| Mikel e Reza disputam a bola (Foto: Getty Images) |
É, amigo, nem só de bons jogos se faz uma Copa do Mundo. Nigéria e Irã protagonizam um 0 a 0 bem feio na tarde desta segunda-feira (16). A estreia da Seleção Melli, comandada por Carlos Queiroz, foi razoável. O Irã mostrou a já esperada obediência tática e os velhos problemas. Falta um meia de ligação. Faltou, hoje, alguém que soubesse deixar Reza Ghoochannejad em melhores condições.
A Nigéria iniciou o jogo melhor. Parece ter sentido menos o fator "estreia". Explorando as pontas, principalmente com Moses, pelo lado esquerdo, os nigerianos colocaram velocidade no jogo. A defesa iraniana começou perdida e os zagueiros Hosseini e Sadeghi bateram cabeça. Aliás, a dupla de zaga me parece ser o ponto fraco da equipe de Carlos Queiroz.
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| Irã e Nigéria concentram jogadores no meio, zona destacada em branco (Imagem: Sérgio Ricardo Jr. / C11) |
No primeiro tempo, o Irã tentou escapar do domínio africano com as saídas de Heydari, lateral-direito que jogou como meia-lateral. Assim como Heydari, Haji Safi, também lateral, jogou improvisado na linha de meio. Haji Safi começou centralizado, sendo o responsável por encostar em Dejagah e Reza. Não conseguiu render e as subidas de Azeez também complicaram-o. Na segunda etapa, Haji Safi foi deslocado para jogar aberto, executando, na esquerda, a mesma função de Heydari na direita. Carlos Queiroz colocou em campo, isso mesmo, quatro laterais. O português claramente quis controlar as subidas de Musa e Moses, e no final de tudo, conseguiu.
No final da primeira etapa, já era possível observar um certo equilíbrio. A Nigéria parou de sufocar e deu espaço. O persas não aproveitaram, mas conseguiram, via bola parada, criar o lance mais perigoso do primeiro tempo e da partida inteira. Em cruzamento perfeito de Dejagah em um escateio, Reza subiu e cabeçou forte para a difícil defesa do bom goleiro Eneyema.
Após assustar, Carlos Queiroz adianta as linhas de meio, dando um spoiler do que faria no segundo tempo. A Nigéria tem, agora, mas espaço e não consegue aproveitar por pura incompetência, já que os erros de passes foram visivelmente algo que complicou o jogo africano.
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| Carlos Queiroz adianta linhas do Irã, solta Dejagah e abre Haji Safi na esquerda (Imagem: Sérgio Ricardo Jr. / C11) |
No segundo tempo, o Irã cresceu. A mudança tática feita por Carlos Queiroz ainda no primeiro tempo e consolidada no intervalo deixou o centroavante Reza com companhia. Dejagah deixou a marcação pelo lado esquerdo e aproximou-se, como segundo atacante. Haji Safi deixou o meio e foi ser meia-lateral, sendo importante demais nas chances criadas pelo time. Haji Safi foi, sem dúvida, após a mudança de zona, o melhor jogador do Irã na partida e criou tudo que conseguiu. Para tristeza do povo iraniano, que poderia ter saído de campo com os três pontos, Reza, Dejagah e mais tarde Bakhsh não conseguiram concluir de forma digna.
Em um dos ataques do Irã, Reza recebe na direita, traz pro meio e bate pro gol. Bola, no entanto, sai mascada e ao lado da trave esquerda defendida por Eneyema. Outra mudança percebida por mim foi na efetividade do bote. No segundo tempo, Irã rouba mais bolas, mas acaba devolvendo com uma enorme quantidade de passes errados. Ganha por um lado, perde por outro.
Depois de 20, 25 minutos de animação por parte das duas equipes, o jogo esfria e a Nigéria troca passes sem objetividade no meio. Torcida presente na Arena da Baixada, a princípio ao lado dos africanos, vaia. Aos 30, após cobrança de falta de Haji Safi, a zaga da Nigéria se complica, bate cabeça e a bola sobra pra Reza, que isola na arquibancada.
A Nigéria, então, resolve apostar na velha e conhecida tática de entupir a zaga adversária de atacantes. A tática talvez até funcionasse, mas os jogadores nigerianos tropeçaram nas próprias pernas. Irã recua e agora só chega pelo lado esquerdo com Haji Safi, que joga bem aberto. Os atacantes do Irã, cansados, não conseguem aproveitar os bons lançamentos do jogador.
A Nigéria ainda pressionou e "chovera" nos minutos finais com muitas bolas aéreas. Irã, valente, segura as pontas.
Fim de jogo. Irã soma um ponto e a Nigéria, favorita, perde dois. Africanos se complicam no grupo. Irã pode chegar vivo na última rodada diante da Bósnia.
Pontos positivos:
- Obediência tática dos comandados de Carlos Queiroz;
- Boa participação defensiva e ofensiva de Heydari;
- Disposição de Reza;
- Excelente atuação de Haji Safi após ser deslocado para o lado esquerdo;
Pontos negativos:
- Falta de ligação entre meio e ataque;
- Dupla de zaga;
- Excesso de erros de passes;
Notas
Irã
GOL: Haghighi - Começou dando sustos, mas normalizou-se durante a partida e tirou várias bolas chutadas ao gol pela Nigéria. Nota: 6,5
LD: Montazeri - Não apoiou, até mesmo por ter outro lateral a sua frente. Controlou Moses. Nota: 6,5
ZG: Hosseini - Defensor mais fraco. Bateu cabeça demais com seu companheiro. Nota: 4,5
ZG: Sadeghi - Também fraco. Menos pior que seu parceiro. Sofreu com Emenike, da Nigéria. Nota: 4,8
LE:: Pooladi - Jogo comum. Segurou as pontas. Não comprometeu. Nota: 6,0
LD: Heydari - Jogou na linha de meio e foi o melhor do time no primeiro tempo. No segundo, ficou mais preso pela mudança tática. Nota: 7,0
VOL: Nekounam - Capitão foi firme no jogo. Joga na frente dos zagueiros. Nota: 6,5
VOL: Teymourian - Frágil tecnicamente, porém bastante voluntarioso. Corre o campo todo. Nota: 6,0
VOL: Teymourian - Frágil tecnicamente, porém bastante voluntarioso. Corre o campo todo. Nota: 6,0
LE: Haji Safi - Melhor iraniano na partida. Primeiro tempo apagado, segundo tempo excelente. Criou as melhores chances do time. Uma pena seus companheiros terem desperdiçado. Nota: 8,0
SA: Dejagah - Me parece ser o jogador de mais qualidade desta seleção. No entanto, não fez bom jogo. Nota: 5,5
CA: Reza Ghoochannejad - Bom jogador. Estilo centroavantão mesmo. Briga, finaliza, tem velocidade. Nota: 6,5
Substituições:
SA: Bakhsh - Entrou e não apareceu bem. Teve uma oportunidade e perdeu a bola de forma estranha. Nota: 4,0
MAT: Shojaei - Bastante criticado nos amistosos, perdeu lugar e entrou no fim. Sem nota.
TEC: Carlos Queiroz - Conseguiu fazer com que os persas tenham um sistema de jogo bem definido, porém sofre com a falta de qualidade técnica dos atletas e com a ausência de um meia. Nota: 7,5.
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