Foto: LANCE!Press |
Assim como nas oitavas-de-final, o São Paulo de ontem não conseguiu a vantagem desejada jogando no Morumbi pela Sul-Americana. Contudo, diferente de quando empatou por 1x1 com a Universidad Católica, o Tricolor conseguiu superar o Atletico Nacional de Medellín, da Colômbia, por 3x2, graças a um gol no final do nosso artilheiro. Luis Fabiano? Não, o zagueiro Antônio Carlos. Os outros dois anteriores foram feitos por Jádson e o mesmo Antônio Carlos.
Muricy Ramalho mandou a equipe no tradicional 3-5-2: Paulo Miranda, Rodrigo Caio e Antônio Carlos eram os zagueiros; Denílson e Maicon os volantes, Jádson substituindo o suspenso Ganso na meia. Douglas e Reinaldo eram os habituais alas; Aloísio e Luis Fabiano formavam o ataque.
Se Muricy e as 25 mil pessoas que compareceram ao Morumbi esperavam um São Paulo pressionando e agressivo desde o começo, viram que logo não teriam suas expectativas confirmadas. Desde o início, o time pecou nas chegadas ao ataque, com vários bobos erros de passe. Os três meio-campistas pareciam longe do ataque e não conseguiam criar nada de bom - a vontade de ganhas as divididas e recuperar a posse de bola impressionava, mas a equipe parecia com o mesmo empenho em devolver a redonda para o adversário.
De certa forma, fomos salvos pelo nosso 10. Jádson, aos 14 do primeiro tempo, dominou na intermediária, viu o goleiro colombiano adiantado e soltou uma bomba que encobriu Armani. Um lindo gol que teve uma importância gigante. Sem mudar muito a postura, o Tricolor seguiu controlando o jogo pelo resto da primeira etapa, fazendo com que o 1x0 fosse mantido até o intervalo. Mas não, não deu certo. Em um lance que parecia tranquilo, Paulo Miranda recuou para Ceni dentro da área, que saiu jogando meio apertado com Rodrigo Caio. O camisa 7 bobeou e perdeu para Cárdenas, que só tocou para Uribe empatar o jogo com o sagrado gol fora de casa, aos 42' da primeira etapa. Veio o intervalo com o 1x1 no placar, deixando cada vez mais necessária a vitória.
O segundo tempo chegou, mas as desejadas mudanças não vieram. Os erros continuaram, e dessa vez com consequências piores: o Nacional aproveitava os contra-ataques, levando mais perigo ao gol de Rogério do que o próprio dono da casa. Demorou um pouco, mas nosso treinador já chamava Ademílson para entrar no lugar de Luis Fabiano, então nulo na partida. E o Ademílson estava na beira do campo, pronto para entrar, quando Jádson bateu o escanteio, Rodrigo Caio desviou no primeiro pau e Antônio Carlos completou para o gol, tirando um peso enorme das costas dos 11 são-paulinos. 2x1, alívio e festa no Morumbi. O time recomeçou melhor, ameaçando até a fazer o terceiro logo depois.
Pena que durou pouco. 6 minutos após o gol do zagueiro, o mesmo Antônio Carlos falhou ao tentar recuar a bola de cabeça, Paulo Miranda perdeu na corrida para o atacante Duque que, na cara de Ceni, só tirou do alcance do capitão. "Desanima, né?", já diria o outro. O 2x2, na atual circunstância, era péssimo. Na base do drama, Muricy tirou Jádson e colocou Osvaldo. Precisávamos do gol a qualquer custo.
Depois de ter pouquíssimas chances, o Tricolor arranjou um escanteio pela esquerda aos 44 minutos. Bola levantada, ela passa por todo mundo e sobra para Antônio Carlos, que ajeita para afundar o goleiro. Porém, antes dele, a marcação chega travando e manda para outro escanteio. Na cobrança, o tão criticado Osvaldo, que não marca um gol desde fevereiro. Cruzamento feito para Antônio Carlos, o zagueiro artilheiro que, sozinho no meio da área, mal precisou pular para testar no canto da meta de Armani.
Aos 46' do segundo tempo, 3x2. Apesar da vantagem de jogar por um empate na Colômbia, o resultado não foi dos melhores e temos sim nossa vaga na semis em risco. Mas é, de fato, milhares de vezes melhor que o 2x2 que estava se desenhando. E a forma como foi, no sufoco, suado, difícil, eleva mais ainda a moral da equipe com essa excelente sequência. Tem mais é que comemorar mesmo.
Vamos às notas:
Rogério Ceni: 8
Mandou uma bola meio na fogueira para o Rodrigo Caio no primeiro gol e poderia ter se posicionado melhor no segundo, logo, deixo uma nota baixa (para os seus padrões) por ontem capitão.
Paulo Miranda: 5
Acho que perderia até para o Luis Fabiano na corrida. Faltou posicionamento e velocidade no segundo gol. De resto, nada além do esperado.
Rodrigo Caio: 5,5
Vai ficar marcado pela falha no primeiro gol, em que faltou experiência e responsabilidade para o garoto. No segundo tempo, melhorou bastante e deu a assistência para o primeiro do Antônio.
Antônio Carlos: 9
Apesar da falha, recompensou com dois gols lá na frente. Titular absoluto e artilheiro da 2ª Era Muricy.
Douglas: -100
Mostrou vontade no primeiro tempo, ganhou divididas boas, mas cara, não dá. Erra passes ridículos, não apoia nem marca direito - ontem o time não chegou nenhuma vez pelo lado direito. Parabéns pelos 100 jogos aí. Volta, Caramelo.
Denílson: 3
Eu juro que nunca vi um jogador só errar tantos passes quanto ele errou ontem. Foi absurdo.
Maicon: 6,5
Não foi dos melhores, mas foi bem. Correu, marcou, passou, chutou. Mas também é responsável pela falta de criatividade do time.
Jádson: 7
Pelo golaço e pelo escanteio do 2º gol. De resto, pífio, estragando ataques e jogadas. Paulo Henrique Ganso realmente faz falta.
Aloísio: 6
Perdeu um gol no primeiro tempo e não conseguiu aparecer muito para o jogo. Mesmo assim, tem muito crédito pelo que fez sem o tal camisa 9 te atrapalhando.
Luis Fabiano: Impedido
Este comentário foi invalidado pelo bandeirinha.
Ademílson: 8
Por dar sorte para o time enquanto estava ali se preparando para entrar. Em campo, sumido, mal tocou na bola.
Osvaldo: 7
Pela assistência só; outro que não conseguiu fazer nada quando entrou. Mas ainda tenho esperanças de que Cristiano Osvaldo voltará. Ou não.
Muricy: 10
Há 2 ou 3 meses, eu nunca imaginaria que o São Paulo pudesse reagir depois de estar na frente por duas vezes no placar jogando no Morumbi e nas duas vezes deixar empatar com duas falhas da defesa. Muricy Ramalho transformou o time usando os mesmos jogadores, fazendo no máximo 3 mudanças no esquema e no 11 titular. O que ele fez com o psicológico do elenco, como ele mexeu com isso, a confiança que ele passou, isso tudo é incrível. Muricy não é necessariamente melhor treinador do que Paulo Autuori, mas é, com certeza, o melhor para o São Paulo Futebol Clube.
Agora o foco é na Portuguesa, adversário do final de semana pelo Brasileirão. A obrigação é fazer o dever de casa e chegar nos sonhados 46 pontos. Quarta que vem, em Medellín, voltamos a pensar na Sul-Americana.
Já curtiu e seguiu o Tricolor?
Diogo Magri
comentar com Facebook