Foto: Tom Dib/LANCE!Press |
Ontem não foi só uma data festiva por conta da Independência da nossa pátria, mas também para nós, devotos da santidade Rogério Ceni. Apesar das merecidas homenagens, o momento não nos permite comemorar tanto assim.
No dia 7 de setembro de 1990, um jovem goleiro, de então 17 anos, nascido no Paraná mas vindo do Mato Grosso, era aprovado nas categorias de base do São Paulo, um dos maiores clubes do país. Mal sabia ele o que aquela data viria representar para uma nação inteira.
Foi bicampeão da Libertadores. Bicampeão Mundial, sendo o melhor jogador (sim, o goleiro) da edição de 2005. Tri do Brasileiro, campeão da Conmebol, da Recopa, da Sul-Americana - e mais de uns tantos Paulistas e torneios amistosos. Mais de 1000 jogos com a camisa tricolor (hoje ele faz seu 500º em Campeonatos Brasileiros), mais de 100 gols. E os números só resumem um pouco do que é Ceni.
Se é difícil explicar o que é Rogério Ceni para um são-paulino, imagina para quem não é. Para os rivais que tantos sofreram nas mãos (e pés) dele, então, é impossível. É o maior ídolo da história do São Paulo Futebol Clube.
Um goleiro que não é melhor do que Zetti, Marcos, Taffarel, Dida, Waldir Peres ou Leão. Mas é maior. Em importância, em significância, em idolatria.
Só nós temos ele, ainda bem. Sempre tivemos e sempre teremos.
Dito isso, voltamos para o lance fatídico da noite da última quinta-feira. São Paulo e Criciúma lutavam para se afastar da zona de rebaixamento no Morumbi, que contava com mais de 30 mil são-paulinos. O primeiro tempo já havia sido desastroso: perdido em campo, o Tricolor Paulista estava atrás no placar; 2x0 para o Tigre, gols de Marcel e Lins.
A equipe pressionava. Aloísio teve boa chance, saiu na cara do gol, tentou driblar o goleiro e levou o carrinho. Pênalti claro. O camisa 19 pegou a bola e gritou: "Luis! Luis!". Mas não, nosso artilheiro não estava presente no lance mais importante do jogo. Aloísio então colocou a bola na marca e ajeitou-a. "Deixa que eu bato", ele disse. Foi então que Rogério saiu caminhando de sua meta em direção à área adversária. Estava decidido, pouco importa por quem - ele iria bater o penal.
Você sabe que nós te amamos, Ceni. Que agradecemos todos os jogos por tudo que você fez, faz e ainda fará por esse clube tão vitorioso. Seu nome já está cravado na história do futebol mundial e ninguém representa o São Paulo nesse cenário melhor do que você. Você, que já foi o herói inúmeras vezes, não precisa querer ser sempre, de novo. Com 40 anos, ainda tenho certeza que você nos salvará. Mas não vai ser sempre; não precisa ser sempre.
Tenho certeza que você sabia que, se errasse de novo, iriam chover críticas, piadinhas e pedidos de aposentadoria vindos até da própria torcida. Se Aloísio errasse, teria ainda a oportunidade de fazer um gol, além de se esforçar, correr e tentar, chegando até a poder ter seu nome gritado pelos tricolores que estavam no Morumbi - como teve. A pressão seria outra, as manchetes seriam outras, o resultado seria outro.
Mas não, foi nosso capitão que bateu. E perdeu. Aliás, que linda defesa do Galatto (aquele mesmo). Saiu cabisbaixo, andando, e o time perdeu de novo em casa. 2x1 para os catarinenses.
"A culpa da derrota foi minha, a incompetência foi minha." E tem gente que pensa que ele nunca assume a responsabilidade das derrotas. É o nosso líder nato.
"Ninguém quer mais do que eu sair dessa situação." Errado, Rogério. Ninguém quer menos do que você sair dessa situação.
Estamos contigo, capitão. Sempre estaremos. Tá difícil aguentar o Brasil inteiro zombando de nós, mas sairemos dessa. Vai passar.
Perdão pelo atraso, esse texto era para ontem. Porém, antes tarde do que nunca.
Já curtiu e seguiu o Tricolor?
Diogo Magri
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