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Hudson marcou o seu primeiro gol pelo Tricolor (Foto: Rubens Chiri/saopaulofc.net) |
O São Paulo quase conseguiu fazer os melhores e os piores 45 minutos do ano em um único jogo. Após um excelente primeiro tempo, com três gols e um futebol bonito e empolgante, o time voltou desligado e sofreu dois gols logo no início da segunda etapa, deixando o torcedor preocupado. Falou-se tanto em 'apagão' que eu pensei que estava discutindo sobre o 7x1 da Alemanha na Copa.
Os primeiros minutos do jogo deram a impressão de que conseguiríamos uma vitória tranquila, como havia sido contra o Goiás na segunda-feira. Gols logo no início, jogo na mão, adversário inofensivo. Michel Bastos marcou bonito gol após receber de Maicon na entrada da área, abrindo o placar. O volante Hudson, que iniciou o jogo mais uma vez na lateral, ampliou e fez o seu primeiro gol com a camisa do São Paulo, coroando suas boas atuações recentes. Fechando o primeiro tempo com chave de ouro, Kaká recebeu ótimo lançamento de Ganso e rolou para Kardec, que deu um corte lindo no zagueiro equatoriano e deixou o dele. 3x0, ótima atuação, tudo dando certo. Não tinha como alguma coisa dar errado nessa noite. Ou será que tinha?
Tinha. Muricy decidiu sacar Maicon, que tinha cartão amarelo. e colocar Antônio Carlos, deslocando Paulo Miranda para a lateral-direita e fazendo Hudson voltar à sua posição de origem. A princípio a alteração parecia normal, mas o começo do segundo tempo mostrou que a mudança prejudicou o equilíbrio defensivo da equipe. Em menos de 10 minutos, o time equatoriano fez dois gols, em falhas de Rogério e Edson Silva, e assustou a torcida são paulina, que ficou sem entender nada. Como o time podia cair de produção tão rapidamente? Depois de um primeiro tempo espetacular, aquilo era inacreditável.
E não foi surpresa para ninguém que o São Paulo sentiu os gols. O time começou a errar tudo, não acertava três passes seguidos e parecia mais perto de levar o empate do que de ampliar a vantagem. Paulo Miranda foi o 'destaque' nesse aspecto: não acertou absolutamente nada atuando na lateral. A torcida começou a gritar o nome de Auro, pedindo a entrada do garoto em seu lugar. Os gritos, porém, não duraram muito: Rogério fez sinal às arquibancadas para que parassem. Foi uma atitude correta do nosso capitão - nenhuma novidade - porque o pedido da torcida, embora fosse justo, só faria com que Paulo errasse mais e perdesse confiança. Ainda estou me sentindo culpado por ter sido 'repreendido' por Ele.
Aos poucos, o time dava sinais de que estava se ajustando novamente. Kaká, com uma atuação muito fraca, deu lugar a Osvaldo, alteração que fez com que o time ganhasse uma alternativa de velocidade. O alívio veio aos 25 minutos, quando Hudson cruzou da direita e o zagueiro-artilheiro Antônio Carlos fez o quarto gol do São Paulo. Gol importantíssimo para esfriar o jogo e ampliar a vantagem para o confronto de volta - 3x2 seria um placar perigosíssimo. Ainda deu tempo de Ceni fazer um milagre e assegurar o resultado.
O jogo exemplifica muito bem o que é o São Paulo desta e de algumas temporadas anteriores: um time irregular, que ora apresenta um futebol bonito e empolgante, ora se torna desequilibrado e comete inúmeras falhas defensivas, com um desempenho ofensivo muito abaixo do que se espera de um time com os jogadores que tem. Pelo que fez na primeira etapa, Michel foi o melhor jogador do São Paulo na partida.
O título da Copa Sul-Americana tem de ser encarado como o principal objetivo do time na temporada. O mínimo que Rogério merece é despedir-se com uma conquista internacional, e a vaga na Libertadores parece ser mais acessível por este torneio do que pelo Brasileiro - estamos bem na tabela do campeonato nacional mas há muitos times com boas chances. A campanha do título de 2012 também teve suas irregularidades - sofremos para nos classificar contra a Universidad Católica e a LDU de Loja -, portanto o 'apagão' de hoje não significa que estamos longe do objetivo final.
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