Universidad C. 3x4 São Paulo: Com fé, vencemos a Católica

Foto: Mario Davila / Agencia Uno

Peço perdão pela demora, fiz o texto ontem mas a internet só me possibilitou postar agora.

Foi tenso, foi suado, foi sofrido, foi até histórico. Após ter feito um péssimo 1x1 no jogo de ida, no Morumbi, contra a Universidad Católica pela Copa Sul-Americana, o São Paulo conseguiu superar os chilenos na casa deles, por 4x3, e seguir adiante em busca do bi. Os gols foram marcados por Aloísio (2), Ademílson e Welliton, mas o verdadeiro dono do jogo foi Rogério Ceni.


Muricy mandou a campo uma equipe, a princípio, no 4-4-2. Paulo Miranda, no início um lateral-direito, às vezes formava o trio atrás com Tolói e Édson Silva. Sem laterais-esquerdos, Douglas foi escalado para fazer a função. Rodrigo Caio aparecia mais a frente, como volante, ao lado de Maicon; Denílson jogava mais a direita, sendo o ala quando a equipe se formava no 3-5-2. Ganso na armação, Ademílson e Aloísio no ataque.

Mesmo com o 0x0 ao seu favor, a Católica começou controlando o jogo. O Tricolor, meio perdido, teve apenas uma boa chance, com Aloísio acertando o travessão. Logo a seguir, o time de Santiago chegou bem pela esquerda e contou com a sorte na falha de Tolói que trombou com Rodrigo Caio, fazendo com que a bola sobrasse limpa na área para Sosa só tirar do Rogério. 1x0. Saída de bola são-paulina, passam-se quatro minutos, Aloísio recebe de Maicon na entrada da área, gira em cima do zagueiro e toca na saída do goleiro, de esquerda, com imensa categoria. 1x1 e já tínhamos igualado o confronto agregado. Mais quatro minutos, Douglas sai com ela pela esquerda, escorrega, perde o lance que resulta num belo gol de Cordero, chutando firme no canto esquerdo de Ceni. São Paulo novamente com a posse: Maicon domina na esquerda, acha Aloísio, que ajeita de peito para Ganso. O meia carrega a bola e deixa o mesmo atacante na cara de Toselli. Aloísio, com uma calma incomum (ao menos para ele), dribla o goleirão e empata o jogo de novo.

Isso mesmo. 25 minutos no cronômetro, 2x2 no placar. Mas agora a classificação era nossa, e isso significava uma pressão chilena no resto da primeira etapa. Ela aconteceu, e muito.

Ceni defendeu duas cabeçada e um chute dificílimos e ainda contou com a sorte de duas bolas tiradas em cima da linha por Maicon e Rafael Tolói. No lance mais dramático, Castillo foi lançado nas costas de Édson Silva e só tocou rasteiro na saída do nosso 01. A bola demorou uma infinidade para tocar de leve na trave e voltar nas mãos do nosso capitão. Intervalo. Ufa. Mas ainda tinha um tempo inteiro.

Muricy voltou do intervalo com Wellington no lugar do amarelado Denílson: corrigiu o time, evitou uma pressão igual à do primeiro tempo e melhorou a defesa. Entretanto, a Católica ainda dominava a partida no campo do adversário e o Tricolor não achava o contra-ataque ideal. As chances dos donos da casa foram aparecendo, e foi então que Rogério Ceni se destacou. Chute a queima roupa do meio da área, ele buscou. Espetacular. O melhor foi a expressão incrédula do chileno e o silêncio do estádio após a defesa. Outro no cantinho, também pegou. Cabeçada perigosa, o mito defendeu. Com tamanho esforço, o ataque também precisava colaborar. Em uma jogada de velocidade, puxada por Aloísio, o camisa 19 passou para Ademílson que, com um belo toque de cobertura, virou o jogo a favor do São Paulo. 3x2, uma mão na vaga.

A Universidad, bem mais desanimada, não esboçava uma grande reação - e precisava virar a partida. Até que, lá pelos 30 minutos, o juiz resolveu marcar pênalti de Douglas em Sosa numa disputa pela bola dentro da área. Sem titubear, Mirosevic tirou do Rogério e recolocou seu time na disputa. 3x3. E quem disse que outro gol tomado colocaria nosso goleiro para baixo? No ataque seguinte, bola forte, alta, certamente tinha endereço; e o mito pulou para espalmá-la. No escanteio, uma boa cabeçada de Castillo. Ceni a agarrou. Não adianta, ali não passaria mais nada.

Em compensação, do outro lado, cabia mais. Um ataque bem feito e nós mataríamos o jogo, uma vez que a defesa deles estava escancarada. Dito e feito. Ganso e Maicon armaram a jogada, tabelaram na frente da área até nosso camisa 8 deixar Welliton, que tinha acabado de entrar no lugar de Aloísio, livre para tocar na saída de Toselli. 4x3, agora sim: vitória e classificação confirmadas.

No final, Tomás Costa ainda acertou um tapa no Rodrigo Caio após uma dividida entre os dois. Corretamente expulso, o chileno provocou uma pequena confusão. Rodrigo, que levantou irritado, levou amarelo. E Ganso, que só tava ali no bolo conversando, foi expulso (provavelmente para compensar). Nada a lamentar muito, pois o resultado alcançado pelo Clube da Fé no Chile foi épico.

Notas? Sim, claro!

Rogério Ceni: Rogério Ceni
Um mito no Chile. Difícil ser o melhor do jogo tomando 3 gols, e ele fez. Mais que isso: fez uma das melhores atuações na carreira. Das que eu vi, a melhor. A final do Mundial de 2005, no qual ele foi eleito o melhor jogador, contra o Liverpool, com certeza será mais lembrada; foi mais importante, muito maior. Mas a de ontem à noite foi melhor. Contei pelo menos 8 defesas monumentais. Levem em consideração que Ele tem 40 anos, não precisa provar nada para mais ninguém. E segue sendo o mesmo, o goleiro, o capitão, o líder, o ídolo, o m1to. Nota 10 é pouco. 1000 é pouco. Rogério Ceni é perfeito.

Paulo Miranda: 4
Falhas grotescas nos dois primeiros gols e um dos culpados pelo péssimo jogo da defesa. Só serve para não deixar o Douglas jogar de vez em quando, logo, ontem foi inútil.

Rafael Tolói: 5
Melhor jogador contra o Bahia, ontem teve um primeiro tempo irreconhecível. Depois de certamente ouvir umas do Muricy no intervalo, melhorou um tanto. Mesmo assim, ruim.

Édson Silva: 4
Quando precisou apostar corrida com o Castillo, foi pífio. Agradeça à trave e ao Ceni. No jogo aéreo, se forte, até que foi razoavelmente bem.

Douglas: -8
Você falha na cobertura do primeiro gol, perde a bola no segundo e comete o pênalti do terceiro. Ruim na direita, pior ainda na esquerda.

Rodrigo Caio: 6,5
Mal jogando como volante, conseguiu se encontrar quando ficou só mais atento a proteger a defesa. Melhorou bastante junto com aquele setor na segunda etapa, mas bem abaixo da média. Ainda tem muito crédito.

Denílson: 3,5
Eu tento te defender, sei lá por quê. Ontem, outra partida ruim. Mais um cartão amarelo no primeiro tempo e ele foi rapidamente substituído por Wellington, que arrumou a casa ali atrás. Já merece o banco.

Maicon: 7
Mal na marcação, mas merece os elogios por salvar a bola em cima da linha, pela assistência e pela bela jogada com o Ganso no quarto gol. Incrível a sua crescente jogando com o Muricy.

Ganso: 8,5
Não precisou aparecer muito, contudo, quando apareceu, decidiu. Duas belas assistências do nosso maestro. Sobre a expulsão, tá perdoado; Jádson precisa mesmo de ritmo de jogo.

Ademílson: 7,5
Também pouco acionado durante o jogo, mas premiado com o gol. Golaço, aliás. Outro que vem em uma boa sequência.

Aloísio: 9,5
O time saiu perdendo, ele pediu a bola, girou e empatou. Levamos outro gol, ele tocou para Ganso, pediu de volta, recebeu, driblou o goleiro e empatou de novo. Puxou o contra-ataque e serviu o Ademílson no terceiro. E ainda deu lugar para Welliton, autor do 4º gol. Excelente partida do (não-sei-se-ainda-é) reserva de Luis Fabiano e que só não foi o melhor em campo por conta do nosso capitão.

Wellington: 8
Entrou e arrumou a defesa, lembrando o Wellington feliz que só ria de 2012. Deve ganhar a vaga de titular e mais oportunidades para mostrar o que ainda não mostrou em 2013. Torço muito para que consiga.

Welliton: 7
Vem se mostrando um ótimo reserva, entrando e deixando o dele. Ontem teve uma calma absurda para chutar debaixo das pernas do goleiro.

Lucas Evangelista: tanto faz
Entrou só pra fazer parte da festa. Boa, garoto.

Muricy: 8,5
Teve uma parcela de culpa pelo ruim primeiro tempo da equipe, mas conseguiu consertar acertando muito ao colocar Wellington no lugar de Denílson. Se você fizer nós nos escaparmos do rebaixamento e classificarmos para a Libertadores sendo bi da Sula, eu mesmo me encarrego de encomendar uma estátua sua para colocar no Morumbi. Ah, e esquece essa ideia de Douglas na esquerda, pelamor.

Universidad Católica
Deus estava com a gente nessa. Chupa, fregueses.

Alexandre Pato
"Hmm... último pênalti da série que decide a vaga na semifinal da Copa do Brasil. O goleiro é um dos maiores pegadores de penais da história. Acho que vou tomar pouca distância, correr devagar e cobrar fraco, de cavadinha, quase rasteiro, bem no meio."

Corinthians
DEFENDEU DIDA! CORINTHIANS É CAMPEÃO MUNDIAopa não, pera.

Agora o São Paulo espera a definição do confronto entre Atlético Nacional/COL x Bahia para saber seu próximo adversário na Sul-Americana. No fim de semana, o Tricolor joga sua terceira partida seguida fora de casa, contra o Inter, pelo Brasileirão. Espero que dessa vez esse time me faça sofrer um pouco menos.


Atualizado 24/10/2013 23h31: O Nacional venceu o Bahia nos pênaltis e encara o São Paulo nas quartas-de-final.
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Diogo Magri
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Autor: Diogo Magri

17 anos, são-paulino do interior. Tenho trauma de bola parada, de pênaltis e de elogios ao goleiro antes do fim do jogo. No C11, falo de futebol europeu. Na vida, tento sofr... digo, ser jornalista.
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