidades. Ah, essas penalidades. Fico triste só de me lembrar delas.
Dizem por aí que pênalti é loteria. Essa disputa serviu, ao menos, para desconstruir este clichê futebolístico. O nervosismo que o time do São Paulo demonstrava em campo, assim como a frieza dos colombianos, transferiu-se para a marca da cal. Kardec, que entrara no decorrer da partida, foi o primeiro a bater. Se perder a primeira cobrança já seria algo péssimo, imaginem fazer isso escorregando. Pois é. Kardec derrapou, jogando por cima do travessão a bola e, talvez, a classificação. É evidente que o nervosismo dos jogadores são paulinos aumentou mais ainda depois disso, e os colombianos seguiram confiantes. Eles converteram todas as cobranças. Rogério foi o único a marcar na disputa, e Toloi desperdiçou a cobrança derradeira do São Paulo. 4x1 para o Nacional na disputa e a vaga era deles. Que tristeza. É claro que ir para a final não seria garantia de título, ainda mais porque o River, que acabou sagrando-se campeão, tem um excelente time. Mas só o fato de chegarmos lá já seria algo enorme. Como eu já disse, nós, são paulinos, sabemos o valor de finais continentais. Portanto, sabemos também como é ruim ficar de fora delas.
Saldo do mês
Brasileirão: 14 pontos somados (4V, 2E, 1D) - 2º lugar confirmado
Copa Sul-Americana: eliminados na semi-final pelo Atlético Nacional-COL
Considerações finais
É muito difícil classificar esse final de temporada como bom ou ruim. Tivemos um bom aproveitamento de pontos e consolidamos o vice-campeonato, mas a eliminação na Sul-Americana causou um estrago grande no fim das contas. Dada a dúvida, o desempate fica por conta do melhor acontecimento do mês: o anúncio da permanência de Rogério em 2015, pelo menos até o fim da Libertadores. Uma notícia como essa, sem dúvidas, eleva o panorama dos meses de novembro e dezembro. Portanto, podemos classificar o período como bom, apesar da trágica eliminação. Se o título continental não veio em 2014, paciência; e que venha em 2015.

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