Primeira revelação a se firmar no time titular do São Paulo desde Lucas, Rodrigo Caio pode ser um grande trunfo da equipe para o Brasileirão, apesar de ainda sofrer com certa falta de experiência - mas basta não deixá-lo bater pênaltis para o garoto se firmar no cenário nacional.
O começo da carreira do jovem atleta tem data: dia 26 de junho de 2011. Depois de 5 jogos e 5 vitórias no Brasileirão, o São Paulo de Carpegiani entrou em campo todo modificado para enfrentar o Corinthians no Pacaembu. O treinador teve que promover a estreia de alguns defensores no profissional por conta dos desfalques, dando oportunidades para Bruno Úvini, Luiz Eduardo e Rodrigo Caio - este último, a melhor promessa da base. O Tricolor sofreu nas mãos do organizado rival, que ainda se aproveitou da expulsão de Carlinhos Paraíba para golear por 5x0 e tirar PC do comando da nossa equipe.
Quase um ano depois, chegou o 18 de março de 2012. Depois do vexame contra o maior rival, Rodrigo não teve grandes chances como titular do Tricolor. Voltou a ter a maior oportunidade em outro clássico, contra o Santos, no Morumbi, pelo Paulistão de 2012. Sempre volante na base, foi escalado como lateral-direito por Leão, com a simples missão de marcar Neymar. Em um jogo que Casemiro fez gol, Lucas deu show e o São Paulo venceu com um gol no final do camisa 7 por 3x2, Rodrigo apareceu na segunda-feira como um dos melhores em campo. O então camisa 25 foi expulso depois de um exagero do juiz (o que permitiu inclusive que Neymar, sem o Rodrigo em campo, marcasse um golzinho), mas, enquanto esteve jogando, anulou o moicano. Seus desarmes foram até tema de reportagem em várias emissoras no dia seguinte. Entretanto, Leão saiu, Ney Franco entrou e acertou a equipe sem Rodrigo Caio no time - nada contra, aliás, ganhamos uma Sul-Americana assim.
Rodrigo Caio é são-paulino e compartilha essa paixão com a sua família desde a infância; é possível comprovar o fato com declarações e fotos antigas do jogador. Sempre muito comprometido a ajudar o time, começou a ganhar espaço no Paulista de 2013, vestindo a 7 deixada por Lucas e jogando como 1º volante. Apesar de bem novo, dava uma grande segurança para a oscilante zaga que se revezava entre Rhodolfo, Lúcio e Tolói, mas não tinha o prestígio de Wellington e Denílson para se firmar entre os 11.
O garoto ganhou uma chance já com Paulo Autuori, antes da viagem para o exterior, contra o Vitória, no Barradão. Aliás, ele só entrou por causa do Rhodolfo, que antes insatisfeito com a recusa da negociação com a Juventus feita pela diretoria e a perda da posição para Lúcio, também não teria aceitado quando Autuori o chamou para ser titular na Bahia. Sem outras opções, Rodrigo Caio começou jogando como zagueiro. Não foi um bom jogo: perdemos por 3x2 com uma falha dele em um gol, mas Rodrigo não sairia mais do time até o final de 2013 e, a partir dali, consolidou a vaga com bons jogos nos amistosos que fizemos fora do Brasil.
Os melhores momentos de Rodrigo vieram com Muricy no comando. O seu melhor jogo certamente foi contra o avassalador e então quase-campeão Cruzeiro, no Mineirão. O 7 teve que sustentar uma defesa composta por Paulo Miranda, Edson Silva e Denis contra um dos melhores ataques da história da competição - e conseguiu, parando Éverton Ribeiro, Goulart, Willian e cia. praticamente sozinho. No 3-5-2 de Muricy, ele foi uma espécie de líbero e 1º volante, responsável pelo combate imediato e pela saída de bola (na minha opinião, é nessa posição que ele rende o seu melhor). A belíssima atuação de Rodrigo somada à sorte e ao ótimo rendimento do conjunto nos deu uma inimaginável vitória por 2x0 contra o pior adversário fora de casa.
Ele também fez outros importantes gols de cabeça, como contra Vasco no Rio (2x0) e Atlético/PR no Morumbi (1x1). Claro, acumulou outras falhas bobas, consequências da inexperiência do jogador - aconteceu no jogo com o Nacional na Sula aqui no Morumbi. Em contra-partida, foi vital para segurar o 0x0 na Colômbia e garantir o Tricolor nas semis, quando demonstrou uma qualidade e uma calma fora do normal para a posição.
Terminou a temporada como destaque, apesar de nunca cair de vez nas graças do torcedor, talvez pelas mudanças de posição frequentes e pela horrível fase do time como um todo. A verdade é que ele conseguiu se destacar em um dos piores anos da história do clube.
Em 2014, até então tinha ficado marcado por um grande clássico. Mais um grande clássico, na verdade. 3 anos depois, desta vez como titular absoluto, encarou o Corinthians dentro do Pacaembu. Acabou sendo outra excelente atuação do zagueiro, que culminou no gol de cabeça que deu a vitória por 3x2 em cima do alvinegro, ajudando a eliminá-los na primeira fase. Rodrigo tinha, enfim, virado xodó da torcida.
Infelizmente a fama acabou poucas semanas depois. O zagueiro perdeu o pênalti contra o Penapolense que resultou na eliminação são-paulina nas quartas-de-final do Paulistão dentro do Morumbi. Mas não se deixem enganar, torcedores, por um erro de um garoto de 21 anos tomado pela pressão do estádio. Rodrigo Caio não está nem na posição ideal e ainda é melhor que todos os zagueiros do elenco. Pode deslanchar nesse Brasileirão e, na zaga ou no meio-campo, deve fazer parte das próximas gerações da Seleção Brasileira. Que cuidem dele com muito carinho e paciência.
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Diogo Magri
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