[Especial: Brasileirão 2015] Os maestros, o Imperador, a moral


Depois de relembrarmos os três primeiros títulos brasileiros do Mengão, hora de falar dos três mais recentes: 1987, 1992 e 2009. SIM, falarei do polêmico e insano torneio nacional de 1987, onde um tal de Sport Recife cisma em afirmar que é o campeão daquele ano.

Perdoai-o, Senhor. Ele não sabe o que faz/fala.

Enfim, voltando para o Flamengo, falemos rapidamente o motivo de sermos os legítimos campeões da Copa União 1987:


A história é simples: Haviam dois módulos com 16 clubes cada: Módulo Verde, equivalente à Primeira Divisão, e Módulo Amarelo, segundona da época.

Com isso, Flamengo e Internacional realizaram as melhores campanhas do Módulo Verde e, hipoteticamente, fariam a decisão. Hipoteticamente. Durante o torneio, a CBF determinou que seria preciso um quadrangular final entre os dois campeões do módulo verde e do amarelo, para, enfim, definir o campeão brasileiro daquele ano. Flamengo e Inter foram contra, apesar de Eurico Miranda representar o Clube dos 13, assinando o documento de aceitação do regulamento, com uma posição totalmente contrária de cariocas e gaúchos.

Com a posição contrária de Flamengo e Internacional em não comparecerem para os duelos contra Sport e Guarani, campeões do Módulo Amarelo, o rubro-negro pernambucano ficou com o “título brasileiro” daquele ano. Algo pífio, já que ambos não enfrentaram os principais times do país, como fizeram Flamengo e Internacional. Além disso, longe dos tribunais e dentro do campo e na moral, o Rubro-Negro foi o melhor time da competição.

Na primeira fase, eram duas chaves: O Flamengo estava na A, ao lado de Atlético MG, Grêmio, Palmeiras, Botafogo, Bahia, Santa Cruz e Corinthians. No primeiro turno, um grupo jogava contra o outro, que contava com Internacional, Fluminense, Cruzeiro, Vasco, Goiás, São Paulo, Coritiba e Santos. Após fazer um primeiro turno bem abaixo do esperado, com 2 vitórias em 8 jogos, a reviravolta no returno foi digna de aplausos, conseguiu 10 pontos e na soma de todos os times, ficou com a segunda vaga, abaixo do Atlético MG, adversário na semifinal e que jogava por dois empates.

Na primeira partida, vitória rubro-negra por 1-0, gol de um garoto promissor e que sonhava jogar com seu ídolo Zico, que retornara da Itália dois anos antes. Um tal de Bebeto...

Bebeto que também marcaria na partida de volta no Mineirão. Vitória suada, sofrida por 3-2, onde o Mengão chegou a abrir 2-0 e permitiu o empate atleticano. Foi quando Renato Gaúcho, numa arrancada de pura raça, driblou o arqueiro adversário e garantiu a passagem rubro-negra para a final, contra o Colorado.

No primeiro jogo, em Porto Alegre, empate em 1 gol, com Bebeto novamente marcando para o Flamengo, e Amarildo igualando o marcador para os gaúchos. No Maracanã, vitória por 1-0 e de quem foi o gol? Bebeto, o novo artilheiro das decisões, lugar que o torcedor já havia acostumado a ser ocupado por Nunes. Tetracampeonato brasileiro no campo e na moral, vencendo os times mais fortes do país naquela temporada e sem contestação.

Time-base

Zé Carlos; Jorginho, Leandro, Edinho e Leonardo; Andrade, Aílton, Zinho e Zico; Renato Gaúcho e Bebeto. Técnico: Carlinhos.

1992


O pentacampeonato do Mengão veio sob a batuta de um maestro: Júnior, aos 38 anos, voltara ao rubro-negro para comandar uma garotada bastante promissora que subia ao profissional, oriundos das categorias de base da Gávea, como Júnior Baiano, Nélio e Marcelinho Carioca.

Embora a campanha estivesse sendo conturbada, cheia de altos e baixos durante o torneio, a final contra o Botafogo seria inesquecível. Com o alvinegro realizando uma campanha melhor e chegando à decisão como favorito, quem foi ao Maracanã no dia 12 de Julho daquele ano assistiu a um verdadeiro passeio rubro-negro: 3-0, com gols de Júnior, Nélio e Gaúcho.

No jogo da volta, o Flamengo abriu 2-0, com Júnior e Júlio César, mas permitiu a reação alvinegra até o empate: 2-2 e o pentacampeonato sob a maestria de um ídolo veterano que ainda terminou o campeonato como artilheiro do time com 9 gols

Curiosidade

Durante o segundo jogo da final, uma grade da arquibancada do Maracanã cedeu, provocando a queda de centenas de pessoas para o anel inferior e a morte de 3 torcedores. A partir daí, o Maracanã foi reformado e nunca mais recebeu um público tão grande.

Time-base

Gilmar; Fabinho, Júnior Baiano, Wilson Gottardo e Piá; Uidemar, Júnior e Zinho; Nélio, Júlio César e Gaúcho. Técnico: Carlinhos.

No elenco, o Flamengo ainda tinha nomes como Djalminha, Paulo Nunes e Sávio. Garotada boa de bola, não?

2009


Mas se o assunto em 1992 foi o veterano que conseguiu orquestrar a garotada rumo ao título, 17 anos depois aconteceria o mesmo com um sérvio de 36 anos que voltara à Gávea, onde seria imortalizado no hall de ídolos da torcida: Dejan Petkovic.

Quem não se lembra do épico gol de falta aos 43’ do segundo tempo contra o Vasco na decisão do Campeonato Carioca de 2001? Marcado por ele, imortalizado por ele e mesmo que ele tenha atuado com a camisa de Vasco e Fluminense, nós sabíamos que o Pet era rubro-negro. Vê-lo atuar com o manto era diferente.

O título de 2009 foi improvável. Palmeiras, São Paulo e Atlético MG realizavam uma campanha melhor durante a maior parte do torneio que já era, desde 2003, disputado no sistema atual de pontos corridos. Além disso, o time sofrera goleadas que machucaram para Coritiba e Sport, o que culminaram na demissão do até então técnico Cuca... Tal qual Carlinhos em 1987 e 1992, alguém que conhecia a Gávea como poucos seria efetivado para pintar mais uma taça nacional de vermelho e preto: Andrade, que fizera parte da mais brilhante geração rubro-negra de todos os tempos.

Andrade nunca tinha recebido a oportunidade de ser efetivado no cargo, sempre como interino atuando em alguns jogos esporádicos. Quando teve a chance, recebeu o apoio da torcida, que receberia mais um presente: um reforço identificado com ela: O Imperador voltava, Adriano seria o homem gol daquele campeonato.

Alguns jogos daquela recuperação estão na minha memória até hoje, até por ser o único título brasileiro que vi o Flamengo conquistar. (Em 1992, tinha meses de idade ainda...) Vitórias sobre Coritiba, São Paulo (Essa vitória é a minha favorita de toda a campanha, de virada, contra o até então atual tricampeão brasileiro), Santos - com o goleiro Bruno defendendo dois pênaltis de Paulo Henrique Ganso - Palmeiras, Náutico e Atlético MG fora de casa... Ah, 2009, que saudades!

Quem viveu aquele campeonato intensamente certamente se emociona. A arrancada do penúltimo lugar rumo ao título foi realmente digna de Flamengo. Adriano, marcara 19 gols e dividiu a artilharia com Diego Tardelli, do Atlético MG. Petkovic foi o craque fundamental para que aquele título ocorresse; Como esquecer dos gols antológicos contra Palmeiras e Atlético MG, sem contar o pênalti batido de forma marota e sagaz, tirando onda com Rogério Ceni no Maracanã? A vitória sobre o Corinthians em Campinas por 2-0 colocou o time na liderança, a uma rodada do fim e dependendo só de si contra o Grêmio, que apenas cumpriria tabela, no Rio de Janeiro.

Porém, não haveria artilheiro das decisões. O gol do título não seria marcado por Petkovic, Adriano, ou até mesmo por Zé Roberto, que fazia um segundo turno irretocável: Ronaldo Angelim, o magro de aço, subiria ao ar para cabecear aos 24’ da segunda etapa e ficar para sempre na memória do torcedor, num lugar bem especial do coração. Quem pulou foi o zagueiro, o homem cearense que quase teve a perna amputada por conta de uma hemorragia interna, mas quem desceu ao chão foi o mito imortal. Um herói tão improvável como a conquista desse título: O HEXA, que reuniu a dramaticidade necessária para estar ao lado dos outros cinco, cada um com seus heróis, jogos inesquecíveis, mas todos pintados de vermelho e preto, com a legítima cara de FLAMENGO.

Time-base

Bruno; Léo Moura, David Braz, Ronaldo Angelim e Juan; Airton, Maldonado, Willians e Petkovic; Zé Roberto e Adriano. Técnico: Andrade.

Foi muito bom relembrar com texto, imagens e vídeos os seis títulos brasileiros do Mengão. Qual o seu favorito? Qual seu jogo de 2009 que você não esquece de jeito nenhum? Opine, mande brasa. Só nós, flamenguistas, sabemos e conhecemos esse amor inigualável, que está acima de tudo.

SÓ A NAÇÃO CONHECE A NOSSA PAIXÃO! #SRN

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Este foi o último texto que relembra os títulos do Campeonato Brasileiro do Flamengo. O que achou? As duas publicações foram feitas pelo colunista Felipe Henriques, torcedor fanático do Flamengo. Gostaria de conversar mais sobre o tema com ele? Encontre-o em seu Twitter.

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Autor: Unknown

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