Luis Fabiano entre o Médico e o Monstro



Quando se anunciou que Alan Kardec foi contratado, muito se questionou sobre o futuro de Luis Fabiano no São Paulo. Esperava-se que ele pudesse ser negociado (segundo a boataria da época, o Palmeiras estava interessado) ou que ele acabasse sendo esquecido no banco. Meses se passaram e a segunda opção é a mais perto da real.


Com a afirmação do quarteto Ganso-Kaká-Pato-Kardec, que apesar de já não estar em alta como em determinado momento da temporada, a linha de frente Tricolor tem garantido alguns jogos, seja numa jogada de Kaká, num momento genialidade de Ganso ou num gol de Pato. Mas e o camisa 14?

O ex-palmeirense tem seis gols nos seus 21 jogos no Brasileirão, três a menos que Pato, o artilheiro do time e um a menos que Rogério Ceni, o famoso Deus Sol. A média não é tão boa assim para um fazedor de gols, como foi no Palmeiras. Apenas 0,3 gols por jogo, ou seja, brutamente falando, um gol a cada três ou quatro jogos. Para os fãs de mais números, um gol a cada 280 minutos segundo o aplicativo 365 Scores. Apenas comparando, Henrique, o artilheiro do campeonato e substituto do atacante no Verdão marca um gol a cada 156 minutos. Pato anota um gol a cada 206,1 minutos.

Alguns considerariam um número ruim, mas se for analisar, a artilharia do time do Morumbi é bem distribuída. Abaixo dos três, aparece ninguém menos que Paulo Henrique Ganso, que aprendeu a chutar e anotou cinco gols. Empatado com ele vem outra surpresa... Luis Fabiano.

É aqui que entramos em discussão. Usando a mesma média de gols por minuto, o camisa nove marca a cada 192 minutos, uma média boa para o nível brasileiro. Então seria ele o ideal titular?

É preciso lembrar de todo o pacote que envolve o Fabuloso. Ok, os gols acabam aparecendo, mas ele sempre foi contestado sobre o seu real valor como jogador. Muitos se referem ao próprio como superestimado, como um jogador que nunca foi tudo isso.
Meia verdade.

Em questão de gols é indiscutível o seu talento. Com a camisa do São Paulo, Luis Fabiano é o terceiro maior artilheiro do clube alcançando quase 200 gols. O problema são as decisões, os jogos em que ele precisa aparecer e o São Paulo precisa de gols.

O caso mais histórico é o pênalti perdido na Libertadores de 2004 contra o Rosário Central (a história do jogo você pode ler aqui). Mas também, pode ser lembrado quando ele perdeu a cabeça e foi expulso na final da Copa Sul-Americana contra o Tigre. Aí vem a terceira parte do pacote.

O que mais chama atenção na carreira do jogador são as expulsões, os cartões e seu comportamento dentro de campo. Seu nome no futebol não foi marcado pelos gols, pelo menos nos últimos anos. Seu psicológico é fraco, isso é inegável. Mesmo que já tenha prometido várias vezes que seria uma nova pessoa, mais “light” e mais relaxada, as expulsões continuam, haja vista a partida de ida contra o Huachipato no Morumbi, ou aquela histórica frase, em que ele diz que “Entre brigar e bater um pênalti, eu prefiro ajudar na briga”.

E para piorar tudo, fecharemos o pacote com as constantes reclamações sobre a constante presença no banco, sobre a “pegação no pé” da mídia e sobre ser “perseguido” irritam grande parte da torcida, dirigentes e muitos outros. O Fabuloso tem direito de reclamar, como todos temos o direito da palavra. A questão é: ele está certo?

O que me vem a cabeça são os mais diversos motivos para dizer que não, mas vou reafirmar o que disse acima: o maior problema de Luis Fabiano é o seu psicológico. Se o nosso centro avante tivesse com a cabeça no lugar, ele não sofreria com tantas críticas sobre rendimento, disciplina e não haveria a necessidade de trazer Alan Kardec.

Todos esses fatores me levam a crer que a melhor opção é manter o camisa 14 como titular. São apenas sete gols, mas vale lembrar que a maioria deles foi importante, como por exemplo aquele no clássico contra o Palmeiras. Acima disso, outro aspecto destacável do meu xará é a sua participação sem a bola, se sacrificando pelo time e sendo peça fundamental do esquema de Muricy Ramalho.

Apesar disso, o reserva pode vir do banco frequentemente e, caso seja necessário, seja por suspensão, seja por lesão, pode iniciar a partida. Potencial ele tem, só precisa parar de ser alternar entre Capitão América e Hulk e achar um ponto entre os dois. Afinal, fazer gols ele sabe.
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Autor: Allan Jones

Projeto de hipster que vive negando o rótulo. Viciado em música boa e em esportes de qualidade. Atleti desde 2008 (chupem modinhas), Chelsea, 49ers, Celtics e claro, o São Paulo, o que interessa no final das contas. Escritor do C11 e do Britfoot.
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