Marquinhos Santos: entre o discurso e a realidade, um abismo




O início de temporada é sempre um período complicado. Nele, existe uma linha tênue entre a expectativa e a frustração. Reformulação de elenco, pouco tempo para treinar, falta de entrosamento e preparo físico. Situações já conhecidas do torcedor e que, de fato, podem ser parte da justificativa para os resultados iniciais, mas não os apagam. 

O torcedor, em geral, é imediatista, quer bola na rede e triunfos. O torcedor do Bahia, então, é tudo isso aí ao cubo. Quem tá lá, independente de planejamento, que se vire. Dê seus pulos. Marquinhos Santos, em dois jogos, parece não ter entendido o espírito da coisa. Continua fazendo questão de errar, tanto na escalação quanto nas mudanças. Chegou com um discurso eloquente, empolgante de jogar com apenas 1 volante. O time seria mais ofensivo que o excepcional time da União Soviética de 1956, liderado por Lev Yashin (valeu pela força, @cantadapvc). Ledo engano.

Nesse primeiro momento, sem peças que certamente serão titulares absolutos do time (Wilson Pittoni e Maxi Biancucchi), o treinador caiu no lugar comum. No Rei Pelé, com Rafael Miranda e Diego Felipe responsáveis pela marcação, 3 gols em sequência e um passeio do CSA no primeiro tempo. Miranda não tem como principal virtude a marcação, Diego é mais meia que volante. Com a vaca indo pro brejo, o treinador colocou Fahel no segundo tempo (imagino eu, querendo ganhar mais poder de marcação). E quando um treinador vê em FAHEL a solução para o setor de marcação, algo está muito errado. É inimaginável um volante não conseguir roubar uma bola sem cometer a falta. O único que tinha capacidade técnica de ser o dono da posição, fizeram questão de trocar pelo garoto selo-QueméZiconaLadeiraDaFonte-de-qualidade.

Dois jogos podem parecer pouco tempo pra avaliar. Beleza, eu concordo, a depender do ponto discutido. Se o assunto é PRIMEIRO VOLANTE, aqui vai a primeira constatação: Não existe esse jogador no elenco. O Bahia, querendo ou não, terá que ir ao mercado buscar. Caso contrário, teremos outras atuações comprometidas e continuaremos colocando a culpa no entrosamento, quando na verdade o problema é também qualidade técnica de algumas peças. Não dá pra esperar que um centroavante faça gol se a bola não vai chegar. Hoje, o futebol dito moderno não tem espaço pra volantes do tipo Fahel, que se posiciona como terceiro zagueiro, dando campo e espaço pro adversário jogar. Não permite um volante do tipo Rafael Miranda, que se treme mais que velho com mal de Parkinson pra fazer um passe de 2 metros. Diego Felipe não é jogador para o Esporte Clube Bahia. Diante das descrições dos VOLANTES TITULARES, creiam, dá pra esperar resultado diferente desse insípido 1 a 1 com o Santa Cruz?

Era muito claro, desde o princípio, que o discurso do treinador e o real estavam separados por um abismo. Já conhecíamos quem ficou e coçávamos a cabeça com quem chegou. Some-se a isso o histórico de Marquinhos. No Coritiba, diferente do que foi propagado, ele NUNCA jogou com um volante. Fez variações táticas em momentos de desespero, com o placar adverso, mas nunca transformou em conceito, como prometido no Bahia. E a carência fez muita gente acreditar que era possível. A priori, não queria decepcioná-los, mas vou: ESQUEÇAM ISSO! O Bahia não pode e não vai jogar com um volante. A limitação técnica não dará segurança ao treinador para fazê-lo.

Diante do panorama atual, penso que o resgate de Lenine para o grupo seria importante. Foi o primeiro volante do Bahia com Falcão e deu conta do recado. Inexplicavelmente, perdeu espaço e, de lá pra cá, foi esquecido. Não sei se seria solução, mas algo precisa ser feito. Fahel não pode ter caminho livre. Precisa urgentemente de uma sombra, alguém que brigue com ele pela posição. Às vezes parece que é perseguição, mas uma leitura mais aprofundada do jogo mostra que a presença dele interfere diretamente na produção coletiva, tanto defensivamente quanto ofensivamente. Exemplificando: Seria possível fazer marcação pressão com um volante que volta e meia tá com a bunda colada na cara dos zagueiros? Pois bem. Marquinhos Santos, como diria o poeta, PEIDOU NA FAROFA com o discurso inicial. Inocentemente, prometeu algo sem conhecer o material que tinha. E conhecendo a torcida do Bahia, ele pode pagar muito caro por isso.  


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Autor: Unknown

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