[Fala FH] Ao futebolista do exterior, com carinho


Na coluna de hoje, falo para o brasileiro que mora na Europa, no Japão, ou nos Estados Unidos, que com certeza possui um certo saudosismo ao lembrar do que viveram no Brasil. Caso os últimos momentos não tenham sido felizes e capazes de trazer sorriso ao rosto, por conta do motivo ou da forma que deixou o solo pátrio, lembre-se daqueles momentos na casa pobre, onde um simples bolo de fubá era motivo de alegria com os pais, irmãos, primos e avós numa festa de aniversário.

Ou, quem sabe, as namoradas deixadas. Aquele beijo inesquecível que fez do lugar bonito, um lugar mais do que especial. Entretanto, independente da lembrança ser ou não romântica, ela é totalmente sentimental.

Saudosismo não faz mal à saúde. Ela é até boa, quando aproveitamos da maneira certa, mas pense comigo, fazendo dessas frases acima uma metáfora ou uma comparação com o momento do nosso país, dentro e fora dos gramados.

Brasileiro que está sentindo falta do país, que falta ele te faz? Aqui, continuamos na mesma guerra contra nós mesmos e contra os outros. Outrora, até entendia-se você querer abrir mão dos milhões que ganhas mensalmente para aproveitar um período para matar a saudade do país natal.

Contudo, coloquemos os pingos nos is. Nossa terra tem palmeiras onde cantam os sabiás e, até entendo que o cântico aí seja bem diferente dos daqui, mas um simples cântico não pode sobressair quando ele é abafado por vários outros barulhos, que ensurdecem diariamente.

Não há um aqui que queira permanecer pisando nesse solo tão glorioso. Do que adianta colocar a bola na rede após uma linda jogada, se a qualquer momento esse lance pode ser considerado inválido por um tribunal de engravatados que, em sua grande maioria, não entendem nada de bola?

Sabe o sonho de ir para a seleção? Lindo, né? Pois você teria que fazer uma escolha: Viajar para o outro lado do mundo esquentar o banco num amistoso ou continuar ajudando seu clube a lutar pelo título ou para uma vaga na competição internacional? Até nos nossos sonhos querem impor leis e limites, caro amigo.

Tem certeza que quer voltar?

Pessoas escabrosas se unindo para torcer na Copa, mas se matando ao discutir as eleições. Eleições que não irão nos tirar da vida mesquinha e da gigantesca ignorância. Amizades antigas e que cessaram em segundos ou minutos de discussão sobre vermelhos x azuis.

Ah, e já ia esquecendo. Pode esquecer todas as cenas que você viu de pessoas indo às ruas protestando contra o governo. Esse mesmo governo foi reeleito por essas mesmas pessoas, que protagonizaram, segundo um amigo meu, a piada do século.

Todos ficamos igual cego em tiroteio. Olhando para o alto e procurando algum tipo de salvação, nem que ela venha do sentido inverso ao olhar. E daí que contrariamos os nossos princípios em prol de ajudas governamentais? Mais vale esmolas na mão, do que uma vida melhor voando...

Nós nos acomodamos. Esse país se acostumou a ter o pão, mas permanecer dentro da gaiola. Adolescentes e jovens realizam o sonho de entrar para a faculdade, financiam esperançosos, porém mal sabem que, ao final da formatura, há uma dívida esperando que se arrastará por mais de uma década.

Na boa, qual bicho te mordeu aí no exterior? Tem certeza que quer voltar?
É tanto regresso que eu choro como criança. Essa vida de desordem me cansa.

Meu amigo, você volta e deixa eu dar uma volta na Europa. Passa a chave, que eu tô de mudança e seja bem-vindo. Fique tranquilo, o Pay-per-View tá pago e tem todos os jogos do campeonato, independente do preço justificar a qualidade dos jogos. Esqueça as compras gigantes que fazia com uma certa quantia de contos de reis, pois as coisas estão muito mais caras... Mas fique tranquilo, no maravilhoso mundo do governo, tudo está sob controle.

Eu confesso que estou de partida, mas sei que não vou sozinho. No aeroporto, sei que encontrarei amigos cansados de serem pisoteados por quem se acha gigante. Aliás, gigante meu amigo, só a desorganização, principalmente de quem deveria organizar o nosso futebol.

No nosso futebol há solidão, ódio, mentira. Ah, já esquecera do dia 08 de Julho de 2014. Você sofreu também, chorou, sabe que quatro vitórias em amistosos não chegam a nem encobrir uma pontinha do gigantesco vexame ocorrido naquela tarde em Belo Horizonte.

Mas, mesmo assim, aqui ainda há gente digna. Torcedores lotando o estádio em jogo decisivo, uma Copa do Brasil emocionante com jogos lendários e belos estádios.

Todavia, não quero receber nenhum e-mail com notícia desse lugar que, mesmo com desorganização, consegue sorrir e celebrar a vida, pois não quero receber uma notícia dolorosa de que a extinção, assim como as definições de vírus, foram atualizadas e concluídas.

Estrela por aí é o que não falta. Estrelas que, não sei como, ainda teimam em permanecer na nossa tão linda bandeira, assim como a esperança na frase em sua faixa branca, que atravessa o tão lindo azul dos céus que tanto ouvem nossas orações.

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Autor: FH

Futuro jornalista, curto futebol nacional e internacional e tento escrever minhas ideias sobre o esporte bretão. Ah, acima de tudo, rubro-negro! #SRN
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