Ganso jogou demais e coroou sua exibição com um golaço (Foto: GettyImages) |
São Paulo, River, Boca, Estudiantes, Peñarol... De qual torneio estamos participando? Caso sejamos campeões, poderemos até mudar para 6-4-3. Nessa Copa Libertadores disfarçada de Sul-Americana, o São Paulo garantiu a classificação para as quartas batendo o Huachipato, no Chile, por 3 x 2. Michel Bastos havia assegurado a nossa vitória por 1 x 0 no jogo de ida com um belo gol de fora da área.
Gol antológico, expulsão injusta, jogador entrando no primeiro tempo e saindo no segundo... Teve até invasão de cachorro durante a partida. Sim, um cachorro entrou em campo, provocou a paralisação do jogo, fez sua graça por um minuto e foi retirado pelos seguranças. Mas quem devia mesmo ter sido retirado pelos seguranças era Paulo Henrique Ganso após o gol sensacional que marcou. Aquilo foi um crime contra o time chileno.
O jogo começou movimentado e o primeiro gol saiu logo aos nove minutos. Ganso, sempre ele, deixou Pato de frente para o gol; o goleiro defendeu a finalização do camisa 11 mas deu rebote, e Michel Bastos apenas empurrou para o gol vazio. Apesar de ter conquistado a vantagem cedo, o time não se encolheu e seguiu pressionando. Aos 20 minutos, porém, Vilches deixou tudo igual com um bonito gol, contando com a ajuda de Edson Silva. O zagueiro deu um passo incompreensível à frente quando a bola vinha em direção à área, talvez em uma tentativa ridícula de executar linha de impedimento, permitindo que o chileno finalizasse sem marcação.
Nosso camisa 10 não demorou mais do que dois minutos para tranquilizar a torcida. Ele mesmo iniciou a jogada lançando Pato, que deixou com Kardec. O atacante serviu Ganso na entrada da área, que finalizou de primeira, no ar e de chapa, com a maior tranquilidade do mundo. Um dos gols mais bonitos do ano, sem dúvida nenhuma. Paulo Henrique Ganso faz as coisas parecerem fáceis. Tomara que Dunga continue cometendo a atrocidade de não convocá-lo para a seleção, pois não queremos que o meia desfalque o São Paulo em hipótese alguma.
Nosso segundo gol pareceu ter afetado muito o Huachipato e o ritmo do jogo diminuiu. Minutos depois, porém, após a inusitada invasão de campo, Denilson levou o segundo amarelo injustamente e foi expulso pelo árbitro Antonio Arias. O histórico do juiz em jogos do São Paulo é, no mínimo, curioso; ele já havia expulsado outros três são paulinos em partidas anteriores. Foram eles: Luís Fabiano, no jogo de ida da final da Sul-Americana em 2012 contra o Tigre; Lúcio, na partida de ida das oitavas da Libertadores no ano passado contra o Atlético-MG; e Ganso, no jogo de volta das oitavas da Sul-Americana contra a Universidad Católica, também no ano passado (o jogo da atuação épica de Rogério Ceni). Portanto, ao que tudo indica, o árbitro quis apenas manter o costume.
A expulsão inverteu o jogo, que passou a ser controlado pelo time chileno. O São Paulo, naturalmente, se fechou e passou a procurar um contra-ataque para matar o jogo. Ainda no fim do primeiro tempo, Pato sentiu dores na coxa e deu lugar a Osvaldo. Na segunda etapa, o time apresentou solidez defensiva - o que é raro - e praticamente não passou sufoco. Rogério foi obrigado a fazer, no máximo, duas boas defesas. Perto do encerramento da partida, Muricy colocou o zagueiro Lucão para atuar como volante, procurando povoar o setor desfalcado com a expulsão, e sacou Osvaldo, que havia entrado no fim do primeiro tempo. Mas ainda havia tempo para mais gols,
A menos de 3 minutos do fim, Sagal bateu cruzado após receber cruzamento e empatou para o Huachipato. O São Paulo, porém, não deixaria a vitória escapar: pouco tempo depois, Michel Bastos puxou contra-ataque e lançou Boschilia, que havia entrado no lugar de Ganso. O garoto cortou o defensor chileno e finalizou de fora da área no canto do goleiro para fechar o placar.
É difícil avaliar a atuação de um time que possui um jogador a menos durante mais da metade da partida, mas a vitória conquistada sob essa circunstância foi ótima. É verdade que o Huachipato mostrou ser inofensivo nos dois jogos, mas o São Paulo garantiu a classificação sem grandes sustos. Ganso foi o melhor jogador em campo, com lances magistrais e um gol espetacular. Também merecem destaque pelas atuações de hoje Michel Bastos e Hudson. O autor do primeiro gol deu suporte para Ganso na armação das jogadas, foi muitas vezes a válvula de escape do time nos contra-ataques e ajudou Alvaro Pereira na marcação pelo lado esquerdo. Já o volante vem mostrando, além de bom futebol, muita personalidade nos últimos jogos e não parece disposto a abrir mão da vaga no time, seja qual for a posição em que jogue.
Nas quartas, o São Paulo enfrenta o vencedor de Goiás x Emelec. Todo torcedor são paulino tem pesadelos com o Goiás, principalmente em se tratando de jogos ocorridos no Serra Dourada, mas viajar para Goiás seria muito menos cansativo do que para o Equador. Independente desses fatores, temos um time superior aos dois possíveis adversários e seremos favoritos na fase seguinte.
Não importa se a Sul-Americana é a "série B da América". Aliás, não entendemos nada sobre isso porque nunca sequer frequentamos uma segunda divisão. Mas o fato é que um título continental daria ao nosso capitão uma despedida minimamente digna de sua grandeza. É claro que, a rigor, ele merece muito mais que isso, mas o título da Sul-Americana é o máximo que podemos alcançar hoje. Com Kaká e Souza retornando da seleção essa tarefa ficará muito menos complicada.
comentar com Facebook