Solidez e um pouco de oportunismo

A um passo do tricampeonato regional, Sport passa por primeira parte da final com grande vantagem

Foto: Paulo Paiva/DP/D.A. Press


Como já há algum tempo não se via, para ser mais exato, há 6 anos, a Ilha do Retiro esteve abarrotada de gente e de esperança, ante a possibilidade da conquista de mais uma taça de expressão. O Sport voltou a disputar uma final com valor, apesar de muitos apesares, como mudança de treinador e uma campanha fraca na primeira fase.

As quase 28 mil pessoas presentes no estádio, segundo números do borderô oficial, viram um Sport mais acuado do que de costume, pelo menos desde que Eduardo Baptista assumiu o comando. Ainda assim, a defesa permanecia firme, fazendo uma marcação pesada do meio pra trás. O problema é que, nesse sistema, as linhas do esquema 4-3-3 montado por Baptista ficavam distantes, com pouca conexão trabalhada entre o ataque e o meio, além de ter um camisa 10 novamente inoperante, mesmo havendo um trabalho de giro de posição entre os homens de frente.

O Ceará veio com a fama de ter o ataque mais positivo da competição, além de um toque de bola diferenciado para os times nordestinos. Em um 4-1-3-2 rotativo, o Vozão bem que tentou, mas a forte marcação dos pernambucanos impediu um ímpeto maior dos visitantes. Os destaques alencarinos ficaram por conta do experiente Magno Alves que, no alto de seus 38 anos, estava correndo bem mais do que qualquer outro, e do lateral-esquerdo Vicente, que, apesar de não ter sido brilhante, ia à frente com perigo, contando com as idas constantes à frente do ala-direito do Sport, Patric.

O Leão conseguiu abrir o placar cedo, aos 10 minutos do primeiro tempo, após falha do defensor Anderson e oportunismo de Neto Baiano, mas só foi tranquilizar sua torcida no finalzinho do jogo, aos 41 da segunda etapa, com o lateral Danilo. Entre momentos, alguns sustos.


Foto: Diego Nigro/JC Imagem



O jogo

Nervoso. Dá pra definir assim o começo da partida para os rubro-negros. A defesa deu um vacilo logo aos dois minutos, e Magno Alves conseguiu invadir a área e chutar. Magrão cresceu à sua frente e mandou para escanteio. Cinco minutos depois, porém, foi a ver do Ceará falhar. Aílton aproveitou e chegou chutando torto, mandando para fora. O próprio Aílton, logo depois, cobrou falta na área e o goleiro Luís Carlos saiu mal por cima, tendo sorte de a bola ir para a linha de fundo.

Aí a pontaria do Sport melhorou um pouco, ao ponto de, aos 10 minutos, Neto Baiano aproveitar uma falha do zagueiro Anderson em disputa de bola e estufar as redes cearenses. Placar aberto e Ilha explodindo de emoção. A marcação ficou mais sólida daí em diante. Por mais que os alvinegros tentassem, formou-se um escudo à frente do goleiro Magrão, com poucas chances de real perigo criadas contra o arqueiro leonino. Entretanto, isso causou um efeito colateral: o Ceará ficou por muito tempo no ataque, encurralando o Sport e não o deixando sair para o campo ofensivo. Por fim, o Leão acordou e voltou a ofender os alvinegros, contando com uma raça aguerrida muito grande do centroavante Neto Baiano. O último grande lance, de tirar o fôlego, foi uma falta cobrada por Aílton, que passou rente à quina da trave.


Foto: Paulo Paiva/DP/D.A. Press


Após o intervalo, com as equipes voltando sem modificações, as ações de jogo ficaram mais equilibradas, mas o Sport passou a dar um pouco mais de espaço, o que se mostrou bastante perigoso. Foi então que o dedo de Eduardo Baptista agiu. O comandante rubro-negro sacou o pouco eficiente Érico Júnior e colocou em campo o ala Danilo, o que seria determinante para o resultado final. Renê foi mantido no lado esquerdo da defesa e o camisa 18 foi fazer o papel de ponta.

O Sport ficou mais perigoso. Aos 31 minutos, um contra-ataque veloz pela direita puxado por Patric resultou em um lance de quase-gol. Dois minutos depois, o volante João Marcos foi expulso por falta em Rithely, que havia entrado para substituir o meia Aílton e o técnico Sérgio Soares teve que recompor com Michel. Ananias, cansado após realizar um intenso trabalho de ponte entre meio e ataque, além de colaborar muito na marcação, deu lugar a Sandrinho. Então, aos 41, o Sport ataca novamente pela ponta direita e a bola é cruzada na área. Danilo é mais rápido que o marcador e chega completando para o fundo do gol, ampliando a vantagem e fazendo a Ilha do Retiro incendiar.

O jogo de volta, na próxima quarta-feira, vai determinar o campeão nordestino de 2014. O embate será realizado na Arena Castelão, em Fortaleza. Antes, porém, o Sport tem o compromisso pela semifinal do Campeonato Pernambucano, contra o Santa Cruz, neste domingo.



FICHA DO JOGO:
Sport 2 x 0 Ceará
Estádio da Ilha do Retiro, Recife-PE

Sport: Magrão, Patric, Ferron, Durval e Renê; Ewerton Páscoa, Rodrigo Mancha e Aílton (Rithely); Neto Baiano, Ananias (Sandrinho) e Érico Júnior (Danilo). Técnico: Eduardo Baptista.
Ceará: Luís Carlos, Samuel Xavier, Sandro (Gabriel Santos), Anderson e Vicente; João Marcos, Souza (Michel), Ricardinho e Rogerinho; Bill e Magno Alves (Assisinho). Técnico: Sérgio Soares.

Gols: Neto Baiano (10' do primeiro tempo) e Danilo (41' do segundo tempo).
Cartões amarelos: Ferron, Renê e Danilo (Sport); João Marcos e Bill (Ceará).
Cartões vermelhos: João Marcos (Ceará).

Arbitragem: Cláudio Francisco Lima e Silva (SE), auxiliado por Carlos Jorge Tirra da Rocha (AL) e Luis Carlos Câmara Bezerra (RN).

Público presente: 27.519
Renda: R$ 406.225,00



GOLS DA PARTIDA:
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Autor: Mike Torres

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