[Especial: Brasileirão 2015] O campeão dos campeões

A instituição Sport Club Corinthians Paulista conquistou seus três primeiros Brasileirões na década de 1990 e iniciou o nascimento de um gigante no cenário nacional. Veja a seguir o trajeto percorrido pelo Timão para a conquista desses títulos.

1990

A edição do Campeonato Brasileiro em 1990 teve 20 equipes participantes, sendo o campeonato dividido em duas fases. As 20 equipes foram separadas em dois grupos de 10, onde o vencedor de cada grupo e os quatro melhores na classificação geral classificavam-se para a fase final.

Corinthians não entrou na disputa do Brasileirão como um dos favoritos, muito longe disso. Depois de ficar fora das finais do Paulistão daquele ano e vir de um modesto 6º lugar no Brasileirão do ano passado, a equipe comandada por Nelsinho Baptista apostou todas suas fichas nas categorias de base e em Neto.

A equipe não tinha a técnica como ponte forte, mas havia garra, organização, segurança e personalidade invejáveis. Ronaldo não era um mero goleiro, era um líder e capitão que organizava a defesa composta por Marcelo Dijan, Guinei, Giba e Jacenir. Márcio e Wilson Mano além de dar suporte para a defesa, também saíam para o jogo – o segundo com mais qualidade -, enquanto Fabinho, Tupãzinho e Paulo Sérgio atuavam mais à frente. Porém havia um meio campista de qualidade invejável – do físico não podemos dizer o mesmo -, que decidia partidas com seus chutes à longa distância e faltas. Neto.

Nas três primeiras partidas o Corinthians confirmou que não era um dos favoritos e somava duas derrotas e um empate, mas a primeira veio justamente contra o rival Palmeiras. Neto e Wilson Mano marcaram, o Timão venceu por 2-1 e iniciou sua campanha para a fase final.

Os comandados de Nelsinho Baptista eram criticados pela imprensa por não ter um futebol atrativo, mas conseguiam os resultados necessários. No final de contas, a equipe terminou em quarto lugar na classificação geral, atrás dos favoritos Grêmio, Atlético Mineiro e São Paulo.

Nas quartas de finais o adversário era o Atlético Mineiro de Carlos e Éder. A primeira partida foi no Morumbi e logo nos primeiros 15 minutos de jogo, os mineiros já venciam por 1-0. Porém com o apoio da fiel, o Coringão conseguiu a virada com dois gols de Neto e levaram a vantagem do empate para Belo Horizonte. Como esperado, Nelsinho armou uma equipe muito defensiva para o jogo da volta e com o 0 a 0 classificou-se para as semifinais.

O novo desafio era contra o Bahia de Gil Sergipano e como na fase anterior, o Corinthians saiu atrás jogando em casa e buscou forças vindas das arquibancadas para virar a partida. Paulo Rodrigues e Neto – de falta – marcaram e deram novamente a vantagem do empate para a equipe do Parque São Jorge decidir fora de casa. Nelson Baptista repetiu a mesma distribuição tática da partida contra o Galo, segurou o empate sem gols e levou o Timão para a decisão contra o São Paulo.

Apesar de ser um clássico, São Paulo era amplamente favorito e contava com jogadores como Zetti, Cafu, Raí e além do comandante Telê Santana. Mas como havia provado durante todo o campeonato, o Corinthians não entrava em campo com medo e buscaria surpreender tudo e a todos.

As duas partidas foram no Morumbi e terminaram com o mesmo resultado: 1-0 para o Corinthians. Wilson Mano – em cruzamento de Neto – marcou no início do primeiro jogo e o próprio Neto marcou no segundo jogo.


De lá para cá o Corinthians conquistou outros quatro Brasileirões, inúmeros títulos, mas nenhum parecido como esse. Um título movido pela fiel, garra, superação e vontade de vencer. O título mais corinthiano de todos.


O bicampeonato só foi acontecer oito anos após a primeira conquista e de forma totalmente contrária. Enquanto a primeira conquista foi movida por emoções e uma equipe sem tanto primor técnico, o segundo título foi o primeiro de uma geração extraordinária.

1998

O campeonato de 1998 contou com 24 equipes, onde todos jogavam contra todos e os oito primeiros colocados classificavam-se para a fase final.

Foi o início de uma era fantástica no Corinthians. No início do ano a equipe corinthiana que havia sido vice-campeão no Paulistão – derrota para o rival São Paulo na decisão -, era sem dúvidas um dos favoritos para o título do Brasileirão daquele ano.

O início foi tão positivo, que a primeira derrota naquele campeonato só foi acontecer na décima rodada contra o Bragantino. Até lá, o Alvinegro somava vitórias contra Vasco, Juventude, Grêmio, Atlético-MG – um 5 a 1 em Belo Horizonte -, Botafogo, América-MG e Guarani, além de empates com Coritiba e Internacional.


A equipe base naquele campeonato era formada basicamente por: Nei; Índio, Gamarra, Batata (Cris), Sylvinho; Vampeta, Rincón, Ricardinho, Marcelinho; Edílson e Didi (Dinei e Mirandinha). O comandante? Vanderlei Luxemburgo.

A campanha era tão boa, que mesmo ficando sem vitórias em cinco partidas seguidas (entre a 14ª e 18ª rodada), o Corinthians terminou a primeira fase na liderança e assim, obtendo a vantagem de decidir em casa e do empate.

O primeiro adversário na fase final seria o Grêmio, que havia terminado na oitava colocação da primeira fase. Jogando a primeira partida no Olímpico, Rincón aos 33 do segundo tempo fez o único gol da partida, deixando o Corinthians com a vantagem do empate no segundo jogo. Porém, Itáqui e Clóvis deram a vitória aos gaúchos por 2 a 0, obrigando uma terceira partida novamente em São Paulo. Sabendo da vantagem do empate para os gaúchos – por causa do saldo de gols obtido nas duas primeiras partidas -, o Corinthians foi obrigado a sair mais para o jogo e Edílson decidiu para os alvinegros.

O último passo para chegar à final seria o rival Santos, do artilheiro Viola. Na Vila Belmiro, Gamarra abriu o placar com 1 minuto de jogo, mas Róbson Luís e o próprio Viola deram a vitória aos santistas. No Pacaembu, Marcelinho e Edílson deram a vitória ao Corinthians, obrigando uma nova partida no Pacaembu. Dessa vez, a vantagem do empate era corinthiana e foi exatamente isso que aconteceu. Viola abriu o placar para os santistas, mas Edílson empatou e deu números finais ao jogo. 1 a 1 no Pacaembu e o Corinthians estava na final do Brasileirão.

Na final o desafio seria contra o Cruzeiro de Dida e Fábio Júnior. Logo na primeira etapa do primeiro jogo, um grande susto para os corinthianos. Valdo e Müller marcaram ainda nos primeiros 45 minutos de jogo e abriram uma boa vantagem para os mineiros, mas Dinei e Marcelinho trataram de empatar a partida acalmando os torcedores. No segundo jogo, Marcelinho abriu o placar e deixou o Corinthians próximo do título, mas Marcelo Ramos marcou e obrigou um terceiro jogo que novamente seria decidido no Morumbi. Na partida final, o Corinthians foi extremamente superior – principalmente na segunda etapa - ao Cruzeiro e sagrou-se campeão numa vitória por 2 a 0 com gols de Edílson e Marcelinho.

Marcelinho inclusive terminou a competição como artilheiro da equipe com 19 gols. Dinei – que estava no elenco do primeiro título em 1990 – também foi destaque, principalmente nos jogos decisivos.

O Corinthians terminou o Brasileirão com 18 vitórias, 7 empates e 7 derrotas em 32 jogos, além de 57 gols marcados – melhor ataque da competição – e 38 gols sofridos. Este título pode não ter sido sofrido como o primeiro, mas foi o início de uma sequência de títulos extraordinárias para o clube que jamais esqueceremos.


Com um futebol encantador, o atual campeão brasileiro e paulista – conquistado em cima do rival Palmeiras - entrou para o torneio nacional de 1999 empolgado e em busca levar a taça pela terceira vez seguida para Itaquera. E conseguiu.

1999


A edição de 1999 do Campeonato Brasileiro teve o mesmo formato que no ano interior, mudando apenas o número de participantes. O que antes eram 24 equipes, esse número caiu para 22 times.

A base do campeonato anterior foi mantida, somado o maior entrosamento com contratações pontuais como Dida e Luizão, a equipe ficou ainda mais poderosa. Outros jogadores como Luiz Mário, Nenê, João Carlos, César Prates e Marcos Senna.

Na primeira fase um excelente aproveitamento com 14 vitórias, 2 empates e 5 derrotas. Destaque para Luizão que em seu primeiro jogo com a camisa do Corinthians no Brasileirão, marcou 4 vezes e o Coringão venceu o Gama – de virada – por 4 a 2. As vitórias por 4 a 1 sobre o Santos e 4 a 0 sobre o Internacional também ficaram marcadas.

O primeiro adversário na fase final seria o surpreendente Guarani. Podendo jogar por três empates, a equipe corinthiana trouxe um empate de Campinas e venceu a segunda partida por 2 a 0 com gols de Marcelinho e Ricardinho – e poderia ter sido muito mais -. No último jogo, precisando vencer por 3 gols de diferença, o Guarani chegou a abrir o placar e teve um pênalti defendido por Dida ainda na primeira etapa, mas Luizão em assistência de Marcelinho empatou a partida e liquidou qualquer chance do Bugre ameaçar a classificação corinthiana.

Já nas semifinais, uma reedição da final do ano anterior, um majestoso, jogo complicado, com chances para os dois lados e um goleiro recém-contratado, mas já ficava na história do clube. O placar era 3x2 para o Timão – gols de Ricardinho, Edílson e Marcelinho para os corinthianos e Raí e Edmílson para os tricolores. Contudo, o árbitro Edílson Pereira de Carvalho marcou dois pênaltis para o São Paulo, dois pênaltis que foram defendidos pelo goleiro Dida justificando sua fama de pegador de pênaltis e tornando-se um dos grandes heróis desta conquista. No jogo de volta, o Corinthians venceu por 2-1 com gols de Ricardinho e Edílson e garantiu a sua passagem para a grande decisão.


A luta para ver quem ficaria com o troféu seria contra o Atlético Mineiro, maior rival do adversário da decisão no ano passado. A primeira partida foi em Belo Horizonte e o Galo deu muito trabalho. Guilherme aos incríveis 15 segundos de jogo – gol mais rápido em decisões do Brasileirão - abriu o placar para os mineiros e o próprio marcou novamente aos 27’. Vampeta chegou a diminuir o placar, mas Guilherme completou seu hat-trick em apenas 45 minutos de jogo. Luizão diminuiu novamente na segunda etapa, mas não impediu a derrota corinthiana: 3 a 2 para o Atlético.

Em casa, com 2 gols de Luizão, o Corinthians consegue reverter o placar, precisando apenas de um empate para consagrar-se campeão na terceira e última partida. Porém o herói da partida, Luizão, foi expulso aos 48 minutos do segundo e não poderia estar presente na grande decisão.

Na véspera do jogo, uma confusão extracampo. Era antevéspera de Natal e o prefeito de São Paulo - Celso Pitta -, não estava de acordo com o horário da partida, à tarde, para a cidade não sofrer um enorme congestionamento. No fim, a pedido do prefeito, a decisão acabou sendo disputada à noite.

Em campo o Corinthians era mais ofensivo, porém sofria com a ausência do artilheiro e camisa 9 da equipe, Luizão. O Galo chegava menos ao ataque, mas levava perigo, principalmente quando sobrava nos pés do artilheiro Guilherme.

A final era em São Paulo, no Morumbi, com um público de mais de 50 mil torcedores – aparentemente, pois o público não foi revelado. Decisão para testar o coração corinthiano. Debaixo de uma chuva muito forte. Na raça. Sofrido.

Comandado pelo Oswaldo de Oliveira, os titulares da decisão foram: Dida; Índio, Márcio Costa, João Carlos e Kléber; Gilmar, Rincón, Vampeta e Ricardinho; Edílson e Marcelinho.

As duas equipes perdiam muito gols, o jogo era tenso. No final da partida, o Atlético tentava de todas as formas chegar ao gol, parando na defesa corinthiana. Após muito sofrimento o jogo terminou sem gols e o Corinthians conquistava seu segundo título seguido do Brasileirão, tornando-se tricampeão do maior torneio nacional.

Corinthians terminou a competição com o melhor ataque, 61 gols marcados em 29 partidas. Luizão com 21 gols foi o terceiro na artilharia geral e Marcelinho o quarto, com 15 gols.

A conquista desse título forneceu uma vaga para o Corinthians na primeira edição do Mundial de Clubes da FIFA, onde todos nós sabemos como terminou.


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Este foi o primeiro texto da série que relembra os títulos do Campeonato Brasileiro do Corinthians. O que achou? A publicação foi feita pelo convidado Felipe Arce, com apoio de Thais Costa, ambos torcedores fanáticos do Corinthians. Gostaria de conversar mais sobre o tema com eles? Encontre-os pelo Twitter: Felipe e Thais.

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Autor: Unknown

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