Quando se contrata um jogador (falando sobre os normais), geralmente sabemos logo as qualidades do rapaz e vamos descobrindo seus defeitos e limitações jogo a jogo. À medida que o tempo vai passando, vamos colocando defeitos e qualidades na balança e formando a opinião se queremos aquele jogador no nosso time ou não.
Quando se trata de treinadores, deveríamos fazer a mesma coisa, mas não é o que acontece. É bem verdade que é mais difícil conhecer o trabalho de um treinador quando não se acompanha o mesmo de perto, quando está treinando um time de outra região. Acabamos vinculando muito o treinador aos resultados que seu time obtém. É o "parâmetro oficial". É claro que levo isto em consideração, mas procuro conhecer mais do técnico antes de julgá-lo, ser o menos superficial possível.
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| Cristóvão Borges - Treinador do Bahia |
Quando o corrupto/safado/fdp irresponsável do Marcelo Guimarães Filho, contra praticamente toda a torcida, contratou Joel Santana, já sabíamos o desfecho. Um desastre atrás do outro e o retranqueiro caiu. O time era um bando. Pareciam amadores. Cristóvão Borges chegou entre o 1° e o 2° jogo das finais do Baianão 2013. A expectativa para a campanha do Bahia no Brasileirão era a pior possível. Porém, em poucas rodadas no nacional, o time era outro, completamente diferente. Já era possível escalar o time de cor, o time tinha uma forma de jogar bem definida. Cristóvão deu a cara dele à equipe.
Mas o que sabíamos de C. Borges até então? Sabíamos que ele tinha identificação com o Esquadrão, foi formado como jogador nas nossas divisões de base. Sabíamos também que ele teve uma boa passagem pelo Vasco da Gama, onde assumiu como interino após o AVC de Ricardo Gomes, e levou o time carioca até a segunda colocação no Brasileiro de 2011 e às semi da Sulamericana. Efetivado no comando no clube, chegou ao recorde de manter a equipe por 48 rodadas seguidas no G4. Caiu do cargo após tomar um sacode de 4 x 0 do próprio Bahia, em São Januário (Jones Carioca tem esse jogo no DVD, tenho certeza!). Foram 41 vitórias em 78 partidas, 60% de aproveitamento.
Voltando ao Bahia: o time começou a jogar bem, tinha uma marcação muito forte, um contra-ataque rápido, tudo funcionava. Chegamos até ao G4! Mas até mesmo os torcedores do Bahia desconfiavam e se perguntavam: "ESSE TIME vai conseguir manter a pegada até o fim?".
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| Posição do Bahia na tabela jogo a jogo. Fonte: Globo.com |
Não manteve. Normal, o time é bastante limitado, CB estava tirando "leite de pedra", era o que se ouvia. Entretanto, a queda foi vertiginosa demais. O time relaxou, quem antes rendia deixou de render e hoje muitos creditam ao mesmo Cristóvão, que antes era o salvador da pátria, a culpa pela derrocada tricolor.
De fato, conseguimos perceber algumas falhas no comandante:
1- Cristóvão substitui mal.
Por diversas vezes colocou volantes perdendo o jogo, além de outras substituições que ninguém entende, como Souza na armação vez ou outra.
2- É insistente demais com jogadores que não estão rendendo.
Demora a perceber que o jogador não está em boa fase para substituí-lo. Vide Marquinhos Gabriel atualmente.
3- Não dá ao time mais de uma forma de jogar.
Desde que implantou o 4-3-3 com 3 volantes, não mudou mais. Contra o Náutico, só na hora do desespero ele colocou o time pra frente e conseguiu ganhar o jogo.
4- É "tranquilo" demais.
Não sei se é exatamente um defeito, mas na atual situação do time, um esporro pode ajudar. E não parece ser o perfil dele dar tapa na mesa e tocar o terror num vestiário. Às vezes é necessário ser mais enérgico para que um jogador saia da zona de conforto, e não consigo ver essa pessoa em Cristóvão.
A pergunta: Você demitiria Cristóvão? Minha resposta: não.
Comecei dizendo, todos têm qualidades e defeitos. Nosso treinador também. CB pegou o time desmantelado e deu corpo. Mas acho que nem José Mourinho daria jeito nesse time. Demitir ele agora para colocar quem, faltando 3 rodadas para o fim do campeonato? Digo mais, ele tem contrato com o Bahia até o fim de 2014. Acho que pode fazer um bom trabalho no Bahia se pegar o time desde o início da temporada, indicando e participando da contratação de jogadores com o perfil que deseja. Talvez com um time do seu jeito, ele não seja tão covarde como tem sido e não faça tantas improvisações, especialmente na lateral direita. Quem consegue pegar um time sem NENHUM meia armador como opção REAL (e não meia-bocas, que é o que temos hoje) e ter um ataque efetivo? CB conseguiu dar um mínimo de qualidade à equipe quando chegou e agora está tendo tendo trabalho para reencontrar aquela postura de antes, frisando novamente, em um elenco EXTREMAMENTE LIMITADO. Não vejo a solução para o Bahia hoje passando pela demissão dele. Tem muita coisa pra mudar antes disso. Treinador não é mágico nem faz milagre.
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Autor: Rafael Pimenta
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