De 1980 até 2009, houveram seis anos onde o Flamengo mandou no Brasil. Só quem tem esse amor profundo e inigualável sabe o que é pertencer ao maior patrimônio de torcida do país e ter visto a camisa rubro-negra ficar de pé, perante os joelhos dos demais clubes da nação.
Literalmente, o rubro-negro viveu sua época de glória no início da década de 1980, onde a frase “Craque, o Flamengo faz em casa!” era a mais pura verdade: Zico, Cantarelli, Rondinelli, Adílio, Leandro, Júnior, Andrade e Tita, que subiram da categoria de base entre 1973 e 1975 para o profissional, lideravam aquele time e faziam uma campanha fantástica... Como esquecer essa geração?
Ou talvez o maestro Júnior liderando em 1992 e a cabeçada certeira de Ronaldo Angelim, após a cobrança de escanteio perfeita de Petkovic em 2009? Esses momentos justificam o fato de sermos acima de tudo, rubro-negro!
Vamos dar um passeio por cada um dos SEIS títulos brasileiros do Mengão:
1980
Com o desmembramento da CBD, foi criada a CBF e houve uma mudança no cenário de competições do Campeonato Brasileiro: A até então nova entidade controladora do futebol nacional, foi pressionada pelas reclamações dos grandes times por conta do inchaço recorde de 94 times disputando o torneio. Número que foi reduzido aos 40 times mais fortes do Brasil na primeira divisão, nomeada Taça de Ouro.
Taça de Prata e Taça de Bronze eram as divisões de acesso definidas naquele ano. Com isso, eram 4 grupos de 10 times. O Flamengo havia ficado no Grupo C, ao lado de Santos, Botafogo/PB, Internacional, Ponte Preta, Ferroviário/CE, Náutico, São Paulo/RS, Mixto/MT e Itabaiana/SE. 9 jogos para cada um e turno único, onde os 7 primeiros de cada chave avançavam para a segunda fase da competição.
O Mengão avançou com a vice-liderança da chave, obtendo 5V, 3E e 1D, ficando atrás apenas do Santos que obteve uma vitória a mais. Na segunda fase, o grupo seria o J, ao lado de Bangu, proveniente da Taça de Prata, Santa Cruz e Palmeiras: 1º lugar obtido com sucesso, com 10 pontos em 6 jogos: 4V, 2 empates e nenhuma derrota. Nesta fase, foram 8 grupos com 4 times em cada, e o Palmeiras foi o segundo colocado no grupo do Rubro-Negro, avançando também para a terceira fase.
Que por sua vez, era mais reduzida um pouco... Eram apenas 4 grupos de 4, onde o Flamengo voltaria a encontrar o Santos e a Ponte Preta, “vizinhos” de grupo na fase inicial. Além dos paulistas, a Desportiva/ES completava o grupo O. Dessa vez, apenas o campeão de cada chave avançava para a próxima fase e o 1º lugar foi rubro-negro: 3 jogos, 2 vitórias e 1 empate. O sonho do primeiro título brasileiro ficava mais próximo.
O adversário na semifinal seria o Coritiba: Jogos de ida e volta, com o jogo decisivo sendo no Maracanã. Na ida, 2 a 0 para o Flamengo em pleno Couto Pereira, com 2 gols de Zico. Na volta, uma partida memorável: Após estar sendo derrotado surpreendentemente por 2-0, o Mengão conseguiu uma virada heroica: 4-3, e o Flamengo estava em sua primeira final de Campeonato Brasileiro.
O adversário na final? O timaço do Atlético MG, com Reinaldo & Cia e que haviam eliminado o Internacional na semifinal. Na partida de ida, o Flamengo viajou até Belo Horizonte sem o seu principal craque: Zico havia se machucado contra o Coxa e estava fora do jogo. Em campo, Júnior falhou e a bola ficou de presente para Reinaldo fazer o gol da vitória atleticana: 1-0 e o Mineirão lotado literalmente balançava após o tento do maior ídolo do Galo Doido.
Três dias depois, era a hora da verdade no Maracanã. Lotado, amarrotado e que contava com o retorno do Galinho de Quintino, que deixou o artilheiro das decisões, Nunes, na cara do gol. 1-0. Porém, Reinaldo empatou batendo firme na entrada da pequena área, porém Zico, ainda no primeiro tempo, aproveitou rebote da defesa mineira e colocou o Mengão novamente na frente: 2-1; Foi o 21º gol de Zico naquele torneio.
Entretanto, na segunda etapa e numa jogada de pura raça, Reinaldo, nas costas da defesa rubro-negra, empatou de novo: 2-2 e sua imagem comemorando mancando é inesquecível. Mas a festa no final seria vermelha e preta! Nunes, em uma das jogadas mais lindas da história do clube, deixou o defensor Silvestre, do Atlético, tonto, zonzo, hipnotizado. Arrancou da ponta esquerda da área rumo ao gol e mandou pra rede: Era o gol do título, heroico, sofrido e mágico. A história começava ser escrita dentro de um Maracanã que estava pintado de vermelho e preto e via uma taça brilhar nas mãos dos heróis daquela conquista.
Time-base
Raul; Toninho, Rondinelli, Marinho e Júnior; Andrade, Carpeggiani, Zico e Tita; Nunes e Júlio César. Técnico: Cláudio Coutinho.
Raul; Toninho, Rondinelli, Marinho e Júnior; Andrade, Carpeggiani, Zico e Tita; Nunes e Júlio César. Técnico: Cláudio Coutinho.
Curiosidade
Zico foi o artilheiro do Flamengo naquele campeonato com 21 gols, sendo que o time fez 46 em todo o torneio. O galinho também foi o artilheiro da competição e recebeu o prêmio de melhor jogador.
Zico foi o artilheiro do Flamengo naquele campeonato com 21 gols, sendo que o time fez 46 em todo o torneio. O galinho também foi o artilheiro da competição e recebeu o prêmio de melhor jogador.
1982
Após levantar a taça da Libertadores e do Mundial em 1981, o Flamengo chegava para o Brasileirão-82 já sob o comando de Paulo César Carpeggiani, campeão dois anos antes como jogador.
O formato de disputa era um pouco parecido do de 1980. Na primeira fase, eram 40 times organizados em 8 grupos de 5 times em cada, onde os três primeiros avançavam de forma direta para a segunda fase e o quarto colocado iria para a repescagem, em sistema de turno e returno.
O Flamengo enfrentava São Paulo, Náutico, Treze/PB e o Ferroviário na primeira fase. 1ª colocação garantida, com 7 vitórias em 8 jogos.
Na segunda fase, foram os 24 times classificados da primeira fase, mais 4 clubes vindos da repescagem, mais os 4 clubes campeões da Taça de Prata divididos em 8 grupos de 4 clubes, jogando entre si dentro das chaves, em turno e returno, classificando-se para a próxima fase apenas os dois primeiros colocados.
Internacional, Corinthians e Atlético MG foram os adversários, onde a equipe paulista avançou à fase de mata-mata ao lado do Mengão. Até a final, os adversários foram Sport (Oitavas), Santos (Quartas) e Guarani (Semis); Na final, o adversário era o Tricolor gaúcho, onde pela primeira vez na história do torneio, houve a necessidade de um jogo extra para definir o campeão.
Com Tonho abrindo o placar para o Grêmio aos 38’ da segunda etapa dentro do Maracanã, coube a ZICO empatar aos 44’, de forma dramática. No segundo jogo no estádio Olímpico em Porto Alegre, um jogo sem gols que forçou a tal terceira partida, vencida pelo Flamengo por 1-0, com um gol aos 10’ da primeira etapa, de Nunes, o artilheiro das decisões: Festa vermelha e preta em Porto Alegre e o bicampeonato nacional sendo levantado pelo Flamengo no sul do país, onde como o próprio Andrade definiu: “Vencer o Grêmio no RS era praticamente impossível”. Foi possível, o Mengão era bi!
Time-base
Raul; Leandro, Marinho, Figueiredo e Júnior; Andrade, Adílio e Zico; Tita, Nunes e Lico. Tecnico: Paulo César Carpeggiani
Raul; Leandro, Marinho, Figueiredo e Júnior; Andrade, Adílio e Zico; Tita, Nunes e Lico. Tecnico: Paulo César Carpeggiani
Curiosidade
Novamente, Zico foi o artilheiro com 21 gols e esse foi o único título brasileiro que o Flamengo conquistou, onde o jogo do título não ocorreu no Maracanã.
1983
O time mais talentoso e encantava o país com seu belo futebol, viu chegar uma garotada e alguns reforços para modelar o time. Como o atacante Baltazar, o artilheiro de Deus, que perdera a decisão para o próprio Flamengo, atuando pelo Grêmio no ano anterior.
O formato de disputa era o mesmo do ano anterior, com apenas a inclusão de mais uma fase de grupos antes do mata-mata decisivo. Com isso, seguiam-se 8 grupos de 5 times em cada, avançando para a segunda fase os três primeiros, com o quarto colocado indo para a repescagem.
Com isso, o Flamengo caiu no Grupo A, ao lado de Santos, Rio Negro/AM, Paysandu e Moto Club. Ficou com a 2ª posição, com 8J, 5 vitórias, 2 empates e 1 derrota, destaque para o mítico 7-1 sobre o amazonense Rio Negro, no Maracanã. Santos e Rio Negro avançaram para a segunda fase, ao lado do rubro-negro carioca.
Na segunda fase, o grupo foi o M, ao lado de Palmeiras, Americano de Campos e o Tiradentes. 8 pontos em 6 jogos e o time avançou em segundo lugar, abaixo do Palmeiras que avançou de forma invicta à terceira fase. 3 vitórias, 2 empates e 1 derrota.
Na terceira fase, o Mengão caíra no grupo T, ao lado de Goiás, Corinthians e Guarani e finalmente a síndrome de Vasco foi vencida, com o Flamengo avançando em 1º no grupo e garantindo vaga no mata-mata: novamente 8 pontos em 6 partidas, com 2 vitórias, 2 empates e 1 derrota, com destaque para o 5-1 sobre o Corinthians no Maracanã; O Goiás avançou em segundo.
No mata-mata, os adversários foram Vasco (Quartas) e Atlético PR (Semis), até chegar na final contra o Santos de Serginho Chulapa, que terminaria o campeonato como artilheiro com 22 gols, recordista de gols em uma única edição (que em 2011 foi batido pelo atacante Borges, quando atuava pelo Santos).
Com o primeiro duelo acontecendo num Morumbi lotado, o Peixe venceu por 2 a 1, com gols de Pita e Serginho Chulapa. Porém, o “Artilheiro de Deus” diminuiu aos 22’ da segunda etapa e deu uma sobrevida ao rubro-negro no duelo.
Se no Morumbi haviam 114.481 torcedores, na semana seguinte, o Maracanã recebeu o incrível público recorde de 155.523 espectadores que amarrotaram o estádio até não caber nem uma simples formiga.
Essa multidão assistiu a um show inesquecível do Mengão: 3-0, com gols de Zico, Leandro e Adílio, fora o baile. Zico, ídolo maior da nação rubro-negra, já estava vendido para a Udinese/ITA e isso originou a música de Moraes Moreira:
“E agora como é que eu fico nas tardes de Domingo, sem Zico no Maracanã...”
Time-base
Raul; Leandro, Marinho, Figueiredo e Júnior; Vítor, Adílio e Zico; Élder, Baltazar e Nunes. Técnico: Carlos Alberto Torres.
Curiosidade
Dessa vez, Zico não foi o artilheiro da competição. Ele fez 17, cinco a menos do que Serginho Chulapa, do Santos, que terminou o campeonato como vice-campeão, porém apenas disputou o torneio por ter sido convidado pela CBF, já que havia ido relativamente mal no Campeonato Paulista: 8º lugar.
Raul; Leandro, Marinho, Figueiredo e Júnior; Vítor, Adílio e Zico; Élder, Baltazar e Nunes. Técnico: Carlos Alberto Torres.
Curiosidade
Dessa vez, Zico não foi o artilheiro da competição. Ele fez 17, cinco a menos do que Serginho Chulapa, do Santos, que terminou o campeonato como vice-campeão, porém apenas disputou o torneio por ter sido convidado pela CBF, já que havia ido relativamente mal no Campeonato Paulista: 8º lugar.
Essa foi a primeira parte, os três primeiros títulos brasileiros do Flamengo. Jogos inesquecíveis de uma geração eterna no coração rubro-negro. Ídolos que estarão sempre entre as maiores lendas da história do clube, onde desde o mais idoso ao mais jovem adepto, terá a noção de que Zico, Júnior, Leandro, Adílio, Andrade, Nunes, Rondinelli, não foram apenas ótimos jogadores, craques, porém são ídolos e não importa se você viu jogar no Maracanã ou não, eles fizeram a história do Flamengo.
Dos três campeonatos, qual você achou a conquista mais linda? Ou talvez, o jogo mais épico? Eu particularmente acho a final de 1980, a conquista mais célebre. Deixe sua opinião e VAAAAAAMOS FLAMEEEENGO! #SRN
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Este foi o texto que relembra os títulos do Campeonato Brasileiro do Flamengo. O que achou? A publicação foi feita pelo colunista Felipe Henriques, torcedor fanático do Flamengo. Gostaria de conversar mais sobre o tema com ele? Encontre-o em seu Twitter.
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