Orgulho cruzmaltino #1: Barbosa, O Injustiçado


Nome: Moacir Barbosa Nascimento
Nascimento: 27 de Março de 1921, em Campinas, São Paulo, Brasil.
Faleceu: 07 de Abril de 2000, em Santos, São Paulo, Brasil.
Altura: 1,76m
Posição: Goleiro
Clubes: Ypiranga (SP) (1942-1944)
Vasco (RJ) (1945-1955 e 1958-1962)
Santa Cruz (PE) (1955-1956)
Bonsucesso (RJ) (1957)
Campo Grande (RJ) (1962).

Principais títulos por clubes:
Vasco: 1 Campeonato Sul-Americano de Clubes (1948);
6 Campeonatos Cariocas (1945, 1947, 1949, 1950, 1952 e 1958)

Brasil: 1 Campeonato Sul-Americano (1949)
Principais títulos individuais:
Melhor Goleiro da História do Vasco da Gama
Time dos Sonhos do Vasco pela Revista Placar: 2006

Vascaínos e vascaínas, convido a vocês para uma viagem no tempo. Conheceremos grandes craques, que honraram o manto cruzmaltino como poucos. Sejam bem vindos ao Orgulho Vascaíno.
Começamos a nossa série com um dos maiores jogadores do Vasco de todos os tempos e o jogador mais injustiçado do futebol brasileiro: Barbosa.

A aventura futebolística do nosso maior goleiro começa em São Paulo, onde Barbosa jogava como ponta-esquerda no time de sua empresa, mas, com o tempo percebeu que a sua vocação era debaixo das metas. Atuando nessa função, pelo Ypiranga, chamou a atenção de olheiros do Vasco e fez parte de uma das melhores fases do time da Colina, sendo o primeiro campeão sul-americano com o Gigante da Colina.

Apesar de não ser muito alto, Barbosa era muito ágil, seguro, corajoso e elástico. Era tão arrojado, que se recusava a usar luvas, algo que lhe rendeu 11 fraturas nas mãos. Sacrifício esse recompensando com grandes defesa e muitos títulos para São Januário. As grandes atuações renderam a titularidade na seleção brasileira, mas, o que parecia um sonho, tornou-se o mais longo pesadelo já vivenciado no futebol em terras tupiniquins.

Barbosa foi titular no Campeonato Sul-Americano, precursor à Copa América, onde foi campeão com direito a show na final contra o Paraguai: 7x0. Barbosa tomou 6 gols em 8 jogos, algo impressionante numa época onde as linhas ofensivas eram espetaculares e os sistemas defensivos ridiculamente fracos. Agora a missão era a Copa do Mundo.

O Brasil sediaria a Copa pela primeira vez em casa e tinha em sua base o time do Vasco, Campeão da América em 48. A seleção fez uma campanha maravilhosa, com grandes jogos, apresentações de gala e com a autoestima da altura do Cristo Redentor. O palco estava armado, o clima de "Já ganhou" tomava conta do país e isso acabou minando a preparação dos jogadores, que sentiam a pressão do jogo. Supersticioso, o goleirão começou a perceber sinais de azar, a começar pela bandeira brasileira hasteada de ponta cabeça e, na sequência, o Brasil perdeu na moedinha na escolha do campo, algo que nunca tinha acontecido durante o torneio.

Durante o jogo, o time do Brasil demonstrava nervosismo e descontrole, fazendo muitas faltas. Já o Uruguai, apesar da juventude de seus jogadores, demonstrava frieza em suas ações e se defendia bem. Porém, no segundo tempo, Friaça, que um ano depois jogou pelo Vasco, abriu o placar. Com o resultado, a seleção se fechou em seu campo defensivo e o time uruguaio foi buscar o resultado. Aos 21, a primeira facada: Ghiggia cruzou rasteiro para Schiaffino que fuzilou para o gol, era o início do fim. Aos 34, a estocada final, Ghiggia, sempre ele surgiu por atrás de bigode e chutou no canto de Barbosa. Era o fim do sonho do título mundial em casa e o início do pesadelo do nosso ídolo.

Injustamente, Barbosa sofreu nas mãos da imprensa e da torcida nacional que o vaiavam aonde quer que jogasse. Ele tentou seguir em frente, voltou a ser convocado para seleção em 53, mas uma fratura na perna e uma consequente depressão fizeram o pesadelo piorar ainda mais.

Sua aposentadoria foi marcante. Em seu último jogo pelo Campo Grande, sentiu o músculo e saiu de campo aplaudido de pé por 670 pessoas. Apesar do baixo público, Barbosa vou a se sentir amado pela torcida que viu sua ascensão e sua queda.

Após aposentadoria trabalhou para a SUDERJ por um tempo, mas as críticas por aquele momento ainda o perseguiam. Cansado, se mudou para Santos, morar com uma amiga, Tereza Borba, que tentou suprir a perda de Clotilde, esposa de Barbosa por 56 anos que faleceu em 1996, três anos depois de o goleiro ser barrado da concentração da seleção brasileira que se preparava para a Copa de 1994, por ser “mau agouro”. A tristeza foi tanto, que o ex-goleiro se tornou recluso até o ano de sua morte em 2000. Como costuma dizer, "um preso no país cumpria uma pena de no máximo 30 anos. No entanto, o melhor goleiro da história do Vasco cumpriu sua “pena” por meio século.

Barbosa, a culpa não foi sua!

Apesar de tudo isso, ele ainda mora nos corações de todos os vascaínos que esperam que sua alma descanse em paz e que o verdadeiro vexame em campos nacionais não foi dele, mas de um certo grupo de garotos perdidos que precisam aprender e muito com essa geração de 50.

Até a próxima, pessoal!

EXTRAS:

Reportagem da TV Cultura sobre a vida do gigante Barbosa:




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Autor: Pedro Chagas

Blogueiro do C11, vascaíno, cristão, pseudo-treinador no Football Manager, um apaixonado por Deus, por futebol e pelo mar!
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