Hoje é dia de relembrar a trajetória do Grêmio em seus títulos no Campeonato Brasileiro e, claro, de seus personagens históricos e que certamente ficarão marcados no coração de cada gremista. Desde Baltazar e o título conquistado em 1981 diante do São Paulo até 1996 com Paulo Nunes diante da Portuguesa de Desportos. Vamos relembrar?
Título de 81 – Baltazar, o artilheiro de Deus
Participaram do Campeonato Brasileiro de 1981: os 6 primeiros colocados do campeonato paulista; os 5 primeiros do carioca; o campeão e o vice de RS, MG, PR, BA, PE, CE e GO; apenas os campeões dos outros 13 estados; mais o campeão e o vice da Taça de Prata do ano anterior (Londrina e CSA). Para a segunda fase, subiram ainda os 4 primeiros colocados na primeira etapa da Taça de Prata do mesmo ano.
O Palmeiras, que foi mal classificado no campeonato paulista daquele ano, começou o Brasileiro na Taça de Prata (série B), mas subiu para a Taça de Ouro na segunda fase, juntamente com Náutico, Bahia e Uberaba.
A Primeira Fase foi disputada em quatro grupos com dez clubes cada. Turno único com os clubes se enfrentando dentro de cada grupo. Classificando-se para a segunda fase os sete primeiros colocados de cada grupo.
Na Segunda Fase, os 28 clubes classificados na primeira fase e mais Náutico, Palmeiras, Bahia e Uberaba, vindos da Taça de Prata, foram organizados em oito grupos com quatro clubes em cada. Em turno e returno, enfrentando-se dentro de cada grupo, classificando-se para a terceira fase os dois primeiros colocados de cada grupo.
A Fase final (com oitavas-de-final, quartas-de-final, semifinais e final) foi disputada em sistema eliminatório, com jogos em ida-e-volta, tendo o clube de melhor campanha o mando de campo no segundo jogo. No caso de empate na soma dos resultados, disputa de pênaltis.
Exceção: na última etapa (jogos finais), empate na soma dos dois primeiros jogos levaria a um terceiro confronto; se este terminasse empatado, aí sim a disputa seria por pênaltis.
Na primeira fase, o Grêmio terminou em 4º colocado do grupo B, classificando-se para a segunda fase.
Na segunda fase, o Grêmio ficou com a segunda vaga do grupo E, onde o São Paulo havia sido o primeiro colocado.
Após eliminar Vitória, Operário e Ponte Preta, o Grêmio chegou à final para enfrentar novamente os Paulistas. Como o time do Morumbi possuía melhor campanha, o primeiro jogo foi no Olímpico. Nos confrontos anteriores, uma vitória para cada lado: 3 a 0 para o São Paulo em casa e 1 a 0 para os Gaúchos no Rio Grande do Sul.
O time comandado por Ênio Andrade tinha nomes de destaques como Tarciso, o flecha Negra; Leão, De León, China, Paulo Isidoro e Baltazar, o então chamado “Artilheiro de Deus”, que seria o principal personagem da final.
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No primeiro jogo da decisão, o Grêmio foi a campo com: Leão (Remi), Uchoa, Newmar, De León e Casemiro; China (Renato Sá), Paulo Isidoro e Vílson Tadei; Tarciso, Baltazar e Odair. |
Baltazar começaria a escrever seu nome na história após perder um pênalti sofrido por Tarciso. Depois disso, o Grêmio saiu perdendo para os Paulistas, mas virou o jogo com dois gols de Paulo Isidoro.
Mas, o que marcaria este jogo, seria a frase “profética” dita por Baltazar ao final da partida. Quando perguntado sobre o pênalti, ele disse: "Deus está reservando algo melhor para mim"
Então, veio o segundo jogo, no Morumbi lotado a profecia de Baltazar se concretizou.
O tricolor Gaúcho foi a campo com: Leão; Paulo Roberto, Newmar, De León e Casemiro; China, Vílson Taddei (Jurandir) e Paulo Isidoro; Tarciso, Baltazar e Odair (Renato Sá).
O Grêmio jogava pelo empate. Mas, aos 19 minutos do segundo tempo, após receber cruzamento da direita, o camisa 9 dominou no peito e mandou a bola no ângulo, marcando o gol do primeiro Título Nacional para os Gremistas.
Baltazar colocou seu nome na história do Grêmio: tanto pelo gol, quanto pela frase que jamais será esquecida.
Título de 96 – Aílton, o herói improvável.
Naquele ano, o campeonato foi disputado por 24 clubes. Na Primeira Fase, jogaram todos contra todos, em turno único. Classificando-se para a Fase Final os 8 primeiros colocados.
Na Fase Final (com Quartas de Final, Semifinais e Final), o sistema foi eliminatório, com jogos em ida e volta, prevalecendo a melhor campanha em caso de duplo empate.
O time comandado por Felipão tinha nomes muito conhecidos pela conquista da Libertadores no ano anterior: Danrlei, Arce, Émerson, Rivarola, Dinho, Goiano, Roger, Adílson, Carlos Miguel e o principal deles; Paulo Nunes, o diabo loiro. Mas o herói do título seria um nome improvável que poucos apostavam.
Na primeira fase, um dos momentos mais marcantes foi o inesquecível gol de bicicleta de Paulo Nunes dentro do Beira Rio, com uma comemoração igualmente inesquecível, imitando um saci, mascote do adversário.
Curiosamente, o time comandado por Felipão, que sempre teve fama de linha dura, sofria com problemas extracampo. As concentrações, geralmente de 1 dia antes dos jogos, eram de 3 para que os atletas não cometessem excessos. Paulo Nunes, o artilheiro, era um dos principais responsáveis por estes problemas.
Mas tudo foi superado com muita união. Após uma reunião com os jogadores, Felipão deixou o grupo a sós, para que a “roupa fosse lavada”. Segundo alguns relatos, este foi o “divisor de águas” daquela campanha.
O Grêmio terminou a primeira fase em 6º lugar e, já nas quartas, enfrentou o Palmeiras, principal rival dos Gaúchos nos anos 90. Jogos contra o Palmeiras eram sinônimos de partidas extremamente duras e de violência, onde geralmente ocorriam várias brigas e confusões. Com uma vitória de 3 a 1 no Olímpico, o tricolor encaminhou a classificação e pôde até perder o segundo jogo por 1 a 0.
Após eliminar o Goiás na Semifinal, o Grêmio chegou à final para enfrentar a Portuguesa do técnico Candinho, que tinha nomes como Clemer, Zé Roberto, Rodrigo Fabri e Alex Alves.
Na primeira partida, o Grêmio foi a campo com: Danrlei; Marco Antônio, Adílson, Rivarola e Roger; Dinho (Mauro Galvão), Goiano, Émerson (João Antônio) e Carlos Miguel (Aílton); Paulo Nunes e Zé Alcino.
O tricolor sofreu com a expulsão de Marco Antônio logo aos 36 minutos, em uma falta que originou o primeiro gol da Lusa. O Grêmio foi muito pressionado e acabou levando o segundo. O resultado, diante das circunstâncias, não foi dos piores.
Na segunda partida o Grêmio precisava devolver o placar de 2 a 0 para, assim, pela melhor campanha, ficar com o título.
O tricolor foi a campo com: Danrlei; Arce, Rivarola (Luciano), Mauro Galvão e Roger; Dinho (Aílton), Goiano, Émerson (Zé Afonso) e Carlos Miguel ; Paulo Nunes e Zé Alcino.
Em um Olímpico lotado e pulsante, o Grêmio começou o jogo com uma pressão intensa até abrir o placar com Paulo Nunes logo aos 3 minutos, levando a torcida à loucura.
Após empilhar chances e não conseguir furar a defesa Paulista, uma decisão marcou aquela partida. Aos 29 minutos do segundo tempo, em uma atitude improvável, Dinho pediu à Felipão para ser substituído por Aílton. O comandante Gremista fez então o que o volante, herói do título da Libertadores de 1995, havia pedido.
Aílton havia passado por um ano muito difícil. Sem se firmar no time e sendo criticado de forma dura pela torcida e imprensa, o jogador estava desmotivado e triste com o momento que vivia no clube. Mas entrou em campo para entrar na história.
Aos 39 minutos do segundo tempo, após uma bola mal rebatida pela defesa, Aílton pegou de primeira e com sua canhota fuzilou Clemer, levando o Olímpico ao delírio. Era o gol do Bicampeonato Brasileiro do Grêmio.
Aílton saiu esbravejando em direção à arquibancada, batendo no peito e extravasando toda sua emoção. Por fim, um gesto que também sempre será lembrado, o beijo no pé canhoto salvador, que deu o título do Campeonato Brasileiro de 1996 ao Grêmio, corando uma geração vitoriosa que marcou a história do clube.
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Este foi o texto que relembrou o título do Bicampeonato Brasileiro do Grêmio. O que achou? A publicação foi feita pelo convidado Marcus Vinicius, torcedor fanático do Grêmio. Gostaria de conversar mais sobre o tema com ele? Encontre-o pelo Twitter.
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