No ardor da partida... #3: Um craque, um Divino...

Imortal! Craque! Poucos adjetivos podem definir o que era aquele moço, filho de Domingos da Guia (maior zagueiro brasileiro da história), que começou sua vida no futebol no Bangu, berço dos "da Guia" e se tornou o maior ídolo do maior campeão do Brasil.

Logo aos 18 anos, em 1960, foi para os EUA disputar a International Soccer League pelo Bangu, ajudando o time carioca a ser campeão e eleito o MVP do campeonato. Já em 61, foi visto e contratado pelo Palmeiras. Devido ao preço baixo pagado pelo Alviverde, um dirigente do clube ouviu de Fleitas Solich, técnico do Flamengo: “O preço que vocês pagaram não é o que vale só uma das pernas dele!". E Fleitas tinha razão, uma perna dele valia mais do que duas de vários jogadores supervalorizados pelo mundo.

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No Palmeiras, esquentou o banco durante um certo tempo, mas em 63 conseguiu se firmar no time titular, ano em que o Palmeiras eliminou o Santos de Pelé na semifinal do Paulista e se tornou campeão contra o Noroeste. O time ensinava a jogar futebol, assim nascia a Primeira Academia, com Djalma Dias, Djalma Santos, Julinho Botelho, Vavá, Ademir da Guia e Servílio. Mesmo com o time cheio de gênios, Ademir já mostrava sua classe, técnica, visão de jogo e calma para encher os olhos dos palestrinos, e dos brasileiros.
Ademir da Guia aplica uma caneta em Pelé. Coisa de quem é gênio...
Caneta no Pelé... Não é para qualquer um.

Mas em 64, chegou o seu grande parceiro Dudu, vindo da Ferroviária para dar mais combate e pegada no meio campo da Academia, era a peça que faltava. Foram 13 longos anos de parceria. O ano de 65 foi fantástico, o Palmeiras massacrou todos que vinham pela frente no Rio-SP. Venceu Vasco por 4 a 1, Botafogo por 5 a 3, Flamengo por 4 a 1, todos no Maracanã, o time reserva do Santos por 7 a 1, o São Paulo por 5 a 0 e o Botafogo por 3 a 0, no Pacaembu. Ademir foi extraordinário, e recebeu o eterno apelido de "Divino" do Djalma Santos. Naquele mesmo ano, o Palmeiras representou a seleção, dos jogadores à comissão técnica, na inauguração do Mineirão, e goleou o Uruguai por 3 a 0. 

Entre 66 e 70, Ademir foi tricampeão brasileiro e acabou com a sequência de títulos do Santos. Foi convocado por Zagallo em alguns amistosos antes da Copa do México, mas não foi convocado na lista final. Por conta do envelhecimento de alguns jogadores, a Primeira Academia perdeu a intensidade e houve reformulação na equipe. 

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A "nova Academia" com Leão, Leivinha, Luís Pereira, César Maluco foi liderada pelo Divino. E em 72, foi campeão invicto do Paulista, e levou o Brasileiro. No ano seguinte, foi bicampeão brasileiro. O Palmeiras mostrava mais uma vez, muita técnica, velocidade e uma zaga forte. Ademir foi para a Copa de 74, ficou no banco e só jogou na disputa pelo terceiro lugar. E foi assim o adeus de Ademir para a seleção. Pena... Merecia mais, muito mais. Um dos maiores injustiçados do futebol.

Ainda em 74, o Palmeiras calou o Morumbi com 120 mil corintianos, que queriam acabar com a fila de 20 anos, mas, pobres rivais... Palmeiras campeão! Em 76, com 34 anos, foi mais uma vez campeão estadual, ms com Dudu como técnico. E terminou sua carreira em 77.

Ademir não teve despedida, ganhou seu busto de bronze no Palestra Itália, em 86. Pouco para um craque tão Divino, para quem é o maior ídolo do Palmeiras, para quem fez o Santos de Pelé tremer, para quem foi líder de duas das gerações mais vitoriosas do Brasil. Artista em campo. Sutil. Completo. Pouco para o que pode definir Ademir. Mas muito para que eu possa agradecer: Obrigado, eterno Divino.

E se ele não teve a despedida antes, terá amanhã. Assista no SporTV, às 10h no Allianz Parque.
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Autor: Mateus Moreira

Palmeirense, mas filho de corintiano. Obcecado pelo sonho de ser jornalista, fã de Mauro Beting e de São Marcos. Desde 2011 falando sobre o Palmeiras no Verdão 24Horas, e agora no C11.
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