Um clichê chamado Bahia

Eu não gosto dos clichês do futebol. "2x0 é placar perigoso". "Quem não faz, toma." Mas ultimamente o Bahia tem feito valer todos eles. No jogo pela Sulamericana, todos diziam que o Bahia não poderia ter aquela postura defensiva, sem buscar o ataque. Como esperado, Bahia tomou 2 x 0 e foi eliminado nos pênaltis. Na noite de ontem pelo Brasileirão 2014, outra vez todos repetiram "Não se pode perder tantos gols contra o Atlético-MG". Adivinha o que aconteceu? O óbvio. O Bahia foi punido pela bola.

O time mineiro veio completo para o jogo. O Bahia tinha 5 desfalques (tá ok, Fahel não é desfalque). O Atlético-MG estava nas cabeças da tabela. O Bahia na zona de rebaixamento. Mas, diferente do que se esperava, o Atlético-MG não mostrou toda essa superioridade no 1º tempo. Pelo contrário, o Bahia poderia ter acabado o jogo logo ali. No 1º ataque, Bruno Paulista perdeu um gol que atacante não perde. Depois Diego Macedo merecia ser surrado por uma semana após perder outros dois gols inacreditáveis, um deles após dar um "banho-de-cuia" no goleiro Vitor. Era 3 x 0 e fim de papo. Mas não. Estamos falando do Bahia. Sem emoção não vale. Luan também perdeu grande chance num "voleio". Fomos para o intervalo no 0x0.

Testada de Demerson para boa defesa de Vitor
Foto: Jogos do Bahia

O 2º tempo acordou o adversário, que botou a bola no chão e começou a jogar. Como quem não faz, toma, logo aos 8', cruzamento da esquerda do ataque, Pará falhou no corte, errou o tempo de bola e a bola veio limpa para Luan cabecear e fazer 1 x 0. Outras chances foram desperdiçadas pelos mineiros, devidamente defendidas por Marcelo Lomba. Kleina colocou Bárbio e Lincoln, que não mudaram tanto o panorama. E ai quando você vê que precisa depositar suas esperanças numa última substituição que atendeu pelo nome de Potita, percebe o quanto o elenco do Bahia é fraco. O dito cujo assinou a assinou a súmula e entrou no lugar do mais uma vez inofensivo Marcos Aurélio. Chega Kleina. Faça com MA o mesmo que fez com Fahel. O premie com o banco de reservas. Torcedor não aguenta mais ver este elemento só acertar passes laterais e não criar nada de produtivo. Bruno Paulista e Ueliton, que são volantes, armaram mais que ele.

Parênteses para Bruno Paulista. Como eu queria ter visto este menino jogando ao lado de Talisca. Que grande surpresa tivemos na noite de ontem. No jogo anterior, contra o São Paulo, ele já havia dado indícios da sua qualidade. Fez 6 desarmes. Ontem novamente mostrou qualidade total no passe, personalidade para chamar a saída de bola, boa visão para se apresentar ao ataque. Como é bom ver a base do Bahia mostrando essa produção. Titular absoluto a partir de agora e qualquer coisa diferente disso deve ser rechaçada. Agora entendemos o porquê de Charles ter bancado tanto a subida dele para o time profissional. Méritos totais para Charles.

Bruno Paulista: catiguria no passe
Foto: Ibahia

E falando também em Ueliton, um de seus 50 lançamentos acabou virando uma pintura. Como diria Pedro Canísio, essa vai para o DVD. Antes da risca do meio campo, mandou para Guilherme Santos dominar com categoria nas costas da zaga e tirar do alcance de Vitor para empatar. Já dizia o sábio, o jogo só acaba quando o juiz apita. Como nem tudo são flores, Guilherme tomou o segundo amarelo e foi expulso por tirar a camisa na comemoração. Saiu pedindo desculpas à torcida e tomou uma pequena chamada de Kleina ainda saindo de campo. Após ter um gol bem anulado, Tardelli também foi expulso por reclamação. Expulsão compensada e clichê completo aqui também.

O gol de empate e a expulsão
Foto: Adelson Carvalho

Agora faltam 8 rodadas. 24 pontos a disputar, dos quais o Bahia, teoricamente, precisaria de 14 para se livrar da degola sem depender dos outros. Os adversários são, nesta ordem: Inter (F), Palmeiras (C), Goiás (F), Corinthians (C), Criciúma (F), Atlético-PR (C), Grêmio (C) e Coritiba (F). São 3 confrontos diretíssimos contra o rebaixamento. Essa vida de fazer conta a todo jogo não dá certo não.
Para não fugir dos clichês, terminamos com mais um: a esperança é a última que morre.