Como
já foi visto aqui, nosso herói está conquistando seu espaço no coração do
torcedor que o veneraria durante toda a eternidade (mas não vai deixar de
cornetar aqui pela falha e pelo pênalti perdido na quarta contra o Flamengo,
não pode mano). Depois de estrear, meter gol e conquistar um título, a missão
agora é outra. Sua primeira conquista como profissional foi pelo Expressinho, um
time jovem e recheado de talento, porém meros reservas do espetacular time do
Tricolor durante a primeira metade da década de 90. Se aproximando do século
XXI, Rogério agora é titular já afirmado, já fez seus gols e agora quer uma
conquista realmente importante. A chance virá agora, no Campeonato Paulista de
1998. O texto de hoje não fala apenas sobre o goleiro, fala sobre todo o time e
a conquista da competição.
1998 – São Paulo 3x1 Corinthians – O título titular
Se
hoje o Paulistão, assim como os diversos estaduais são motivos de discórdia, a
competição de 1998 foi altamente interessante. O torneio regional teve a
incrível média de 3,48 gols por jogo, incríveis 92 jogos com mais de três gols
(73% do total, contando com a primeira fase), superando brutalmente a média de
2,67 da edição de 2014. Outros tempos, outro futebol, outras equipes.
E
que time tinha o São Paulo! Além do M1TO, se destacavam no elenco Denílson, que
viria a ser uma das maiores transações da história do futebol brasileiro,
França, o artilheiro da edição do campeonato, Serginho, aquele lateral do Milan
e por apenas um jogo, mas justo a final, Raí, de volta da França.
A
fórmula do campeonato era boa, pelo menos pra mim. Primeiro, 12 equipes se
dividiam em dois grupos, onde se classificariam 4 times de cada grupo. A partir
daí, entrariam os quatro grandes paulistas, para fazer mais dois grupos de
seis, classificando os dois primeiros de cada chave, para fazer as semi-finais
e finais em jogos de ida-e-volta. Obviamente tem seus defeitos, mas é
infinitamente melhor que a fórmula atual e próxima da ideal, ao meu ver.
E ao
início da segunda fase, o Gigante do Morumbi se localizava num grupo com
Santos, Portuguesa, Matonense, Rio Branco e São José. A campanha foi ótima,
somando 25 pontos e classificando no grupo, perdendo pontos em apenas dois
jogos, ao empatar com a Portuguesa em casa e (conseguir) perder para o
Matonense.
Rogério
liderava a melhor defesa da segunda fase, empatada com o Corinthians, com
apenas 10 gols em 10 jogos. O destaque porém estava no fulminante ataque, autor
de 31 gols. Com tamanho destaque, foi impossível não conquistar a melhor
campanha geral e a vantagem de poder empatar nos dois jogos do mata-mata para
alcançar a classificação. A decepção ficou por conta do Santos, que não se
classificou no grupo após perder na Vila Belmiro para o Soberano.
Nas
semifinais, o Tricolor enfrentaria o Palmeiras, que classificou-se em segundo
no grupo que teve o Corinthians como líder e que teria como adversário a
Portuguesa. O Choque Rei que nos levaria a final foi mais fácil do que o
imaginado. Com os dois jogos no Morumbi, o alviverde cairia na primeira
partida, onde possuiria o mando. O placar de 2 a 1 abriria o caminho para a
final. A vaga foi consolidada graças aos 3 a 1 aplicados no jogo de volta. O
adversário dos jogos decisivos seria o Corinthians, de Marcelinho Carioca,
Gamarra, Vampeta e Rincón. Dois grandes jogos estariam por vir.
Novamente,
as duas partidas seriam na nossa casa. Porém dessa vez não seria tão fácil, pois
Marcelinho e Cris marcaram e adiaram um pouco a festa. Coube a outro grande
ídolo da história são paulina tornar favorável o confronto para.
Raí
desembarcou da França numa quarta. O irmão de Sócrates treinou o resto da
semana e, no domingo, já regularizado faria sua reestreia com a camisa do São
Paulo. Um grande momento para o torcedor, já que a taça viria com grande ajuda
do craque.
O
dia das mães reservou um grande presente para as são paulinas desse país, dado
pelo jogador que viria do PSG para erguer a taça. O próprio abriu o placar aos
30 minutos do primeiro tempo de cabeça, após desvio no cruzamento vindo da
direita, dando o título momentaneamente para o Soberano.
O
empate viria em um golaço de Didi, quando ele dominou na entrada da área e
colocou com categoria no ângulo, sem chances para Rogério Ceni.
Gol
bonito não faltou naquele dia, aliás. O momento que colocaria o São Paulo na
liderança do placar novamente consagraria um ídolo já consolidado e um ainda
pra nascer, mas já procurando fazer história. França, sempre ele botou o Tricolor
na frente, em grande drible e tabela com Raí, fazendo a festa do torcedor que
lotava o Morumbi naquela bela tarde. E pelo jeito título falava francês mesmo. Após grande jogada na linha de fundo de
Denílson, França marcou mais um, confirmando assim o título para o time que
mais mereceu a conquista.
Esse
título entrou pra história por diversos motivos. Como dito acima, o torcedor se
reencontrou com um grande ídolo que passou anos na Europa (numa pequena
comparação com os dias atuais, a situação é bem parecida em certos pontos com o
repatriamento de Kaká, com a diferença que o camisa oito não mitou já na
estreia), comemorou um título, endeusando cada vez mais o craque que decidiu o
jogo. Ganhar em cima do rival também tem um gosto sempre especial, ainda mais
com uma história tão bonita. E também, falando agora um pouco do motivo desse
texto, foi o primeiro título de Rogério Ceni como titular, iniciando todo o seu
ciclo de vitórias.
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