Entrou na História #6: Tu és forte, tu és grande. Dentre os grandes, és o primeiro! (Parte 1)


Alô, amigo leitor! Sou Mairon Aquino e a sexta edição do 'Entrou na História' chega para te contar e fazer relembrar uma das maiores soberanias do nosso futebol. Dividido em duas partes, o São Paulo e seus 6 títulos nacionais, com a inusitada marca do tricampeonato inédito entre 2006 e 2008, e os de Libertadores e Mundiais. A história é digna, o tricolor bate no peito com orgulho, e você vem comigo aprofundar-se num dos triunfos mais marcantes do futebol brasileiro.

O adjetivo 'Soberano' não permanece à toa junto ao nome do São Paulo. Apelidos marcam, dão humor, criam uma ideia fixa diante do substantivo próprio ou comum ali referido. Mas contrariando o simbologismo que qualquer tipo de alcunha espalhada pelo mundo significa, as conquistas dão ao tricolor uma verdadeira ênfase e sentido quanto à 'soberania', que assim deriva de como é conhecido. Nem um, nem dois, nem três... quatro títulos. Doze. No melhor da matemática: 6-3-3. Onde os traços jamais significarão subtração.

1977, 1986, 1991. Campeonatos Brasileiros. 1992, 1993. Libertadores e Mundiais. Até 2005, uma conta 'inexata'. Somava-se um 3-2-2 enxuto para esta marca, mas significativo para a história tricolor. E o que já era marcante e digno de vangloriar ganhou ainda mais ênfase a partir do que se viu entre os anos de 2005 e 2008. Não bastava o que Waldir Peres, Müller, Cafu, Raí e o saudoso Telê fizeram lá atrás. Rogério Ceni, Hugo, Mineiro, Miranda, Hernanes e Jorge Wagner também tinham o que marcar e futuramente contar. E como duas gerações no mínimo distintas, unem-se para caracterizar as maiores glórias de quem hoje é tido como um supremo vencedor de títulos no país.

77-86-91: Infinitas fases e desorganização: para o mesmo campeão

Era 77 e o futebol padecia com as interferências militares em sua organização. Eram 62 clubes numa só divisão, além de 6 fases que incluíam uma repescagem ao meio, isto é, os times eliminados na primeira fase regressavam buscando vagas nas sucessoras, à beira de uma semifinal. O São Paulo buscava seu primeiro título nacional e contava com Rubens Minelli, atual bicampeão com o Inter de Porto Alegre, e futuramente o primeiro técnico a vencer o Campeonato Brasileiro três vezes consecutivas. 

Vice-líder nas duas primeiras fases em seu grupo, avança às semifinais como líder (só o mesmo passara) com folga no grupo U, deixando times como Grêmio, Sport e Ponte Preta para trás. O adversário das semifinais era inesperado: Operário de Campo Grande. E com o Morumbi lotado, pulsando para marcar o maior público da história tricolor em Campeonatos Brasileiros (109.584 pessoas), o time passa fácil com um 3x0 no placar. Na volta, o 1x0 não fez diferença e a vaga para a final estava encaminhada. 

5 de março de 1978: um encontro com o Atlético/MG e um Mineirão impulsivo, com 102.974 pessoas. O Galo, favorito, pouco se impôs na partida e viu o tricolor ter as melhores chances. 0x0. Pênaltis decidiriam o Brasileirão pela primeira vez na história. Getúlio e Chicão, primeiros tricolores, esbarraram em João Leite, defendendo para o Atlético. Toninho Cerezo também não foi feliz, mas Ziza enfim balançou as redes para o Galo. Peres empatou. Alves recolocou o time de Minas na frente. Antenor, após, empata mais uma vez. Joãozinho Paulista tinha, praticamente, a bola do título em seus pés. Mas Waldir Peres disse 'não'. Sai de sua meta, vai até o adversário, tira a bola do lugar e provoca. Pressionado, Paulista isola. 


Bezerra conferiu. Vez de Márcio. O Mineirão queria voltar a ver o Galo campeão brasileiro 6 anos após, inflamando aos gritos de 'Galô, Galô, Galô'. E lá foi Waldir Peres, de novo, mexer com o psicológico mineiro. Márcio i s o l o u. O São Paulo consagrava-se Campeão Brasileiro pela primeira vez em sua história.


86 não fugiu muito à desorganização. À época, a CBF resolveu juntar as Taças de Ouro, Prata e Bronze, vide Séries A, B e C, totalizando 80 clubes numa só competição. O regulamento apontava que 28 clubes dos grupos A-D avançavam à fase posterior, além de 4 dos grupos E-H, findando 32 para a sequência. Porém, um imbróglio entre Vasco, Joinville e Portuguesa fez com que a entidade promovesse a Lusa à fase seguinte, assim com 33, porém tendo que acrescentar outros 3 clubes, Santa Cruz, Sobradinho e Náutico, devido às dificuldades em criar a tabela com um número ímpar de times. Por fim, 36 avançaram. 

O tricolor passara como líder do grupo A e vice do grupo I, na primeira e segunda fases respectivamente, encontrando o Inter de Limeira nas Oitavas. Um agregado de 4x2 o fez confrontar classicamente com o Fluminense, nas Quartas. 2x0, 2x1. Uma vitória para cada lado e o América nas semifinais. Vitória por 1x0 e empate por 1x1 colocava o São Paulo em mais uma final de Campeonato Brasileiro, agora diante do Guarani. 

Morumbi, Brinco de Ouro. Palcos. Na ida, 81 mil pessoas, 1x1. Careca e Evair. Volta, 37 mil presentes. Dois minutos. Apenas. Gol contra de Nelsinho. Bugre 1x0. Minutos depois, a dose se repete, mas do lado inverso. Ricardo, contra. 1x1. E nada mais se viu até o fim do jogo, incluindo um pênalti não marcado para o Guarani. Prorrogação. 15 minutos lá, 15 minutos cá. E no primeiro deles, Müller cobrou falta para virar o jogo. Aos 9', João Paulo testa para empatar de novo. Na segunda etapa, o mesmo João Paulo, em jogadaça, virava para o Guarani. Porém, no último minuto, Careca tratou de empatar, dar números finais à bola rolando, e encaminhar, de novo, a decisão para os pênaltis. 3x3. 30 minutos. Sensacional. 

Nos pênaltis: 4x3 São Paulo, que pela segunda vez em sua história sagrava-se Campeão Brasileiro.

(Bola na Área)

A década de 80 encerrava-se com glória ao tricolor. Quatro estaduais, um Campeonato Brasileiro e outros três vice-campeonatos. 90 chegara um tanto quanto amargurada, depois de dois vices consecutivos no Brasileiro. Mas 1991 ressurgia para o tri. A final, pela terceira vez seguida e segunda entre times Paulistas, vinha ante ao Bragantino. Na primeira fase, ambos fizeram campanhas semelhantes, avançando às semifinais para encontrar Fluminense e Atlético/MG, respectivamente, em dois jogos. Com curtos placares de 0x0, 1x1 e 1x0, os paulistas avançam à decisão em dois jogos no Morumbi e Nabi Abi Chedid.


Ida. Quase 68 mil pessoas veem o time de Telê Santana vencer por 1x0, gol de Mário Tilico. E só. Volta. Chedid. Um dos menores públicos de finais de Campeonato Brasileiro da história: 12 mil presentes. 0x0 no placar e São Paulo três vezes campeão brasileiro de futebol.


A soberania tricolor não para por aqui. Nos próximos dias, conferimos juntos os primeiros momentos e títulos da Taça Libertadores, os inesquecíveis Mundiais diante de Barcelona e Milan, além do tri inédito entre 2006 e 2008. Até lá! 

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Autor: Mairon Aquino

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