Seleção Argentina no Brasil: Messi, polêmicas e alguns fantasmas

Messi chega como capitão argentino na Copa (Foto: Terra)

A Argentina de Alejandro Sabella chega a solo brasileiro tão favorita quanto polêmica. Com excesso de jogadores de frente em uma geração vitoriosa individualmente, os hermanos estão desde a última Copa, em 2010, tentando montar um time equilibrado. Não bastasse isso, a difícil relação do técnico Sabella com estrelas como Tevez e Pastore, ambos não convocados ao Mundial, colocam em dúvida a confiança de boa parte do povo argentino na Seleção e, principalmente, no trabalho do treinador. 

A verdade é que o povo argentino ainda não engoliu a compreensível não convocação de Carlitos Tevez, que fez uma temporada fantástica pela Juventus, algo que não acontecia há bastante tempo. Tevez, no início do ciclo, vivia no marasmo, encostado no City, e fez algo que Alejandro não perdoou. Convocado à Seleção, Tevez alegou estar lesionado. Até aí, tudo bem, nada incomum. O problema foi que Carlitos, três dias depois, entrou em campo pelos citizens. Depois do episódio, o nome de Tevez jamais esteve incluído em outra lista de selecionados, logo, a não presença do ex-jogador do Corinthians no Brasil é compreensível, mas não bem digerida pelos populares.


Banega, Caballero, Otamendi, Pastore e Tevez,  os fantasmas
da Argentina na Copa (Edição: Sérgio Ricardo Jr. / C11)

Entretanto, as reclamações e cornetadas na convocação final de Sabella não param em Carlitos. O goleiro Caballero, do Málaga, é apontado por muitos como mais um grande injustiçado. O regular goleiro de 32 anos não tem histórico na Seleção, algo que pode safar Sabella das críticas. A implicância com a não convocação do comum, porém regular Caballero, acontece muito pela não confiança dos amantes da Argentina em Sergio Romero, goleiro reserva no Mônaco, porém titular absoluto de Alejandro na Seleção. Romero sempre foi alvo de críticas, desde seu início de carreira, no Racing. Este blogueiro, inclusive, aponta Romero como ponto fraco dessa Argentina.

Diferente do que apontam muitos cronistas e torcedores papagaios - aqueles que apenas repetem o que todo mundo diz -, a equipe de Messi não tem um sistema defensivo ruim, pífio, etc. O problema que assolou o maior rival do Brasil durante anos começa, aos poucos, a ser solucionado. Existe uma diferença gigante de qualidade entre os atacantes e os defensores argentinos, mas isso não pode simplesmente ser encarado como: ataque bom, defesa ruim. É ser indutivo demais. Por causa da enraização do fantasma, criam-se outros, como o corte do defensor Otamendi da lista final. Otamendi, que estava sem espaço no Porto, veio por empréstimo ao Brasil defender o Atlético-MG na Libertadores e fez um bom papel, sendo considerado o melhor jogador do Atlético no primeiro semestre. Entretanto, nem mesmo as boas atuações de Otamendi foram capaz de segurá-lo na lista de Sabella, que preferiu incluir o limitado Demichelis, no "auge" dos seus 33 anos. Talvez tenha pesado, neste caso, a grife. Jogar no City, campeão inglês, foi suficiente.

Mascherano e Di Maria, destaques dos amistosos
(Edição: Sérgio Ricardo Jr / C11)

O setor de meio defensivo da Argentina conta com o incontestável Mascherano, apontado como melhor jogador da Seleção durante esses últimos amistosos antes da Copa. Mascherano, inclusive, marcou seu primeiro gol pela Argentina recentemente, e vem cheio de moral ao Brasil, mesmo tendo feito uma temporada fraca no decadente Barcelona. Ao lado de Javier, Gago e Di Maria

Gago, em má fase no Boca, é o grande responsável pela saída de bola da equipe e sofre críticas constantes. Sabella, no maior estilo Felipão - quanto mais reclamam, mais eu coloco pra jogar -, garante o jogador entre seus titulares. Não preciso falar muito sobre Di Maria, de longe o melhor jogador argentino da última temporada. Encontrou-se na função de terceiro homem de meio pela esquerda e promete ser protagonista no Brasil. 

Todavia, nem tudo são flores. Em mais uma polêmica, Sabella anunciou o corte do experiente volante Banega, algo que, segundo a imprensa, causou bastante surpresa aos principais jogadores argentinos, amigos pessoais de Banega. O clima, segundo os jornalistas que cobrem de perto a Seleção, ficou tenso. Porém, creio que isso já foi superado e não influenciará no rendimento hermano em solo tupiniquim. 

Messi, Aguero e Higuain, trio de ataque poderoso
 (Edição: Sérgio Ricardo Jr. / C11)

Os responsáveis por balançar as redes adversárias, na Argentina, são Messi, Aguero e Higuaín. Messi teve uma temporada longe da ideal, sofreu com lesões e mesmo assim conseguiu manter uma boa média de atuações de alto nível e gols. Aguero, campeão pelo City, teve temporada parecida. Lesões e partidas boas quando em campo podia estar. Higuaín é o único dos homens de frente titulares a vir de uma temporada completa e excelente. Após deixar o banco do Real Madrid rumo à Nápoles, Pipita foi decisivo para mais uma boa campanha do Napoli no cada vez mais enfraquecido Campeonato Italiano. Resta saber se Higuain manterá, no Brasil, a boa média de gols conquistada na Itália. 

O fantasma não convocado do meio ofensivo trata-se de Pastore, meia de ligação do PSG. Sabella não quis contar com o futebol do meia, que ainda não se encontrou em Paris, sendo totalmente irregular com a camisa do clube francês. 

No banco da Seleção, encontramos o excelente e sempre bem disposto Rodrigo Palacio, boa opção para situações adversas e jogos que necessitem de mais empenho tático. Lavezzi é um reserva de luxo.

Na realidade, essa Argentina não tem meio termo. Será sucesso ou fracasso total. A média de idade é alta, vários atletas do grupo já romperam a barreira dos 30 anos e, em caso de fracasso, podem estar disputando, no Brasil, sua última Copa na carreira. O que posso esperar é uma classificação tranquila na fase de grupos e uma imprevisibilidade no mata-mata. Não acreditem piamente quando dizem que a Argentina tem uma defesa fraca e por isso não passa confiança. A defesa conta com o excelente zagueiro Garay e o razoável F. Fernandez, além dos laterais Zabaleta e Rojo, que conseguem desempenhar de forma digna o papal cabível ao lateral moderno. Messi e cia. buscam equilíbrio tático e técnico no Brasil e precisam deixar as inúmeras polêmias de lado para irem longe no Mundial.


Jogos da Argentina

Argentina x Bósnia - 15/06 - Maracanã, Rio de Janeiro - 19h00 
Irã x Argentina - 21/06 - Mineirão, Minas Gerais - 13h00
Argentina x Nigéria - 25/06 - Beira-Rio, Rio Grande do Sul - 13h00

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Sérgio Ricardo Jr. é estudante de jornalismo na UFRN e responsável por acompanhar Irã e Argentina na Copa do Mundo 2014. 
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Autor: Sérgio Ricardo Jr.

Sérgio Ricardo Jr. é acadêmico em Jornalismo pela UFRN e colaborador do C11 desde 2014.
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