Nesta quarta-feira (3), encerra-se a Era Alexandre Kalil. Foram 6 anos de mandato. O primeiro não rendeu muitos frutos, mas o segundo foi totalmente diferente. Conquistamos títulos importantes, disputamos um Mundial de Clubes e, principalmente, recuperamos a nossa grandeza, perdida dos anos 90 para cá. Provamos para todo mundo, que o Clube Atlético Mineiro merece muito respeito. Por tudo isso, Kalil, muito obrigado.
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Alexandre Kalil será sucedido por Daniel Nepomuceno. (Foto: Facebook oficial do Galo) |
Linha do tempo
No início dos anos 80, o jovem Alexandre foi nomeado pelo pai e presidente do Galo na época, Elias, para dirigir a equipe de vôlei do Atlético. Considerado por muitos um playboy, ele montou um grande elenco que dominou o voleibol mineiro, mas em âmbito nacional não repetia os mesmos feitos.
Com a Fiat patrocinando o Minas Tênis Clube, o vôlei atleticano foi se enfraquecendo, até que encerrou suas atividades. Até hoje é considerado um dos precursores do voleibol mineiro.
Em 1999, foi eleito presidente do Conselho Deliberativo do Galo, sendo reeleito em 2004 e permanecendo até 2006.
No ano de 2008, lançou sua candidatura à presidência do Atlético, tendo Daniel Nepomuceno como vice. No dia 30 de outubro daquele ano, derrotou as chapas de Sérgio Bias Fortes e Itamar Vasconcelos e foi eleito, sucedendo Ziza Valadares, que havia renunciado em setembro.
Logo em 2009, montou uma boa equipe, liderada por Diego Tardelli e o campeão do mundo Ricardinho. O Galo liderou o Brasileirão por muitas rodadas, mas no fim, caiu vertiginosamente de produção e terminou a competição em sétimo lugar. Mesmo assim, ganhou o Troféu Guará de melhor dirigente do ano.
Em 2010, a expectativa era grande. Vanderlei Luxemburgo foi contratado e jogadores renomados como Diego Souza (craque do Brasileirão 2009) e Edison Méndez (craque da Libertadores 2008).
O pensamento atleticano era o seguinte: "Pô, com técnico de ponta e jogadores desse porte? O Brasileirão é nosso!"
Mas foi exatamente o contrário. Foi um ano horroroso, em que conquistamos apenas o Campeonato Mineiro e ficamos por muito tempo na zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro, chegando a ocupar a antepenúltima posição. O estopim foi num jogo contra o Fluminense, em que perdemos por 5-1 e Vanderlei foi finalmente demitido. Dorival Júnior chegou e salvou o Galo do rebaixamento.
Em 2011, foi reeleito após vencer os oposicionistas Fred Couto e Irmar Ferreira, podendo assim, administrar o Galo por mais três anos.
Dentro de campo, o ano, mais uma vez, não foi bom. Perdemos o Estadual para o Cruzeiro, e a campanha no Brasileirão foi semelhante a do ano anterior. Novamente brigamos para não cair e, dessa vez, Cuca foi o salvador da pátria. Porém, encerramos a temporada da pior maneira possível: perdemos de maneira traumática para o Cruzeiro, pelo placar de 6-1.
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O jogo que marcou a reviravolta na história do Galo: Cruzeiro 6-1 Atlético. |
Começamos 2012 com a ressaca de 2011. No primeiro jogo do ano, a torcida deu as costas para o time por alguns minutos, em sinal de protesto. Mas foi com ela que conquistamos o Campeonato Mineiro de forma invicta. Para o Brasileirão, contratações polêmicas como Jô e Ronaldinho Gaúcho. Mas o "time de renegados" chegou ao segundo lugar na competição e se classificou para a Libertadores após 13 anos fora da competição continental.
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Jogadores celebram a conquista inédita da Libertadores. |
Em 2013, Kalil conquista seu terceiro título estadual pelo Galo, mas faltava ganhar algo maior. Para isso, renovou o contrato de Ronaldinho e trouxe de volta o ídolo Tardelli. Na primeira fase da Libertadores, fizemos a melhor campanha, somando 15 pontos em 6 jogos. Nas oitavas-de-final, passamos com facilidade pelo São Paulo, e depois veio o sofrimento. Após vencer as batalhas contra Tijuana, Newell's Old Boys e, finalmente, Olímpia, o Galo se sagrou campeão da Copa Libertadores da América e, com isso, estávamos classificados para o Mundial de Clubes.
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Mundial de Clubes, de sonho dourado à pesadelo. |
O primeiro adversário foi o modesto Raja Casablanca. Na teoria, não nos ofereceria risco. Mas o que vimos foi o contrário: em 90 minutos, o Galo sucumbiu frente aos marroquinos, perdeu por 3-1 e foi eliminado nas semifinais da competição.
Restou disputar o terceiro lugar. Num jogo emocionante, batemos o Guanghzou Evergrande-CHI por 3-2 com um gol de Luan, nos acréscimos.
Após o Mundial, Cuca deixou o Galo rumo ao Shandong Luneng, também da China.
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Paulo Autuori foi o escolhido de Kalil para substituir Cuca no comando técnico do Galo. |
Ainda no Marrocos, o presidente do Galo anunciava a contratação de Paulo Autuori. Kalil se apegava no currículo do treinador para justificar sua contratação. "São duas Libertadores e um Mundial", afirmou o mandatário alvinegro.
Para o elenco, nada de contratações mirabolantes. Apenas reforços pontuais e desconhecidos como o volante Claudinei e o projeto de lateral-esquerdo, Emerson Conceição.
Paulo Autuori estragou a equipe e foi demitido. Levir Culpi foi chamado para salvar a temporada. Com o início conturbado, Levir conduziu a equipe para mais uma conquista internacional: a Recopa Sul-Americana.
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Alexandre Kalil deixa o Galo com um título nacional: a Copa do Brasil. |
Para coroar de vez o ótimo trabalho de Kalil, faltava um título nacional, que ele não conseguiu nos tempos que ainda trabalhava no vôlei do Atlético. E ele veio de maneira épica. Após duas históricas goleadas sobre Corinthians e Flamengo e duas vitórias sobre o arquirrival Cruzeiro, o Galo era campeão da Copa do Brasil.
E assim se encerra a Era Alexandre Kalil. Após muitos erros, os acertos vieram e, com eles, chegaram os títulos.
Obrigado, Kalil! Resgatou o nosso orgulho de ser atleticano. A massa nunca se esquecerá do seu trabalho maravilhoso e do seu jeito fanfarrão. Até breve!
E muita sorte para Daniel Nepomuceno!
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