Em uma época que o futebol brasileiro é tão questionado pelo baixo nível disputado em nossas competições, existem pontos a serem elogiados, mediante as circunstâncias.
Destacarei
um hoje e, para bons entendedores, irei falar de música... (solta a batida aê, kumpady) #SQN!
Mas é
claro que falarei do crescimento do futebol mineiro, uai! Aliás,
como o Mineirão parece fazer bem aos times da Terra do Ouro,
pois foi evidente a falta que fez, principalmente para os dois
maiores times do estado: Cruzeiro (atual campeão brasileiro e
franco favorito ao bicampeonato seguido e TETRA em total de títulos)
e Atlético MG (campeão da Libertadores em 2013 e da
Recopa Sul-Americana em 2014).
Acima, o Galo campeão da Libertadores; Abaixo, a Raposa campeã brasileira. (Fonte: SporTV) |
E olha
que mais títulos poderiam vir somente, considerando apenas
2013 e 2014. Escaparam o Mundial de Clubes para o Galo no fim do ano
passado, e a Libertadores da América deste ano para ambos. Além da Copa do Brasil do ano passado, quando o super Cruzeiro
parou no Flamengo nas oitavas de final, que acabaria com o título
do torneio eliminatório. E o Galo mais uma vez não
conseguiu passar pelo Botafogo, que era orquestrado pelo craque
holandês Seedorf.
Porém,
deixando os capítulos ruins de lado, foquemos no que os dois
grandes times do estado, sem contar que América MG e Boa
Esporte fazem uma campanha positiva na Série B, têm realizado
para enobrecer o futebol mineiro.
Antes,
uma constatação. Não pensem que Cruzeiro e
Atlético apenas cresceram nos últimos anos. Eles sempre
foram times fortes e grandes, desde os tempos de Nelinho e Tostão
no lado azul, e de Reinaldo e Cerezo pelo alvinegro.
Comecemos
pela raposa, que com a dupla Gilvan Tavares e Alexandre Mattos,
montou um time bom e barato, com jogadores promissores e que estavam
se destacando por algumas equipes do futebol brasileiro. Chegaram
Dedé e Nilton, que estavam no Vasco; Bruno Rodrigo, que
pertencia ao Santos; Everton Ribeiro, que destacava-se no Coritiba
junto com o técnico Marcelo Oliveira; Borges, que vinha em
baixa no Santos, Dagoberto que estava no Inter e Ricardo Goulart, que
pintava no Goiás, são outros exemplos de reforços
cirúrgicos que foram contratados pela raposa. Sem esquecer de
Júlio Baptista, que estava sem contrato após deixar o
Málaga.
Nilton, Everton Ribeiro, Ricardo Goulart e Dagoberto. Reforços para um projeto arrojado do Cruzeiro. (Fonte: Superesportes) |
Poderia
dar errado, muito errado. Mas deu certo. O time demorou a dar liga,
tanto que só engrenou de vez no Brasileirão do ano
passado, porém a regularidade obtida pela atual equipe mais
forte do país é contrapartida à irregularidade
dos outros grandes times.
Os
números expressivos de gols, o ataque rápido e rasteiro
e os destaques individuais que vinham surgindo, fizeram o torcedor
pensar: Qual o limite para essa raposa? Será que vai superar o
lendário time de 2003 que tinha o gênio Alex como
principal estrela?
Após
o incontestável título nacional conquistado com sobras,
a expectativa era para o que esse time poderia fazer na Libertadores,
porém o sonho que tinha escapado numa final traumática
em 2009 contra o Estudiantes, em pleno Mineirão, mais uma vez
fugiu das mãos cruzeirenses, que foram eliminados pelo San
Lorenzo nas quartas de final. Aliás, o time do “Papa
Francisco” acabou copando a competição de maneira
inédita.
Porém,
quem achava que o time poderia se abalar e não repetir a
façanha do último Campeonato Brasileiro na edição
deste ano, enganou-se redondamente. Redonda como é a bola que
o time celeste continua jogando, contando com o reforço de
Marcelo Moreno, reserva no Flamengo, emprestado pelo Grêmio e
que sente-se em casa atuando pela raposa. Líder do
Brasileirão, com 12 gols marcados. Ah, e o vice-artilheiro
também é cruzeirense: Ricardo Goulart, com 11 gols.
Marcelo Moreno voltou ao Cruzeiro e virou artilheiro da equipe no Brasileirão. (Fonte: Globoesporte) |
Repito a
pergunta: Até onde pode chegar esse ótimo e eficiente
time do Cruzeiro? E se você acha que é somente um time
de bons jogadores vivendo uma boa fase técnica, os jovens
valores que estão na reserva celeste é muito
promissora: Mayke (lateral-direito), Alisson (meia-Atacante), Marlone
(meia), Marquinhos (atacante) e Neílton (atacante).
Jovens e
promissores, sem esquecer de Manoel, Henrique, e do excelente volante
Lucas Silva, que logo, logo chega à seleção
principal.
É,
pela regularidade e pelo projeto arriscado que deu certo: A raposa
merece estar no topo. Porém, o arquirrival não fica
inferiorizado não, o Galão da Massa é forte
demais da conta, sô!
Se o
Mineirão é a casa cruzeirense, o horto é o
caldeirão do Galo. Cozinha quem quer lá dentro e
raramente sofre um revés atuando na “arapuca” do estádio
Independência.
Com um
projeto arrojado, que começou em 2012 com a contratação
de Ronaldinho Gaúcho, o Atlético foi vice-campeão
brasileiro. Algo que não acontecia desde 1999, quando perdeu a
decisão para o Corinthians.
Com um
jovem talentoso que tinha alegria nas pernas (Bernard), Diego
Tardelli voltando para onde é considerado ídolo e com
Jô em boa fase, a linha de frente parecia que iria fazer
barulho, e foi justamente nisso que o polêmico Alexandre Kalil
e o técnico Cuca apostaram. Ofensividade. Porém não
esqueceu da retaguarda, que era liderada pelo goleiro Victor, e a
dupla de zaga Réver e Leonardo Silva. Josué e Pierre
fechavam o meio de campo na parte defensiva e Marcos Rocha jogava na ala
direita, sempre como uma ótima opção ofensiva.
Eis a
tática GALO DOIDO, assim mesmo chamada pelo técnico que
tinha fama de azarado.
Caiu no Horto, ta morto! O estádio Independência virou o caldeirão atleticano na Libertadores. (Fonte: Galokombi) |
Conquistou
o inédito título da Libertadores com uma primeira fase
avassaladora, porém a partir das quartas, foi tudo na raça,
no coração, no pênalti salvador defendido por
“São” Victor contra o Tijuana, o gol espírita de
Guilherme contra o Newell's e a vitória mágica nos
pênaltis contra o Olímpia na decisão. Um time
comandado em campo por Ronaldinho Gaúcho, que fazia toda a
engrenagem rodar com toda a eficiência. No Mundial de Clubes,
sem Bernard e com uma crise interna que atrapalhou demais, veio uma
vexatória eliminação para o Raja Casablanca e o
tão sonhado duelo contra o Bayern de Munique, foi adiado por
mais alguns anos.
Porém,
uma competição de dois jogos não pode apagar o
que foi feito numa tão acirrada Libertadores.
Se o
Cruzeiro arriscou e acertou; O Galo errou ao trazer Paulo Autuori e
isso custou-lhe uma eliminação em casa para o Atlético
Nacional de Medellín, já sob o comando de Levir Culpi.
O Galo caiu no horto, e morreu.
Levir
chegou, Ronaldinho saiu, Jô sumiu depois da Copa e a esperança
de gols tornava-se André. Desanimador, não? Pois o
time foi se ajeitando aos pouquinhos e com um agravante: cheio de
desfalques para o professor Levir se virar. Haja pão de
queijo, sô!
E não
é que esse trem doido deu liga novamente? Tardelli voltou a
jogar muito bem, tanto que ganhou vaga no time de Dunga, o bom e
promissor lateral-esquerdo Douglas Santos, revelado pelo Náutico,
foi contratado e o argentino Dátolo, que ainda não
tinha dito ao que veio para a Cidade do Galo, voltou a jogar o que
jogava nos tempos de Boca Juniors. Se o time de 2013 tinha Bernard,
esse time tem Carlos, que já aparecia muito bem na categoria
de base e estreou em clássicos fazendo dois gols. Decisivo.
Letal. Promissor.
Carlos e Tardelli foram letais e decidiram o último clássico a favor do Galo. (Fonte: Google Imagens) |
O time
que perambulava pelo meio da tabela, agora entrou no G4, e pelo
crescimento dessas duas equipes, principalmente pelo clássico
protagonizado por ambos no último domingo, seria muito legal
revê-los na Libertadores 2015, sem esquecer que é
completamente plausível esperar um confronto entre eles na
final da Copa do Brasil desse ano. Espetacular, eu diria.
Ah, mas
só existe Galo e Raposa, Cruzeiro e Atlético em Minas?
Sem contar a covarde punição do STJD ao América
MG, ele e o Boa Esporte teriam totais chances de acesso à
primeira divisão, já que ocupariam a 6ª (BOA) e 7ª
(América) posições, há 4 e 7 pontos do
G4, respectivamente.
Na Série
C, o Tupi lidera o Grupo B e pode perfeitamente sonhar com o acesso
para a segundona. Ou seja, seja entre os principais times do estado,
ou nos times menores, o futebol mineiro tem crescido e prometendo
fazer muito barulho nos próximos anos.
Quem
provar desse tempero, vai se amarrar!
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