São Paulo Retrô #2 - Os nomes da temporada

Os 9 | Arte: Victor Formaggini

Depois de uma temporada dessa, obviamente tivemos vários destaques na equipe - bons e ruins, ótimos e péssimos. Escolhemos 9 nomes que simbolizam como foi o ano são-paulino para falar sobre nesse segundo post da nossa retrospectiva de 2013.

Rogério Ceni - Por Diogo Magri
"Envelheci uns 3, 4 anos nesses últimos 3, 4 meses". Essa frase resume o quão difícil foi o ano para a lenda tricolor. Não começou mal: fez alguns gols, inclusive na Libertadores, mas ficou marcado no 1º semestre pelo discurso sensacional antes do jogo decisivo contra o Galo na fase de grupos da competição sul-americana. Vencemos inclusive com um gol dele, de pênalti, e ele terminou falando sobre aquele ser o último ano de sua carreira. Aquele Rogério parecia crente que ele terminaria sua trajetória como jogador vencendo a maior competição da América. Infelizmente, foi humilhado em seguida pelo mesmo Atlético, levando 6 gols no confronto das oitavas. E a partir dali só viriam coisas ruins na temporada.

Passou por um pequeno vexame ao tentar desconcentrar o Pato no último pênalti da disputa entre São Paulo e Corinthians na semi do Paulistão. Falhou. Em seu provável último ano, foi um dos responsáveis pela pior fase da história do clube, no meio do ano. Foi bater pênalti contra o Bayern na Audi Cup. Falhou. Contra a Lusa, no Brasileirão. Falhou. Contra Criciúma e Corinthians, também falhou. No inferno, o nosso capitão não poderia ter uma despedida mais melancólica.

Mas o cenário mudou com a chegada de Muricy Ramalho. Os pênaltis entraram - primeiro dois com o Aloísio, depois um com o próprio Ceni. O Tricolor se recuperou, acabou com as chances de rebaixamento e com as seguidas derrotas. E Rogério se reergueu, fazendo jogos inspiradores para qualquer goleiro que tenha menos de 40 anos. Contra a Católica, no Chile (segundo confronto das oitavas da Sula) a consolidação: 9 defesas, todas difíceis. Pelo menos 7 milagres - e ainda tomou 3 gols. No final da temporada, depois do coro "Fica, Rogério!" de jogadores, comissão técnica e torcida, ele assinou a renovação por mais um ano. Provocando choro ou risada nos rivais, alegrias ou tristezas em nós, considero este o maior título (sim, considero a Copa Eusébio também, poxa) do ano. Por mim fica até os 100 anos, tranquilamente, eterno capitão.

Aloísio - Por Yuri Rodrigues
Foi um dos poucos motivos de alegria para a torcida tricolor, desde o período de vacas magras. Com 67 jogos e 22 gols, sendo 4 no Paulistão, 11 no Brasileirão, 2 na Libertadores, 2 na Sul-Americana, 1 na Recopa Sul-Americana, 1 na Copa Eusébio e 1 na Copa Suruga, foi destacado, acima de tudo, pela sua raça, ainda que faltasse técnica de vez em quando.

Como foi dito, fez gol na fatídica Recopa contra o Corinthians, no caso o gol de empate no jogo de ida no Morumbi, que o alvinegro venceu por 2x1, vários gols importantes no Brasileiro, como o gol da vitória contra o Náutico na Arena Pernambuco, que deu a 4ª vitória do time em 17 jogos, o da épica vitória em cima do Bahia na Fonte Nova por 1x0, que se deu por épica por causa do cenário no final, com o São Paulo com 2 a menos e tendo que segurar o resultado, os 3 no Rio Grande do Sul contra o Inter, que o Tricolor venceu por 3x2 e, claro, o da vitória contra a Portuguesa no Morumbi, por 2x1, que deixou o São Paulo ainda mais próximo de confirmar sua permanência. Fez o 1º gol na vitória contra o Benfica pela Copa Eusébio, que acabou com uma sequência de 6 jogos do time sem fazer gol e 14 sem vencer, e fez o gol de empate na Copa Suruga contra o Kashima Antlers (o Tricolor perdia de 2x0 e buscou o 2x2), que terminou com vitória dos japoneses por 3x2 nos acréscimos.

Ganso - Por Yuri Rodrigues
Na minha opinião, um dos emblemas da reação tricolor no 2º semestre. Muito mal durante os tempos de Ney Franco e Paulo Autuori, a recuperação do meia foi uma das grandes metas de Muricy Ramalho quando este retornou ao Morumbi. 

O atleta disputou 64 jogos, e apesar dos poucos gols, que foram 5, sendo 1 no Brasileirão (3x0 Náutico, Morumbi), 1 na Sul-Americana (1x3 Ponte Preta, Morumbi), 1 na Copa Suruga (3x2 Kashima Antlers, Kashima Soccer Stadium) e 2 no Paulistão (3x2 Ituano, Morumbi, e 2x1 Atlético Sorocaba, Morumbi), o meia conseguiu 9 assistências e foi destacado pelos desarmes (característica desenvolvida com Muricy), visão de jogo e lances de efeito, mas ainda criticado por ser bastante lento. Porém, isso não atrapalhou na reação de Ganso no 2º semestre e agora se tem uma grande expectativa para o ano que vem, imaginando que a diretoria possa reforçar o time com jogadores de qualidade e deixar o Ganso mais a vontade.

Jádson - Por Victor Castro
Uma das esperanças do torcedor são-paulino em um ano bom. Com a irregularidade de Ganso, Jadson era o responsável pela organização do time. O camisa 10 até começou o ano em alta, foi convocado por Felipão para disputar a Copa das Confederações, mas quando voltou, não foi mais o mesmo. Sem a mesma precisão nos passes, qualidade na finalização de longa e média distância, o jogador foi perdendo espaço e hoje não é nada mais do que um reserva, que ainda pode ser usado como moeda de troca na janela de transferências que está por vir. Para se ter uma ideia, o jogador no primeiro semestre (Campeonato Paulista e Libertadores) marcou 9 gols em 18 jogos e no restante da temporada, apenas 2 gols, na primeira rodada do Campeonato Brasileiro, contra a Ponte Preta, e na Sul-Americana, contra o Nacional de Medellín.

Tudo bem que o Jadson nunca foi um craque no Tricolor, nunca foi o jogador que desequilibrasse e que era considerado uma salvação do time. Mas fez falta, no momento em que esteve mal muitas vezes sofremos por não ter um ‘’10’’, faltou alguém que colocasse um atacante com plenas condições de finalizar, como ele fazia no inicio da temporada e no ano de 2012.

Lúcio - Por Victor Castro
Ah, o Lúcio... Contratado em Janeiro com a responsabilidade de acertar a defesa, de ser o xerife, fez de tudo no clube, menos isso. A começar pela expulsão infantil no clássico contra o Palmeiras no Campeonato Paulista, Lúcio deu uma cotovelada em Valdivia e deixou o time com um a menos ainda no primeiro tempo. Sequer 2 meses se passaram após o episódio do clássico, ele aprontou outra: após ser substituído por Ney Franco no jogo contra o Arsenal na Libertadores, o zagueiro saiu do estádio direto para o ônibus não esperando o término do jogo. E os erros de Lúcio não acabaram por aí, foi expulso de uma maneira idiota contra o Atlético/MG no Morumbi quando ganhávamos por 1x0, depois disso tomamos a virada e consequentemente, veio a eliminação. Hoje, ele está afastado e treina separadamente. Lúcio apenas justificou porque Antonio Conte, técnico da Juventus, o afastou do time; o zagueiro foi definitivamente uma vergonha.

Sem dúvida, a contratação do penta campeão do mundo com a seleção era arriscada. Mas ninguém imaginaria que desse tão errado, nem o mais pessimista são-paulino. As exibições do Lúcio me fizeram lembrar dos péssimos Jean Rolt e Xandão. Que Lúcio não vista nossa camisa nunca mais!

Luis Fabiano - Por Victor Castro
Ídolo da torcida. Era assim, como Jadson, uma das esperanças em um bom ano. Luis foi colecionando fracassos em 2013, apesar dos 22 gols na temporada, não correspondeu. As exibições ruins começaram no Campeonato Paulista, o pênalti perdido na semifinal contra o Corinthians foi a gota d’água. Na Libertadores a  mesma decepção, foi expulso ao reclamar com o árbitro, depois do jogo contra o Arsenal no Pacaembu, resultado foi uma suspensão de 4 jogos. E no Campeonato Brasileiro, marcou míseros 6 gols. Perdendo espaço no time, Luis Fabiano chegou a amargar a reserva, Aloísio ganhou espaço no time ao emplacar uma sequência de gols que o nosso 9 não teve no ano. Chegou a ser chamado por boa parte da torcida de ‘’Luis Pipoqueiro’’ e hoje não é considerado uma prioridade pra 2014, recentemente alguns diretores do clube declararam que ele pode ser vendido caso propostas boas cheguem. 

Difícil falar sobre Luis Fabiano, um jogador com história no São Paulo (sexto maior artilheiro da história do clube) e que é amado por grande parte da torcida. É inegável a sua queda de rendimento (que por sinal foi estrondosa), ano passado, nosso camisa 9 marcou 31 gols na temporada, sendo artilheiro da Copa do Brasil e vice artilheiro do Brasileirão. Não devemos crucificá-lo por uma queda geral do elenco, espero sua redenção, Fabuloso.

Osvaldo - Por Diogo Magri
O camisa 17 terminou 2012 em alta - fez até gol na final da Sul-Americana e foi um dos protagonistas do time de Lucas. Sem o camisa 7 (e sem reforços a altura), os destaques do time titular deveriam ficar por conta de Lúcio, Jádson, Ganso e Luis Fabiano. Mas quem comandou o time no primeiro semestre de 2013 foi Osvaldo; com jogadas genais, dribles fantásticos e uma boa velocidade combinada com uma grande eficiência, Cristiano Osvaldo foi o melhor jogador do Tricolor na primeira metade de 2013. Chegou até a ser presença nas primeiras listas de Felipão na Seleção. Na sua volta, contra o Corinthians na semifinal do Paulistão, logo no começo teve uma lesão na coluna em uma queda feia depois de sofrer falta. Ficou pouco tempo parado, mas o Osvaldo nunca mais seria digno da comparação com o famoso português.

Não rendeu na parte final do trabalho de Ney Franco e muito menos com Paulo Autuori. Quando a dupla de ataque é "Osvaldo e Aloísio", o torcedor tricolor mais fanático logo se lembra da pior fase da história do clube, que ocorreu no meio deste 2013, quando os dois eram os titulares (muito em função da lesão de Luis Fabiano). Alguns logo justificavam sua má fase dizendo que esta era fruto da má fase do time inteiro. Mas não: Com Muricy, logo cedo perdeu a vaga para Welliton, vindo do Grêmio. Depois, para Ademílson. Ainda teve algumas oportunidades no fim do ano, mas não convenceu e é forte candidato a ser usado como moeda de troca nessa janela de fim/começo de temporada. Ficará a dúvida sobre qual é o verdadeiro Osvaldo: o do 1º semestre ou o do 2º semestre.

Rodrigo Caio - Por Yuri Rodrigues
Outro que foi uma das “exceções a regra” nesse complicado ano do Tricolor, com 58 jogos e 4 gols no ano, sendo 1 no Paulistão, contra o São Bernardo (2x1, Estádio Primeiro de Maio), e 3 no Brasileirão, um contra Atlético-PR (1x1, Morumbi), um contra o Vasco (2x0, São Januário) e outro contra a Portuguesa (2x1, Morumbi), que foram seus primeiros como profissional. 

Só que o Rodrigo Caio foi destaque por suas atuações defensivas. Enquanto Edson Silva e Paulo Miranda estavam lesionados, o garoto foi improvisado na zaga ainda com Autuori e deu conta. Destacado principalmente por sua inteligência, seus desarmes e um aproveitamento muito bom nas divididas pelo alto, continuou na zaga quando Muricy assumiu e é, sem dúvidas, uma das gratas surpresas desse ano e um dos principais responsáveis pela reação no Brasileiro. Tem tudo para ser titular em 2014.

Muricy Ramalho - Por Diogo Magri
Pouquíssimas torcidas brasileiras tem treinadores como ídolos. Menos ainda cantam seus nomes, estejam eles dirigindo os times no momento ou não, em seus jogos. O São Paulo faz isso com Telê e Muricy. Neste ano, após a demissão de Muricy do Santos, o grito pelo tricampeão brasileiro ecoou ainda mais forte no Morumbi. Quando Ney Franco saiu, então, nem se fala. Entretanto, Paulo Autuori foi contratado por Juvenal em vez de Muricy - na época, apoiei, alegando que Autuori não estava em baixa como o nosso ex-treinador que teve um péssimo fim de trabalho no rival praiano. Queimei a língua.

Autuori não nos salvou por inteiro e Muricy veio como última aposta. E deu muito certo. Taticamente e psicologicamente, usando (com mínimas exceções) o mesmo elenco, ele mudou o time. Deu confiança para Ganso, que viveu os melhores meses de SPFC com ele, ser o cara do time; passou a responsabilidade para Maicon (como volante) e Ademílson (como atacante pelos lados) serem titulares em posições que não haviam jogado antes; e reforçou o desclocamento do Rodrigo Caio para a zaga, atuando como líbero do 3-5-2, o que foi fundamental para a melhora do time. Resumindo: nos tirou da 18º posição e nos deixou em 9º e, mesmo sendo eliminado surpreendentemente na Sula, fez uma campanha digna de Libertadores com um time bem limitado no 2º turno do Brasileirão. Obrigado, comandante. Fica para sempre.



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Autor: Diogo Magri

17 anos, são-paulino do interior. Tenho trauma de bola parada, de pênaltis e de elogios ao goleiro antes do fim do jogo. No C11, falo de futebol europeu. Na vida, tento sofr... digo, ser jornalista.
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