Rogério Ceni - Relembrando os sucessos de uma trajetória #11



O São Paulo já escreveu seu nome na história do futebol brasileiro, conseguindo um bicampeonato. Mas não era o suficiente. Rogério Ceni iria liderar o Tricolor a mais um título, depois dos gloriosos anos anteriores, que resultaram em uma Libertadores e um Mundial em 2005, um Brasileirão em 2006 e outro em 2007. 2008 chegou e o tricampeonato também.



2008 – Goiás 0x1 São Paulo – O país pt.3

Aquele ano começou semelhante ao anterior, com eliminações no Paulistão e na Libertadores, dessa vez para o Fluminense que também sofreu com a maldiçãozinha do vice (mais informações em algum texto anterior), a eliminação não pode ser evitada, com aquele sofrível gol de Washington. Mas 2008 ainda tinha salvação.

O time contou com alguns reforços bem pontuais que serviriam pra compor o elenco. Jancarlos e Jadílson vieram pra ser os laterais que seriam os reservas de Zé Luis (outro reforço que se mostrou importantíssimo com o passar do ano) e Júnior. O volante e frequentemente mal utilizado na lateral Jean foi importantíssimo também, subindo da base e assumindo sua vaga no meio campo ao lado de Hernanes, Jorge Wagner e, com certa frequência, Richarlyson.

A defesa invencível do ano passado teve o reforço de Rodrigo, que seria importante. E o ataque teve o reforço de Éder Luis, o baixinho que esquentava o banco de Dagoberto e Borges, uma das melhores duplas de ataque que o Morumbi viu nos últimos anos, que ainda contava com o nosso glorioso Aloísio Chulapa. Hugo, contratado no ano passado e dono de um péssimo 2007, começou a ganhar espaço e foi fundamental para o time na campanha, sendo autor de 14 gols.

Apesar desse time maravilhoso, a estreia não foi das melhores, com uma derrota em casa para o Grêmio, com gol do zagueiro Pereira. Sim, igual a campanha do bi, o time começou devagar, com um empate na Arena da Baixada na rodada seguinte, justificada pelo time inteiramente reserva.

Nas rodadas seguintes mais tropeços, com um empate em casa com o Coritiba e outro na Vila Belmiro, no primeiro clássico do campeonato. Na 5ª rodada, porém, a alma foi lavada, com um belo 5 a 1 pra cima do Atlético-MG, com dois gols de Hugo, um Hernanes, Joílson e André Dias, nos dando a primeira vitória do campeonato.

Nas rodadas seguintes, o time oscilou entre grandes vitórias, como aquele 4 a 2 no Maracanã contra o Flamengo (saudades desse jogo) e um empate com o Ipatinga no Morumbi.

Na 11ª rodada, o último clássico do primeiro turno, Já que o Corinthians estava na Série B (hahahahahahahahahahahaha), um confronto em casa contra o Palmeiras, que terminou com um 2 a 1 para nós. Porém, somente na 17ª rodada atingimos o G-4, com uma bela goleada no Vasco, 4 a 0, com dois gols do M1TO e mais dois do glorioso André Lima, o estreante do dia que nunca mais faria algo assim com a camisa do Tricolor.

Nas outras rodadas, um 3 a 1 para o Fluminense, ainda com trauma da Libertadores e que ocupava a lanterna do Brasileirão e uma vitória em casa contra o Goiás, que consolidou uma campanha mediana no primeiro turno, onde somamos 33 pontos, oito a menos que o líder Grêmio, o próximo adversário.

No confronto direto, o time do Olímpico se deu melhor, com um gol de Perea vindo de um cruzamento da lateral. O resultado cravou uma vantagem de 11 pontos e seria preciso uma reviravolta histórica para conseguir tirar tamanha diferença, além de uma pipocada histórica dos gaúchos. Bem...

Na rodada seguinte, o Atlético-PR foi ao Morumbi e foi derrotado, com gols de Hugo, Borges e André Lima, enquanto os líderes perderam para o Flamengo no Maraca. Na 25ª, o Goiás aprontou no Olímpico, com um 2 a 1 fora de casa, enquanto o Soberano ganhou do Mengão tranquilamente, com um 2 a 0 em casa.

Duas rodadas mais tarde, o Brasileirão se embolou de vez, com o Inter amassando os rivais no Grenal, um 4 a 1. Assim, a liderança estaria dividida com o Palmeiras, que empatou com o Náutico em 0 a 0, mantendo os dois com 50 pontos. O Tricolor do Morumbi venceu o Cruzeiro e empatou com os próprios mineiros e o Flamengo com 46 pontos, todos dividindo a vice liderança.

Na 30ª rodada, um dos maiores jogos que já vi em território nacional. No Palestra Itália, aos seis minutos, um pênalti para o São Paulo. Rogério obviamente converteu e abriu o placar, 1 a 0 e Marcos tomaria outro gol do capitão. Após o gol, uma confusão que resultou na expulsão de Borges e Diego Souza, deixando os dois times com 10. Aos 44, Dagoberto aumentou em contra-ataque, no momento que os mandantes eram melhores, chegando a botar bola na trave com Alex Mineiro e com grandes defesas de RC.

Aos 33 Kléber descontou, em cruzamento de Denílson e falha de Rogério. Dois minutos mais tarde, Leandro cobrou falta e contou com o desvio da barreira pra empatar o jogo, dando números finais ao jogo, 2 a 2 e um grande vacilo na caçada ao Grêmio.

Porém, duas rodadas mais tarde, a liderança chegou, com uma grande vitória no Engenhão contra o Botafogo, com belíssimos gols de Hernanes e Jean, aproveitando a vitória do Cruzeiro por 3 a 0 sobre o Grêmio, o que fez com que ambos os times dividissem a liderança com 59 pontos. Na rodada seguinte, a liderança isolada finalmente veio, com uma vitória sobre o Internacional por 3 a 0. O vice agora era o Palmeiras, já que os gaúchos empataram com o Figueirense em casa.

Eis que chegamos na reta final. Já na 37ª rodada poderíamos ser campeões, bastava uma vitória contra o Fluminense que brigou o ano todo para não cair. Bem, acontece que o glorioso Tartá não estava muito a fim disso e abriu o placar logo aos 4 minutos. Oito minutos depois, o artilheiro Borges empatou, mas não foi o suficiente, já que o (de novo vice líder) Grêmio goleou o Ipatinga. Tudo ficaria pra rodada final.

E em Brasília, o Goiás que jogou lá por causa de uma punição iria receber o Tricolor com sange nos olhos e louco pra conquistar o título. O mando praticamente nulo fez com que diversos são paulinos pudessem apoiar o Tricolor na capital nacional. Vale lembrar do famoso caso do ingresso do show da Madonna, que levantou diversas suspeitas sobre um possível suborno ao árbitro Wagner Tardelli, que foi substituído por Jaílson Macedo Freitas.

Além de todas as conversas sobre a famosa “mala branca”, em que os gaúchos pagaria uma quantia para que o Goiás arrancar pontos do Tricolor. Uma polêmica desnecessária em minha opinião, mas enfim.

Sem mais suspeitas, era a hora de erguer a taça.

A festa quase foi impedida novamente, com o eterno Paulo Baier, que concluiu de letra um cruzamento da direita que passou a milímetros do gol guardado pelo maior do mundo. Mas aos 20 minutos saiu o gol do título.

Em falta cobrada por Ceni, Harlei espalmou para o lado, Hugo tentou concluir e a bola foi para Borges (impedido) decidir de novo. 1 a 0 e finalmente o torcedor, que apoiava aos gritos de “Vamos São Paulo, vamos São Paulo, vamos ser Campeão!”, poderia comemorar.
A vantagem até poderia ser ampliada, mas Harlei e a trave não colaboraram. Mas a vitória mínima era o suficiente para sagrar o São Paulo Futebol Clube como campeão brasileiro de 2008!

Um título merecidíssimo, por aparentemente o único time que queria ser campeão. Mas acima de tudo, por, assim como o próprio Rogério já declarou uma vez, por ser o time mais limitado dos três e ainda sim conseguir tirar uma vantagem enorme de 11 pontos. Pode não ter sido o melhor, mas foi o mais incrível time da trilogia, encerrando a dinastia com chave de ouro.

Nas premiações individuais, Hernanes foi simplesmente o melhor jogador do campeonato, integrando a seleção da competição com Miranda. RC ainda levou a Bola de Ouro, com André Dias, Miranda, Borges e Hernanes ainda levando a Bola de Prata.

E depois de tantas glórias, a próxima taça demoraria pra vir. Mas nesse período, Rogério Ceni foi se afirmando como um dos maiores jogadores da história do futebol brasileiro e mundial. Os fatos, vocês lerão nos próximos textos.

Até lá, curtam e sigam o C11 – São Paulo para mais informações.
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Autor: Allan Jones

Projeto de hipster que vive negando o rótulo. Viciado em música boa e em esportes de qualidade. Atleti desde 2008 (chupem modinhas), Chelsea, 49ers, Celtics e claro, o São Paulo, o que interessa no final das contas. Escritor do C11 e do Britfoot.
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