[Análise Tática] A evolução tática da Lusa de Guto Ferreira


Apesar de sua modesta campanha no Brasileirão, a Portuguesa vem mostrando um padrão tático muito interessante, voltado para os conceitos que se destacam no futebol atual e que grandes times e técnicos já nos mostraram. Proposta bastante moderna, com base em velocidade na transição e recomposição assídua sem a bola, aproximando os setores e lotando o meio-campo.


O 4-1-4-1 paulista destaca-se pela sua ótima aplicação quando é atacado, sempre com linhas muito compactas, próximas entre si e variação na altura dos blocos e nas formas de exercer pressão em cima do adversário. A Portuguesa pode iniciar o combate no campo do adversário, com a segunda linha de quatro quase ultrapassando a linha que divide o gramado, enquanto que Gilberto sai para o primeiro combate. Em outro caso, Souza e Diogo avançam pela faixa médio-extrema, buscando o alinhamento com Gilberto e combate na saída dos laterais rivais. Bruno Henrique e Moisés ficam mais recuados por dentro. Neste caso, formam-se dois triângulos, com o segundo mais aberto. A Lusa também pode executar a marcação em bloco médio/baixo, com quase todos seus jogadores postados atrás da linha da bola e o atacante Gilberto mais centralizado como opção para disputar com os zagueiros na ligação direta, se ocorrer a recuperação de bola com mais rapidez.

A marcação da Portuguesa encurta espaços, pressiona o setor da bola com a flutuação das linhas para o lado da pelota, inclusive com a migração do winger oposto para o setor, enquanto que o primeiro-volante Willian Arão fica sempre à frente da linha de defesa para dar o bote na entrada da área. Com essa flutuação ocorre o fechamento das linhas de passe e do lado oposto, o lateral fica atento ao jogador que se apresenta por ali, tentando gerar um equilíbrio horizontal. Porém, a Lusa também faz encaixes individuais por setor, com o confronto dobrado nos flancos, de modo que os wingers acompanham a subida dos laterais adversários, enquanto que Luis Ricardo e Bryan ficam atentos ao acompanhamento dos jogadores de beirada mais avançados do oponente. Quando uma jogada ocorre nas pontas, o lateral do setor sai para o combate e o do extremo oposto entra na grande área para marcar quem aparece por ali e realizar a cobertura por dentro. Quando a bola é retomada, tem a velocidade de Diogo como uma de suas armas letais para surpreender a defesa adversária.

Com a posse da pelota, o time paulista tem jogadas fortes pelos lados do campo. Diogo faz a diagonal pro centro, desenvolve jogadas de mais profundidade e tenta acionar a parede de Gilberto, enquanto que na esquerda, Souza busca o centro da cancha para articular e se aproximar dos volantes por dentro. Ambos também auxiliam nas jogadas mais abertas. Com as centralizações dos dois wingers, abrem-se corredores que são explorados para as ultrapassagens de Luis Ricardo e Bryan, laterais rápidos e verticais. Bruno Henrique e Moisés podem se apresentar nos flancos e formar sociedades triangulares com estes deslocamentos, criando linhas de passe e ajudando na criação de jogadas mais agudas por ali. Os dois também atacam bem pelo meio, participando ativamente da armação.

Willian Arão é o volante do primeiro passe e um dos componentes mais adiantados do médio triângulo recua na saída de bola para receber a “criança” e organizar a transição, carregando a mesma para segunda metade da cancha. As investidas do time por dentro e as aproximações dos jogadores entre si pelos canais centrais, são facilitadas pelo pivô de Gilberto, que apresenta um ótimo posicionamento central e verticalidade para fazer a proteção, de costas para os zagueiros, além de ter boa movimentação pelo ataque, presença de área e aparecimento para trocas de passes na faixa central.


Abraços;

Colaborou: João Elias Cruz
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Autor: Unknown

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