Arrancada Heroica - Parte II

E ontem foi dado o primeiro passo para a Arrancada Heroica II. (Foto: ESPN)

Dia 20 de setembro de 1942, você conhece esta data, torcedor palmeirense? Pois bem, faz muito tempo, o torcedor mais novo certamente não conhece, o seu pai também não, talvez nem o seu avô conheça por tão antigo que seja, porém esta data é uma das mais importantes, se não a mais importante da história do nosso alviverde. 

Sabe aquela tradicional frase palmeirense que sempre ouvíamos ao adentrar o Parque Antártica, "Morremos líderes e nascemos campeões"!? Então, ela tem tudo a ver com a data exposta acima. 

Parece que você não entendeu ainda, né amigo palmeirense? Pois irei lhe explicar.

Existe um grande contexto histórico atrás daquela data, também da frase e de tudo o que ocorreu. Nossa Sociedade Esportiva Palmeiras, que nem sempre teve este nome, se chamava naquela oportunidade Societá Sportiva Palestra Itália, isto dentre o primeiro semestre de 1942. Naquele ano, o Palestra voava baixo no Campeonato Paulista, o time era comandado por Armando Del Debbio e contava com nomes históricos no elenco como, Oberdan Cattani, Echevarrieta, Waldemar Fiúme & Cia e naquela ocasião estava dando show no Paulistão de 42. 

Em contrapartida em 1942, inicialmente na Europa, acontecia a todo vapor a Segunda Guerra Mundial. Os países do Eixo, integrado por Alemanha, Itália e Japão estava em conflito com os Aliados: EUA, URSS, Grã Bretanha e França.  O governo no Brasil era "Getulista", nada mal para o Palmeiras, que até então era Palestra Itália, Itália de Mussolini e do Fascismo no qual Getúlio Vargas assemelhava muitas de suas ideologias. Entretanto os nazi-fascistas fizeram uma cagada que fodeu completamente com o contexto histórico palestrino em 42.

Em fevereiro de 1942, os ítalo- alemães torpedearam as embarcações brasileiras instaladas no Oceano Atlântico. Pronto, acabara assim toda a admiração de Getúlio para com os fascistas, pelo menos naquela oportunidade. O Brasil rompia relações com os países do Eixo e se alinhava com os aliados. Sendo assim, nenhuma entidade clubística no Brasil poderia fazer qualquer alusão a Itália, Alemanha ou Japão. Resultado: o Palestra Itália deveria mudar de nome. 

Sob uma possível perda do patrimônio, o Palmeiras começou a sofrer diversas pressões para que o seu nome fosse modificado e o primeiro ato foi mudar o nome do time de Palestra Itália para Palestra de São Paulo, algo que faria com que o P do escudo continuasse sendo aproveitado, além disso, a cor vermelha pertencente no uniforme do Alviverde, e que fazia alusão a colônia italiana, passaria a ser amarela para retratar algo nacionalista. 

Mudanças em vão. Novas exigências foram feiras aos dirigentes palestrinos para uma nova mudança de nome sob justificativa que a palavra Palestra advinha de origem grega e que por alguma carga d´ água havia sua relação com a Itália. A pressão naquela época vinha principalmente do São Paulo Futebol Clube que pedia a extinção do Palestra de São Paulo, já que estava interessado no terreno do nosso Estádio, hoje o Allianz Parque.

Quer saber de tudo o que se passa no nosso Palmeiras? Então siga o @Verdao24Horas

O Palmeiras não se abateu com a nova exigência e realizou no dia 14 de setembro de 1942 uma sessão extraordinária para que o imbróglio fosse definitivamente resolvido. Eram exatos seis dias antes da decisão do Campeonato Paulista e após algumas horas de discussão, nomes como Piratininga e Paulista foram negados até que todos concordassem com Sociedade Esportiva PALMEIRAS, a partir daquele dia o nome do maior vencedor de títulos nacionais da história do país do futebol.

O nome foi escolhido devido a boa relação que a diretoria do Palestra Itália obtinha com a extinta Associação Atlética das Palmeiras. Nada além de uma singela homenagem dedicada à bons amigos, homenagem esta que virou nome, identidade, grito entoado por 16 milhões de pessoas que têm seus corações pintados de verde, branco, e por quê não também de vermelho!? 

Seis dias após a mudança de nome, naquele 20 de setembro de 1942 do início do texto, o agora Palmeiras adentraria ao gramado do Estádio Dr. Paulo Machado de Carvalho (Pacaembu) para a decisão do triangular final do Paulistão. O adversário era justamente os nojento São Paulo que tanto queriam o nosso fim e que no final acabaram tomando no cu. Era a hora de finalmente nascer campeão aquele que "morreu" líder. 

Oberdan Cattani, Junqueira e Begliomini; Zezé Procópio, Og Moreira e Del Nero; Cláudio, Waldemar Fiúme, Viladoniga, Lima e Echevarrieta. Esta foi a primeira escalação da Sociedade Esportiva Palmeiras, e tudo indicava que ao entrar em campo, esses jogadores seriam incessantemente vaiados pelos torcedores em geral. Todos ainda viam o Palmeiras como uma "ordem" italiana infiltrada no Brasil, porém uma "estratégia de marketing" fez com que o Verdão virasse o jogo antes mesmo dele começar. Os jogadores entraram perfilados e puxando uma bandeira brasileira, fora que a fila era encabeçada pelo 2º Vice- Presidente do Verdão, Adalberto Mendes, capitão do Exército Nacional. 

Quase 46 mil pessoas lotavam o Pacaembu, e foram essas 46 mil pessoas que viram Cláudio, aos 16 minutos do primeiro tempo, marcar o primeiro gol da história da Sociedade Esportiva Palmeiras. O time ainda sofreu o empate aos 23 minutos da etapa inicial com Waldemar de Barros. Mesmo assim, ainda no primeiro tempo voltou a encabeçar o placar com um gol de Del Nero, aos 43. Aos 14 da etapa final, Echevarrieta ainda ampliou o marcador, 3 a 1 Palmeiras. Aos 21 minutos do segundo tempo o árbitro Jaime Janeiro Rodrigues marcou pênalti de Virgílio em Og Moreira e expulsou o zagueiro tricolor, algo que fez com que todos os são paulinos enlouquecessem de raiva, deixassem o gramado e o Palmeiras se tornasse Campeão Paulista de 1942 antes mesmo que se completassem os 90 minutos. 

O episódio emocionou tanto aos torcedores palmeirenses/palestrinos na época que foi denominado, Arrancada Heroica.

Exatos 72 anos e 5 dias se passaram após este fato histórico para a nação palmeirense e ontem (25/09/2014) vencemos o Vitória no Pacaembu por 2 a 0. Lúcio e Henrique abriram o que para nós passa a ser a partir de hoje, a Arranca Heroica Parte II. 

Desta vez nem nasceremos líderes (muito pelo contrário) e nem morreremos campeões (impossível), porém após dois rebaixamentos (2002 e 2012), tomar seis de Coritiba, Goias e Mirassol nos últimos quatro anos e ter um centenário tão sofrido como estamos tendo, chegou a hora de respirarmos ares um pouco melhores, vencermos um pouco. É hora da torcida gritar gol e de fazer festa no Porcoembu. Enfim, é hora de nós torcedores tomarmos este fato histórico para si, uma para com cada um. É hora de esquecermos que os jogadores são perebas, que o Paulo não é nada nobre, que estagnamos no tempo... é hora de torcer, cantar, vibrar, transpirar, pois só assim, eu tenho certeza, que o jogo vai virar e pelo menos nós vamos parar de sofrer um pouco e após os dias de luta, chegarão os nossos dias de glória, nem que tal glória seja apenas fugir do limbo doído do rebaixamento.

ACOMPANHE O PALMEIRAS NO:
Compartilhar no Google Plus

Autor: fábio

    comentar com Facebook